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— Eu juro que se você dizer para soltar a embreagem devagar mais uma vez, eu te ponho pra fora desse carro. — ameaço James apertando firme o volante de Lana.

— Até parece, estamos na minha Lana, boboca. Ande logo. — James põe seus pés sobre o painel comendo seu pacote de biscoitos de polvilho.

— Você não comeu na escola? Tipo, a dez minutos atrás? — o observo incrédula enquanto ele confirmava — Você tem um buraco na barriga, não é?

— Solte a embreagem devagar. — manda pela centésima vez me fazendo fuzilá-lo com os olhos.

Ficamos cerca de quase uma hora e meia dando voltas no estacionamento. James me explicou o deveria fazer quando desse a ré no carro ou quando estacionasse. Insisti que podia dirigir de volta para escola quando terminamos, mas ele simplesmente "não quer arriscar a tintura nova da sua filhinha".

Entramos no CS para comprar algo. Eu estava anciando para um hambúrguer e batatinhas fritas recheadas com cheddar, e James comia pela quarta vez só nessa tarde.

Uma música lenta do Ricky Nelson tocava no local trazendo uma sensação apaziguadora e agradável àquela tarde. Quem não conhece as tradições da cidade, não faz idéia do caos e agitação que estará esse mesmo lugar amanhã à noite com todas as luzes coloridas, o rock alto e as garçonetes vestidas de preto.

Os adolescentes que inventaram a caça aos horrores simplesmente miraram o Halloween e decidiram:

Vou fazer melhor.

Eu não sou muito ligada a eventos. Eu normalmente fico em casa assistindo a maratona de filmes de terror repetidos que o canal local sempre transmite. Mas esse ano será diferente. Eu tenho um grupo de amigos agora. E apesar de estar morrendo de medo das porcarias das lendas, nós vamos nos inscrever na Caça e vamos invadir uma casa abandonada.

Não sabia que ter uma vida social envolvia mexer com a paz dos fantasmas que estavam sossegados vagando pelos corredores das suas casas.

— Levamos alguma coisa para os outros? — James pergunta ao meu lado.
Ele mergulhava sua batata frita ainda mais no cheddar.

— Vou ligar para o Miles e perguntar. — pego meu celular mais rápido do que o normal.

— Não perde a oportunidade... — James murmura enquanto discava o número.
Consigo apenas ignorar seu sorriso atrevido para mim enquanto esperava ansiosamente ouvir a voz do outro lado da linha.

— O que eu falo? — penso alto.

— Não sei. — deu de ombros atento ao cardápio. Aposto uma batata frita que ele iria pedir mais alguma coisa...para ele, é claro.  — Uuuu rosquinhas!

— Gosta de rosquinhas? — tampo minha boca com a mão rapidamente.

James arregalou os olhos começando a rir alto, muito alto. Sorte a minha que não estava movimentado e os funcionários do CS já conheciam o espírito escandaloso que habitava em James nas piores ocasiões.

— Você não podia ser mais sutil? — ele diz em meio às risadas. Tenho certeza que Miles estava sorrindo também.

— O quê? Eu não quis dizer isso!

Bom, depende do tipo de rosquinha. —  rolo os olhos ao ouví-lo do outro lado da linha.

— Você também não ajuda, Miles! — explico. Eu estava envergonhada demais para me zangar com os dois. — Estava pensando em levar algumas pra comermos depois de jogo, mas não vou mais!

As Estrelas e Outras DrogasOnde histórias criam vida. Descubra agora