30: o feriado parte I

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Acordamos mais cedo do que eu esperava. Os garotos insistiram que deveríamos comer e ir direto ao centro da cidade. James conhecia uma loja de fantasias que ficam de graça especialmente no feriado, e só conseguiríamos as melhores fantasias se chegássemos antes dos lunáticos, dizendo eles.

— Talvez vocês sejam os lunáticos. — resmungo me cobrindo com o cobertor no meio da sala estar.

Mona ainda dormia no sofá coberta até o pescoço. Kyle também dormia, ao meu lado. Coro ao ver que está abraçando a minha cintura.

— Não fomos nós que dormimos no meio do telhado. — Axl zombou de boca cheia ao sair da cozinha.

Então eu lembro que fui acordado por James e Axl no telhado, os dois planejavam me levar carregado até o sótão, mas acabei acordando felizmente, ao som das risadas dos mesmos.

— Calem a boca...— Kyle resmunga apertando o abraço em minha cintura — Já basta os roncos da Mona. — Se aconchega mais perto. Sorrindo feito um idiota, levo minha mão até seu cabelo afundando meus dedos entre seus fios escudos e macios. Ela parece gostar já que percebo seus lábios sutilmente se curvando.

James de mansinho, pega a ponta da escova de cabelo que usava e aproximou do nariz de Mona que se mantia adormecida do sofá. Quando a ponta cutuca seu nariz, a mesma parece se agitar, mas ainda presa em seu sono pesado. James volta a cutucar, agora na sua bochecha, e logo, para seu queixo e boca. Todos – que estão acordado, é claro – os observavam em silêncio.

Nos assustamos quando Mona pegou o cabo da escova com os olhos ainda fechados, e jogou, em uma mira certeira, na direção de James onde o acertou no peito.

— Morre, James! — ela soltou ao ser perturbada do seu sono.

— Estressada. — murmura James, massageando o lugar onde havia sido atacado.

— O que está acontecendo? — Kyle, enfim, acorda.

Finjo não me importar quando se afasta de mim para se espreguiçar.

— Vocês são tão barulhentos. — esfrega os olhos sorrindo para mim assim que me vê — Bom dia.

— Bom dia. — retribuo, observando seus cachos frizados e volumosos caindo sobre seu rosto marcado pelo travesseiro. Não seria nada mal acordar assim todos os dias.

— Vamos, Miles! Precisamos ir direto pra loja! — James reclama já na cozinha com todos os outros. Foi aí que percebi que haviam nos deixado a sós.

— Estou indo. — respondo já me sentindo de mau humor.

— Encontro você no centro? — a garota sonolenta ao meu lado pergunta, ainda deitada ao meu lado enquanto eu já havia sentado.

— Às dez? — ela confirma contendo o sorriso. — Te vejo mais tarde, então. — e sem pensar, toco nossos lábios rapidamente. Tão rápido que quando percebi, olhávamos um para o outro paralisados. Ela sorrindo desacreditada no que havia feito, e eu, provavelmente, mais vermelho que o batom que a mesma costuma usar.

— T-tchau. - me levando rapidamente tentando, desajeitado, sair dali.

— Tchau. — sentia seu olhar sobre minhas costas enquanto quase corria para a cozinha.

Todos ali me olharam esperando por algo. Curiosos como gatos a espreita, eles acenavam com as cabeças me incentivando a falar.

— O quê? — solto nervoso.

— Beijou?

— Beijei.

Comemoraram batendo as mãos umas nas outras em total silêncio.

As Estrelas e Outras DrogasOnde histórias criam vida. Descubra agora