bônus de natal

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Elisabete

Não dava para acreditar que isso estava acontecendo. Não conseguia sair do pequeno banco de madeira em frente a linda penteadeira do quarto porque estava nervosa.

Já fiquei nervosa antes, como no dia do meu casamento com Henrique, quando recebemos a guarda do Lucas e depois, quando estava dando à luz a nossa filha, Estela.

Porém, parecia que meu coração estava entrando em modo turbo e minhas pernas estavam bambas. Talvez fosse pelo fato de que eu teria que discursar na frente de muitas pessoas, e poderia ter um tique na voz quando estava sob pressão.

Eu já imaginava todos rindo da minha cara quando não saísse palavras pela minha boca, justamente porque estava gaguejando.

O pior era que essa premiação caiu justamente na véspera de natal. Quem marca uma premiação na véspera de natal?

Todos estavam viajando para as suas casas e as famílias se preparavam para a ceia.

Eu estava a ponto de gritar e dizer a Henrique que eu não iria. Poderíamos dizer que peguei uma gripe horrível, ou pior, conjuntivite que era contagioso.

— Você ainda não está pronta? — Ele me questionou aparecendo no quarto.

Olhei para o meu marido pelo reflexo do espelho e vi o belo homem que vestia um smoking preto perfeito, que se ajustava ao seu corpo, me deixando encantada.

— Não sei se vai dar para ir. Não me sinto bem. — Falei levantando-me.

Ele sabia qual era o meu receio, já tínhamos conversado sobre isso antes.

— Elisabete, você não vai fugir disso. — Falou como se estivesse me dando uma bronca. — Lutou tanto por esse momento. Não pode deixar que seu medo de palco estrague a sua glória. Não quero ter que a lembrar de que passou por muita coisa até aqui. O chefe irritante, as noites em claro, até as brigas com seu marido gostosão porque estava trabalhando demais.

Foi impossível não rir. Henrique tinha bom humor quando queria e estava aprendendo a fazer piadas com as coisas.

— Do que adianta ir e não conseguir subir no palco. — Disse chateada. — Além do mais, é véspera de natal. Quem ganha um prêmio desses na véspera de natal?

— Está reclamando do presente que o papai Noel está de dando? — Questionou aproximando-se e me abraçando forte. — Não pode perder essa oportunidade. Você é talentosa, e merece tudo isso.

Henrique tinha razão, mas isso não diminuía a minha ansiedade e frustração.

As crianças estavam na casa dos pais dele, e sabia que minha mãe e pai, assim como Dom e Mariana também.

Era só ir, esperar me chamar e receber o prêmio. Depois devia falar o quanto estava feliz e sair. Repassei essas coisas na minha cabeça até chegarmos no local.

Era Natal e a cidade estava toda enfeitada com o tema. Às vezes eu gostaria de viver um natal como lá fora, mais especificamente na América do Norte. Tudo ficava frio e branquinho. As pessoas vestiam roupas lindas e aconchegantes. Adorava meu país e minha região. No entanto, não custa experimentar algo diferente.

O local era enorme e elegante. Muitas pessoas que estariam na festa eram importantes e profissionais da arquitetura e paisagismo.

Realmente estava feliz. Como Henrique disse, eu me dediquei. Não porque desejava esse prêmio, mas sim porque queria entregar um ótimo projeto. Esse era o meu reconhecimento e não poderia perder por causa de uma paranoia.

Entramos no grande espaço, que estava decorado com muita elegância e sentamos em nossos lugares. Minhas mãos estavam suando, era um dos efeitos da ansiedade.

A MENTIRA DO CEO: Contrato com o chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora