21. Não-encontro

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Descemos as escadarias da saída da escola indo até o seu carro.

— Uuuu, pensei que iríamos ter mais um passeio em um ônibus vazio ouvindo suas músicas Indie no fundo. — comento assim que entramos.

— Não seria nada mal, só que no carro é bem mais confortável. — conecta seu telefone com o painel de músicas.

Logo uma melodia rasgada da guitarra começa a tocar. É No buses de Arctic Monkeys. A música seguiu até que chegássemos ao famoso Cloud Stars. Uma hamburgueria retrô ao lado de um posto de gasolina no mesmo estilo. Um grande pátio o separada do estacionamento quase vazio, a maioria dos carros estavam no drive-in esperando que o filme dessa sexta começasse.

Já passava das cincos e as luzes quase néon fortes já coloriam todo o local. Assim que ele estacionou na vaga mais próxima ao estabelecimento, saímos do carro andando até o entrada. Me animei quando The secret da Celly Campello preenchia todo o local. É exatamante como me lembro. O longo balcão com bancos altos enfileirados, as luzes fortes e coloridas, as garçonetes de aventais vermelhos e penteados infantis, o piso liso como um tabuleiro de xadrez e o pequeno palco ao fundo.

Dessa vez havia mais pessoas conversando animadamente, outras cantarolando a música que tocava ou até mesmo rindo exageradamente alto.

É tão barulhento quanto a minha casa, pensei gostando cada vez mais daquele lugar.

— Parece o paraíso. — digo assim que nos sentamos na mesa das janelas de vidro. Bem ao longe víamos os carros estacionados em frente o grande outdoor em branco no alto.

— Tirou as palavras da minha boca. — Miles sorriu seguindo meu olhar para o drive-in — Quer assistir? Podemos fazer nossos pedidos e comer lá.

— Claro. — concordo escolhendo nossos pedidos. Escolhemos hambúrgueres grandes, batatas recheadas em queijo cheddar e milkshakes cheios de chantilly. Tento não pensar em como aquilo cada vez mais se assemelhava com meu desastrosos sonho na madrugada de hoje.

Eu não iria comentar isso com ele, nem em um milhão de anos.

— Lembra de mais alguma coisa daquela noite? — me pergunta descontraído.

— Quase tudo. — respondo relaxando meus ombros — Me lembro de quando pegamos o carro de James, um pouco do festival das cores, da minha queda no palco e na vergonha que passei no karaokê. — conto lembrando das cenas que se passavam rapidamante na minha cabeça — Ah, você me salvando de um castigo mais severo de toda minha existência quando me deixou em casa. — sorrimos juntos — Eu estava embreagada demais para agradecer, então, muito obrigada, Miles Blackburn.

— Estou ao seu dispor. — brinca rindo mais uma vez.

— Ah, eu lembro disso. — pego uma moeda a inserindo na caixa de som portátil em nossa mesa assim como em todas as outras mesas ali dando a oportunidade de cada um escolher uma música de cada vez. Coloco Across the universe dos Beatles, uma das mais de vinte opções da caixa.

Segundos depois, a música tocava por todo o lugar. Miles se surpreende com meu gesto e sorri lindamente para mim. Apenas nossos olhares sinceros foram o suficiente para deixar o momento ainda mais divertido.

Nossos pedidos chegaram em sacolas com o emblema do Cloud Stars bem na frente. Pagamos e voltamos para o carro estacionado em uma vaga ao fundo do drive-in. Alguns casais e grupos de amigos se espalhavam pelo gramado ao fundo em uma parte mais alta que os carros, outros deitaram sobre o capô ou apenas ficaram dentro do carro com mais privacidade. Subimos o capô deixando deixando nosso jantar entre nós dois.

— Sabe que filme vai passar? — pergunto curiosa saboreando as batatas com cheddar.

— Tente adivinhar. — sorriu divertido. — Anos 80. — Levo um tempo para escolher um possível filme dessa época.

As Estrelas e Outras DrogasOnde histórias criam vida. Descubra agora