Capítulo 36

7.4K 578 17
                                    

Henrique

Eu estava decidido a mudar de postura e deixar meus medos para trás. Querendo ou não, o idiota do Fábio me fez ver que se eu não mudasse, poderia perder a mulher que amo e não poderia deixar que isso acontecesse.

Passei tempo demais evitando me apaixonar e justo quando não era para acontecer, aconteceu. Elisabete foi uma bela surpresa, e mesmo ainda sentindo culpa pelo passado, não poderia deixa-la escapar.

Nunca senti o que sinto por ela, nem mesmo meu período com Amanda me fez querer tanto alguém.

Eu precisava me permitir a aproximar-me mais das pessoas, e isso incluía a irmã maluca e engraçada da minha namorada. Por incrível que pareça, realmente gostava da mulher tagarela.

Ao entrar no escritório com Elisa, sabia que essa fofoca chegaria à minha mãe e tinha que estar preparado para tudo. Já tinha me decidido que nada e nem ninguém mudaria essa situação, nem mesmo minha mãe.

Nunca fui tão distante dos negócios como estava sendo agora. O impressionante era que isso não me incomodava mais. O trabalho sempre foi o que me distraía da vida solitária e me sentia bem trabalhando e conseguindo meu prestígio nos negócios, porém, minha vida não podia se resumir a isso. Eu desejava algo mais e agora tinha isso.

Ela estava há poucos metros de mim e a todo o momento eu desejava sair daqui e ir até lá, no entanto, sabia que existiriam muito mais oportunidades para ficar a seu lado.

O início da manhã foi calmo, e sabia que isso não iria permanecer por muito tempo. Uma pessoa que exerce a função de chefe, nunca escapa de problemas repentinos.

Eu estava distraído quando Serena entrou na sala e sentou-se em cima da mesa. Estranhei essa sua atitude, pois ela nunca fizera e estava achando estranho. Sempre gostei de manter uma boa distância das pessoas, por isso sempre evitava abraços. Claro que essa regra não valia para Elisabete, pois quanto mais próxima a mim, melhor, mas meus amigos de longa data, sabiam desse meu desagrado. No entanto, estava curioso para saber o que a loira queria.

— A reunião com nossos investidores, está marcada para amanhã bem cedo. — Diz com um sorriso no rosto.

Ainda buscava explicação para tanta alegria e aproximação. Serena estava estranha e isso me deixava confuso.

— Ok. — Disse franzindo o cenho. — Mais alguma coisa.

— Queria convida-lo para almoçar comigo. — Disse bastante animada. Serena se aproximava ainda mais de mim e eu estava odiando essa invasão de espaço. — Henrique, eu gostaria de conversar com você.

— Podemos fazer isso agora. — Disse encostando-me à cadeira. — Porque está agindo tão estranho, e, por favor, sente-se na cadeira.

Ela não me obedeceu rapidamente, só me encarou por bastante tempo, e comecei a interpretar mal as suas ações.

— Por que é tão frio comigo? — Questionou-me finalmente levantando e afastando-se. — Não precisou de muito para gostar das investidas da assistente.

Fiquei surpreso com a sua ousadia, pois nunca acontecera antes.

— Desculpe, o que disse? — Perguntei cerrando os olhos.

— Você ainda não percebeu o que estou fazendo aqui? — Questionou-me como se fosse óbvio.

— Explique melhor. — Pedi.

— Henrique, sei que às vezes você parece não ter sentimentos, mas não está claro que quero algo a mais? — Essa me pegou desprevenido. Eu não sabia o que dizer ou o que achar da situação. Serena só podia estar louca. — Sei que somos amigos há anos, mas não quero continuar assim. — Continuou se aproximando novamente. — Você é o cara que gosto há anos, porém, nunca tive coragem de falar.

Tive que levantar-me do lugar para processar toda a informação. Eu sabia que o dia poderia trazer problemas, mas isso era algo que eu não esperava.

— Serena. — Disse o mais calmo possível. — Eu... posso... entender, no entanto, estaria mentindo se dissesse que sinto o mesmo, pois não sinto.

— Eu sei, você é um homem diferente e não gosta de sentimentalismo, por isso terminou tudo com aquela interesseira, entretanto, não me importo com as suas condições. Sabe que sou a ideal para você.

Tudo que eu imaginava sobre Serena caiu por terra. Ela era uma mulher linda e inteligente, porém, não poderia imaginar que fosse tão... não sei nem o que dizer sobre a mulher.

Alguns meses atrás, ela poderia ter minha atenção sobre isso, mas agora, depois que encontrei Elisabete, não era mais o que eu desejava.

Como alguém poderia querer uma vida ao lado de quem nunca a amaria?

Como essa pessoa seria feliz?

— Serena, nos conhecemos há anos e sei que era isso que eu desejava no passado. Ainda é difícil lidar com os sentimentos, no entanto, não me vejo casado com alguém que amaria pelos dois. — Disse tentando faze-la compreender. — Você é uma linda mulher, com uma carreira brilhante, pode achar alguém que a ame de verdade.

— Amor? — Ela me olhava como se eu fosse uma espécie estranha ou que estivesse falando alguma atrocidade. — Desde quando você fala essa palavra dessa forma, como se não fosse nada ruim.

— Desde quando aceitei que até eu posso amar. — Disse com um sorriso.

— Aquela vadia deixou a sua cabeça maluca. — Falou chateada e chocada. — Aliás, por que ainda não a demitiu?

— Não vou permitir que fale dessa forma com relação à Elisabete. — Disse mudando de expressão. Eu não permitiria que Serena usasse palavras tão chulas para se referir a minha namorada. – Estou tentando compreender e respeitar seus sentimentos, mas não permitirei isso.

— Você a ama!

Sua afirmação chocou mais ela do que a mim. Era maluco pensar que alguns meses atrás eu iria ficar irritado se alguém falasse tais coisas, mas agora isso só me fazia feliz.

— Serena, não quero perder sua amizade, no entanto, nada além do profissional acontecerá entre nós e espero que respeite a minha decisão e a minha namorada.

— Vocês dois reataram? — Perguntou chocada. — Como pude ser tão burra? — A loira parecia estar transtornada e isso me preocupava. — Quando decidi contratar aquela piranha, sabia que a odiaria.

— Espera, o quê?!

— Era óbvio que você não iria querer alguém como ela, sem experiência e que tinha uma boca tão suja. Sim, ela era bonita, mas eu pensava que você teria tanta raiva da vadia que não olharia para ela. — Sua revelação me chocou bastante e tive vontade de expulsa-la da minha sala. — Cometi um erro. Claramente ela estava de olho em outro cargo, o de sua amante.

— JÁ CHEGA! — Eu não costumava gritar com as pessoas, a não ser quando perdia a cabeça. Serena passou de todos os limites e não continuaria ouvido as suas barbaridades calado. — Você sairá da minha sala e dessa empresa. Não importa o quanto é boa nos recursos humanos, encontrarei outro que seja, mas não vou continuar com alguém que não respeita as minhas decisões, e pior, desrespeita um funcionário na minha frente.

— Você não pode fazer isso. — Disse chocada.

— Sou o dono dessa empresa, é claro que posso.


A MENTIRA DO CEO: Contrato com o chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora