As Estrelas e Outras Drogas

31: o feriado// parte II

— Então? — saio do banheiro experimentando meu vestido de babados mais apertado do que o esperado (Foto na multimídia).

O vestido é feito de um tecido escuro e fino que acompanha as curvas do meu corpo perfeitamente até meus joelhos onde é aberto nas laterais o deixando mais rodado até metade das minhas panturrilhas. As alças finas as vezes caem dos meus ombros, mas isso chega até ser um charme.

— Você está incrível! — Samantha esbanja um sorriso animado. — Agora...— vai até seu sabateiro e volta com um par de coturnos sem saltos de couro preto. — Isso vai ficar perfeito.

Franzo a testa ao avistá-los. Eu gostei deles, mas estava acostumada a usar meus tênis amarelo surrados.

— Vamos, Ky. — insiste ao me olhar hesitante — Vai ficar muito melhor do que esses tênis sujos.

— Eu gostei deles, mas sinto estou traindo meus bebês. — defendo agarrando meus tênis.

— Que tal usar outra coisa...— me entrega os contornos — enquanto esses lavam, que tal? — me toma os pares de mal star.

Acabo concordando. Os coturnos chamavam minha atenção, e estão mais limpos e brilhantes que os pobres mal star que já não chegavam a ser mais amarelos, pervebo.

Prendo meu cabelo cacheado em um coque deixando alguns cachos caírem naturalmente nas laterais do meu rosto junto com a franja que já precisava ser aparada.

Pinto meu lábios com um batom vinho escuro e contorno meus olhos com um delineado simples. Voilá!

Samantha bate palmas fingindo estar animada. Não porque ela não gostou do meu resultado final, mas por outra coisa, e tenho quase certeza que Axl estava no meio. Nos conhecíamos bem, eu sei quando algo de errado acontece, assim como ela sabe.

— O que o Axl fez? — me sento ao seu lado já impaciente e curiosa demais para ignorar.

— Acha mesmo que o Axl fez algo de errado? — ela sorri fracamente.

— Não, ele é um santo, apesar dos pesares. — dou de ombros — Mas sei que está fingindo animação por conta dele.

Ela suspirou. Não tinha como esconder nada de mim.

— Eu fiz algo errado. — revira os olhos — Você sabe que eu não quero que critiquem minha relação com o Axl. — soltou se jogando na cama irritada.

— Tarde demais pra isso, não acha? — ironizo — Falam de vocês desde o primeiro ano.

— Sim, mas nunca tiveram motivos pra confirmarem que estamos juntos já que nunca nos beijamos ou nos agarramos em público, nunca demonstramos isso.

— Você ainda tem medo de criticarem você se namorar com ele? Isso é coisa do fundamental, Sam!

— São os pais dele, tá legal? Eles me odeiam! É por isso que eu não "oficializo" nada. — fez aspas com as mãos.

— Não, não é nada disso. — me jogo na cama — Os pais dele odeiam os seus pais. É uma rivalidade antiga deles, vocês dois não tem nada a ver com isso.

— Como se eles fossem entender isso. — bufa — É sério, Ky. As vezes eu me controlo pra não gritar pra toda Greendale que eu vou me casar com ele e quem não gostar que se, se...— se controla para não completar a frase com raiva.

— Se...— sorrio insistindo para que falasse um belo palavrão.

— se fodam! — vociverou tampando a boca assustada. Samantha não costuma ter o meu tipo de palavreado, nem mesmo convivendo comigo por tanto tempo. Mas as vezes um desses ajuda a extravasar a raiva.