As Estrelas e Outras Drogas

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— Por que diabos você matou aula o dia inteiro, Antonella? — me encolho no banco de trás ouvindo o sermão de minha mãe aumentar a cada minuto.

— Tive que lavar o carro do James. — respondo prevendo um enorme castigo.

O supervisor da escola me viu entrar e sair no intervalo escondido com Miles. Quando James me deixou em casa ontem, e os vi sentados no sofá sozinhos à minha espera, eu soube que estava com problemas. O coordenador os contactou para conversarem com o diretor hoje antes do começo das aulas, o que me fez ficar quieta o caminho todo até a escola suportando os gritos de minha mãe.

— Farabutto! — meu pai solta um palavrão ao buzinar para o carro à nossa frente em meio o engarrafamento.

Mona e Lorenzo tentavam não rir ao meu lado. Eles simplesmente amavam o fato de nossa família ser um bando de italianos barulhentos e de boca suja.

— Tinha que ser uma sem cazzo! — exclamou fazendo meu queixo cair da decadência de seu comentário.

— O que disse? — indago incrédula.

— Ih, vai começar. — Lorenzo resmunga massageando a testa com a mão.

Meu pai acabou de dizer que o motorista a nossa frente obviamente é uma sem 'culhões' por não saber dirigir.

Posso estar com medo de ter um longo e tedioso castigo pelo que fiz. Minhas família pode ser barulhenta e desbocada o quanto quiser, mas não aceitarei um comentário machista sem escrúpulos vindo do meu próprio pai.

— A 'sem cazzo' a sua frente é uma mulher, pai. — inclino meu corpo para os bancos da frente ficando entre os dois adultos — Sem uma mulher você não teria a comida deliciosa que sua esposa faz sempre que chega do trabalho, ou não teria internet para assistir seus estúpidos jogos de futebol todo domingo, ou o GPS deste carro e até o limpador de para-brisas a sua frente. Ou até o seu precioso filtro de café! É melhor você nunca mais dizer uma barbaridade dessas outra vez, se não quiser ser linchado por mulheres como a sua filha. — segundos depois, paramos em frente a escola. Me dando oportunidade para fugir de qualquer reação que ele teria.

Apesar de estar quase me cagando de medo, me sinto bem mais leve por tirar todo o peso que os comentários ofensivos de meus tios jogam em qualquer mulher desconhecida na rua. Pedi a conta de quantas vezes minha mãe tampou minha boca para evitar uma sórdida discussão com minha família. Isso vai de política até comentários marchistas.

Eu sou, sem sombra de dúvidas, a gloriosa ovelha negra da família.

— Me deixe adivinhar. — James aparece andando ao meu lado — Sem telefone, sem passeios na Lana...sem James. — confirmo acenando.

— E provavelemte uma detenção assim que conversarem com o diretor. — bufo abrindo meu armário.

Ele se encosta no armário ao lado pondo as mãos nos bolsos. James conhece perfeitamente meu incrível temperamento e sabe que isso afeta consequentemente minhas ações.

— Te vejo daqui uma semana? — arriscou em adivinhar mais uma vez.

— Três. — resmungo pondo algumas mechas atrás da orelha rapidamante voltando a organizar os livros — Isso tá uma zona. — reclamo empurrando bem os livros que ficariam guardado junto com minha capa de chuva e minha bolsa reserva fechando o armário rapidamente para que toda a tralha não caísse para fora.

— Puxa vida! Você é tão organizada. — zomba quando andamos em direção a sala de nossa primeira aula.

Assim que entramos, meu olhos procuram por Miles na tentativa de me desculpar por ter sido grosseira quando nos despedimos ontem. Porém só encontro Axl focado em seu HQ do Deadpool.