Capítulo 8

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Henrique

Eu não sabia por que cometi a loucura de dizer que Elisa era minha namorada. Eu poderia ter inventado qualquer outra desculpa ou simplesmente ter ficado calado e aguentado a presença de Amanda, mas não, algo dentro de mim quis se vingar pelo passado, e quando notei a raiva e a inveja nos olhos da mulher, senti uma satisfação inexplicável.

Quando estava conversando com o Rodolfo, o dono da rede de hotéis, ele me contou sobre sua noiva que trabalhava ao seu lado na administração, e quando percebi quem ela era, uma raiva descomunal tomou posse de mim.

Eu sempre fui focado nos estudos e era um dos melhores na faculdade, nunca namorei sério na vida até Amanda aparecer e roubar meu coração. Achei que ela me amava, apesar das suas exigências e chiliques. Eu fazia tudo que ela queria, era como um cachorrinho, no entanto, um dia ela terminou comigo sem me dar muitas explicações, apenas disse que eu não era o que ela desejava.

Não tive uma infância muito acolhedora, e isso me causou uma desconfiança nas pessoas muito grande. Dias depois que a loira acabou comigo, a vi com um ricaço playboy. Nunca desconfiei que ela tivesse me traído, porém, naquele momento não tive dúvidas.

Isso não servia de justificativa para os meus atos nos dias atuais, mas foi a raiva e o rancor da mulher que eu amava, dentre outras coisas, que me fizeram ficar dessa forma.

Prometi a mim mesmo que nunca mais deixaria uma mulher fazer o mesmo comigo novamente. Por isso não buscava amor verdadeiro, só um acordo conveniente para mim.

Achei que tinha superado depois de dez anos, entretanto, foi só a reencontrar para lembrar das suas palavras novamente e sentir o mesmo rancor de sempre.

Eu poderia ter escolhido qualquer outra mulher para interpretar esse papel, mas foi justamente Elisabete quem estava em minha frente, usando um vestido azul, lindo, justo ao corpo, e graciosamente jogando seus longos cabelos escuros para trás. Eu desejava me bater por estar bobo com a beleza da minha nova assistente, porém, era inevitável não notar o óbvio e sabia que o sorriso convencido de Amanda era porque desejava jogar na minha cara que estava maravilhosamente bem.

Desejava tirar a felicidade momentânea dela e dizer que eu também segui em frente, mesmo que isso fosse uma mentira.

Porém, eu havia entrado em um buraco fundo que não tinha mais volta. Mentir dizendo que Elisabete era minha namorada complicava ainda mais as coisas. Não éramos muito fã um do outro. Ela era petulante e cheia de si e eu era o que todos já sabiam: arrogante e exigente. O problema era que a loira de araque estaria monitorando esse projeto e faríamos várias reuniões durante esse período para decidir várias coisas e eu e Elisa teríamos que interpretar esse papel até que isso acabe e nunca mais ter que suportar Amanda.

Elisabete tinha razão em estar chateada e me questionando sobre muitas coisas, mas saber disso não diminuía a minha irritação com a mulher e suas perguntas. Estávamos de volta à estrada, seguindo para o escritório para analisar o que tínhamos sobre a área onde iríamos trabalhar, e a mulher não parava de falar por um segundo.

— Então como será? — Questionou-me sentada ao meu lado e olhando para fora. — Temos que ser um casal feliz enquanto sua ex estiver ao nosso lado?

Pensar que isso era só o início da minha tortura me dava dor de cabeça.

— Pelo visto você já sabe, então para que perguntar? — Resmunguei de mau-humor.

— Não se esqueça, querido chefe, você prometeu ser mais educado e não me tratar com a sua arrogância de sempre ou pode se dar mal. – Falou me provocando.

Apertei o volante com toda a força possível. Talvez a idade tenha diminuído o meu nível de paciência e o destino estava simplesmente me punindo por ser um idiota.

A MENTIRA DO CEO: Contrato com o chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora