5. Can't let you go

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KYLE


— O que vou dizer à sua mãe? — Rolo os olhos percebendo Mona me seguir para a direção oposta à nossa casa, e logo atrás vem Lorenzo.

— Diga que saí com alguns amigos.

— Que amigos? Você não tem amigos! — exclama me fazendo parar e me virar em sua direção.

Lorenzo faz o mesmo surpreso com suas palavras.

— O quê? Estou mentindo?

— Errada ela não está. — Lorenzo, que até agora apenas nos seguia, diz no meio de nós duas.

— É verdade. — dou de ombros voltando a andar pela calçada, porém não é nem o fato dela ter dito isso, e sim, em como ela foi tão sincera ao dizê-las.

Tanto faz.

— Antonella! — James estaciona o carro ao meu lado.

Entro no Del Rey velho de um tom escuro de roxo. Me seguro para não discutir com ele por sempre gritar o meu sobrenome.

Mona vai rapidamente até a janela do carro irritada.

— Ah, que ótimo! — bufa ao vê-lo — Se eu dizer à sua mãe que você está com o idiota do James, aí que ela vai me matar!

James abre um sorriso ao encará-la parecendo não se importar com os xingamentos direcionados à ele.

— Metirosa! Pra sua família, eu sou o genro dos sonhos. — a provocou.

— Diga que eu fui à biblioteca estudar sozinha pois não tenho amigos o suficiente para ser convidada pra festas! — exclamo enfurecida, o carro se afastando da calçada.

— Não banque a criança, Kyle! Você é a mais velha, esqueceu? —  grita já longe.
Ignoro seus chiliques ao dobramos a esquina.

— A Mona ainda é afim de mim? — franzo a testa.

Eu o conhecia o bastante para saber o que ele estava pensando ao perguntar.

— O quê? Que nojo, James, ela é minha prima. — jogo minha bolsa e meu casaco no banco de trás.

— Sua prima que sempre foi louca por mim. — se defende sorrindo malicioso.

— Você deveria limpar esse carro. — resolvo mudar de assunto para evitar alguma briga, apesar de ser quase impossível com nós dois.

— Não fale assim da Lana.

Sim, o nome do carro é Lana por ser um Del Rey e ele amar fazer trocadilhos com palavras e as músicas da cantora.

— Mas eu deveria mesmo. Esse banco de couro atrai mais garotas do que eu imaginava.

— Está dizendo que...— olho para onde minha mochila e meu casaco estão jogados. Ele confirma com a cabeça expondo os dentes bem alinhados — Seu nojento! — o carro se enche de sua gargalhada exagerada seguida por seu grito animado.

James e eu passamos o tempo quase todo brigando e discordando por tudo.

Ele acha que sou a melhor pessoa para compartilhar (além de como é fã do Led Zeppelin) suas experiências sexuais com as garotas. Isso desde que nos conhecemos quando entramos no ensino médio.

Penso que como ele é o único que insiste em ser meu amigo, (e também o único motivo para meus pais não me levarem à um terapeuta por problemas sociais) suporto ouvir em como fulana de tal gostou de suas cantadas ou ciclana está louca para
repetir a noite.

É incrivelmente nojento.

— Olha se você for boazinha, compro aquelas rosquinhas que você ama. — o observo com interesse.

— O que quer me comprar com minhas rosquinhas favoritas, James? — me ajeito no banco reparando em seu sorriso.

— Uma festa! — rolo os olhos assim que as palavras chegam ao meu ouvido — Qual é, Antonella? É o nosso primeiro dia de aula.

— Exatamente por isso que é uma péssima idéia. — rebato.

Mas James iria conseguir me comprar de um jeito ou de outro, e será mais um ótimo motivo para não voltar para a minha casa barulhenta.

— Pra você. — com uma das mãos fora do volante, ele me entrega uma fita chamada "Para melhorar o humor da Nella"  Tem umas músicas iradas.

— Você é, com toda certeza, um velho de 54 anos. — introduzo-a no toca-fitas do carro — Não é mais um dos solos de guitarra do Led Zeppelin, é?

Desde que nos vimos pela primeira, James me faz ouvir Led Zeppelin e não cansa de comentar, sempre que ouvimos, como os solos de guitarra são surreais. É um CD repetido quando se trata de bandas dos anos 80.

— Só alguns. — deu de ombros — Você me conhece.

De repente começo a ouvir a melodia tocada por um órgão vinda do toca-fitas.

— Rainbow? — ele confirma cantando um trecho da música.

I don't wanna live a lie, but I don't wanna say, "goodbye"! — exclama no ritmo da música me animando a acompanhá-lo.

And IIIII can't let you go! Even though it's over. I just can't let you go. I know your love is growing colder!

E seguimos sem rumo pela rua, fugindo do resto do mundo.

Apesar de negar, eu amo alguns momentos com James, principalmente estes. É um ótimo jeito de terminar meu primeiro último dia de aula.

Mas nada teria dado certo se nosso último primeiro dia de aula tivesse terminado ouvindo Rainbow,
em Lana.

ATÉ BREVE, F.P.

As Estrelas e Outras DrogasOnde histórias criam vida. Descubra agora