Capítulo 14

12.4K 840 20
                                    

Elisabete

Eu não fazia ideia de por que surtei daquela forma, mas ouvi-lo dizer que tudo estava acabado, me bateu uma insegurança e medo irracional.

Ele iria fazer o que eu queria, era para ter aceitado, porém, esses sentimentos tomaram conta do meu ser e confundiram o meu cérebro.

Não sei como tive coragem de dizer "não", já que estava claro para nós dois que isso não daria certo.

A questão era que eu queria conhece-lo mais. Era loucura, já que sempre discutíamos, mesmo tendo concordado que isso não aconteceria mais.

Assim que cheguei em casa, um desejo incessante de querer me bater tomou o meu corpo e corri para o sofá onde Mariana estava para lhe contar tudo.

Ela ouviu a minha história sem falar nada. Eu estava desabafando, mas também me autocriticando por todas as merdas que fiz no dia. No fim, perguntei a ela a sua opinião.

— Você ainda quer se bater? — Ela perguntou e achei estranho.

— Sim, acredito que fiz...

Senti uma bofetada no meu rosto que ardeu um pouco. Olhei para a garota que era bem menor que eu, abrir um sorriso e no mesmo instante quis revidar.

— Você está manchando o nome Medeiros, Elisabete. Pelo amor de Deus, para de ser louca. – Falou ela levantando-se.

Ainda estava com a mão no local onde ela batera, mas pensava nas suas palavras.

— Por que você me bateu? — Questionei pensativa.

— Não era o que queria? — Questionou novamente abrindo um sorriso. – Na verdade, quero que abra seus olhos e veja claramente o que está fazendo.

— Precisava me bater? — Levantei-me com raiva e a segui até a cozinha.

— Claro. — Responde como se a resposta fosse óbvia. — Elisa, primeiro você diz que isso é uma loucura e que deseja matar seu chefe por ter te metido nisso, aí quando o delícia quer te liberar você surta como uma maluca. Pelo amor de Deus, você só o conhece há algumas semanas e já está apaixonada.

Fiquei chocada com as suas palavras. Minha irmã só poderia estar louca. Eu não gosto do senhor Vilella. Ele era o pior homem que já conheci, e olha que fui traída por Miguel.

Eu nunca me apaixonaria por um homem frio e arrogante como ele e se Mariana continuasse com essa baboseira, seria eu quem bateria nela.

— Não viaja, Mari, eu só não queria que as pessoas desconfiassem. — Falei passando por ela e abrindo a geladeira, procurando a água gelada.

— Ah é? — Ouvi seu questionamento, mas não me importei em virar para olha-la. — Então quer dizer que você odiou beija-lo, odiou seus sonhos furtivos e eróticos com seu chefe, e que o seu surto hoje não foi medo de deixa-lo livre para que outra tivesse a oportunidade de tê-lo para si.

Dei uma gargalhada alta e coloquei o copo em cima da mesa para que não caísse da minha mão. Eu não poderia acreditar no que essa pirralha estava falando.

— Olha, irmã, eu te apoiava quando sonhava com a vida das princesas da Disney, mas isso é pura alucinação. — Falei.

Deixei-a no lugar e saí para o quarto. Aos poucos, a alegria foi esvaindo e um medo irracional me consumiu quando várias coisas se passaram pela minha cabeça.

Eu estava com medo de que Henrique achasse outra pessoa?

— Não, isso é culpa da Mariana. Foi ela que colocou isso na minha cabeça. — Falei para mim mesma.

Meu celular vibrou na bolsa que ainda estava lotada com as coisas do meu dia e assim que o retirei de dentro, vi que era o meu chefe, que quase foi o motivo de uma discussão familiar.

"Espero que você não se atrase, senhorita Medeiros. Temos que pegar a estrada antes que o caos do trânsito nos impeça de chegar cedo em porto de galinhas. "

Revirei os olhos, porém, não pude impedir que minha boca se curvasse em um sorriso. Eu o odiava por me irritar e me fazer gostar disso, mesmo que um pouco. Não queria pensar na possibilidade de que eu poderia começar a gostar realmente dele, pois tudo isso era uma grande mentira.

Apesar de desejar ser, pelo menos, uma amiga no final dessa jornada, lá no fundo eu tinha que admitir que se Henrique não fosse tão odiável e que se eu não souber diferenciar as coisas, posso sair dessa mais ferrada do que imaginei.

"Não se preocupe, senhor Vilella, estarei pronta antes mesmo de chegar aqui. "

"Espero que esteja melhor, pois mais cedo achei que estava tendo um surto psicótico. "

Foi impossível não rir com ele. Quando queria, Henrique podia ser engraçado, o que me fez pensar se ele escondia a sua real personalidade por medo das pessoas. Claro que ele já falou sobre não se importar com isso, no entanto, até um homem como ele poderia ser afetado pelas coisas ruins que as pessoas falavam.

"Estava preocupado comigo? "

"Claro, você, aparentemente é minha namorada. As pessoas pensariam que fui eu a provocar a sua loucura. "

"Elas estariam certas. "

"Estou providenciando uma lista para você, amanhã. "

"Como assim? São exigências? "

"Não, senhorita Medeiros, é sobre mim. "

"Está criando uma lista sobre você? Essa é a sua tática para fugir de conversas? "

"Odeio falar sobre mim. Será melhor assim. "

"Acredito que será uma perda de tempo, e o senhor odeia perder tempo. "

"Porque diz isso? "

"Simples, eu gosto de fazer perguntas e ver a verdade no olhar da pessoa. "

"Bem, isso já é uma coisa que odeio em você. "

"O que mais odeio em você é que parece um robô, mas aqui estamos. "

"Boa noite, senhorita Medeiros. "

"Acredito que para ser mais verídico devemos usar o primeiro nome. "

"Boa noite, querida Elisabete. "

"Boa noite, Henrique, meu robozinho fofo. "

No fim, essa breve interação me fez ficar mais feliz. Acreditava que o homem não era sempre rude e isso era bom, já que não poderíamos viver sempre discutindo.

— Esse sorrisinho bobo é porque você o odeia também? — Olhei para a porta onde Mariana estava com uma cara pervertida.

— Me deixa em paz, Mariana. – Falei jogando o travesseiro nela.

— Diga ao meu cunhado que quero conhece-lo logo. — Gritou se esquivando e saindo.


A MENTIRA DO CEO: Contrato com o chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora