Henrique
Nunca imaginei que uma mulher iria me colocar contra a parede, mas Elisabete era diferente em vários sentidos. Assim que vi quem era o homem ao seu lado, confesso que quase surtei. Roberto me convenceu a não ir até eles e quebrar a cara do maldito.
Fábio Duarte e eu crescemos juntos e éramos amigos até a faculdade, no entanto, sempre fomos competitivos e com o tempo nossa relação foi se desgastando e nos tornamos rivais.
Eu sempre estava dois passos a sua frente e isso o irritava. Ele vinha querendo roubar os meus clientes já há muito tempo, mas se aproximar de Elisabete foi a pior coisa que ele já tinha feito.
O conhecendo bem, sabia que isso tinha um propósito, e faria de tudo para mantê-la longe do cafajeste que também era conhecido por embebedar as mulheres e leva-las para a cama.
Assim que o vi a agarrando na parte superior da boate, joguei tudo para o ar e caminhei em direção a eles, mas Elisabete foi mais rápida em se livrar do traste, me dando a oportunidade de tira-la do lugar sem ter que brigar com ninguém.
Porém, agora a mulher estava me provocando mais do que eu poderia suportar e teria que fazer algo para não a perdê-la de vez.
Foi impulsivo falar aquelas coisas, mas quando vi já era tarde. E não poderia mais retroceder, pois se conheço essa mulher, ela irá fazer exatamente o que estava dizendo.
— Ok, Elisabete, nós podemos conversar em outro lugar? — Disse desistindo de lutar contra. — Não quero abordar esse assunto aqui.
Eu não queria dizer o que ela queria ouvir. Os meus sentimentos ainda estavam confusos e não queria começar algo que pudesse estragar no futuro, mas no momento o medo de perdê-la definitivamente era muito maior.
Como deixei chegar a esse ponto?
Fiquei mais tranquilo quando Elisa aceitou sair para conversarmos longe daqui. Na verdade, eu desejava leva-la o mais longe possível desse homem.
***
Assim que entramos na minha casa, senti a real pressão que estava passando. Não era para nada disso ter acontecido. Eu não era alguém bom o bastante para ela, e não sabia o porquê da insistência dela se nessa última semana Elisa estava mais distante que nunca.
Também havia a dúvida do que aconteceria após falar tudo a ela.
— Então, espero que não pense que vai me fazer de boba. — Ela disse sentando-se no sofá e cruzando suas longas pernas lindas. — Posso ter bebido um pouco, porém, ainda tenho discernimento o suficiente para lembrar-me do que aconteceu.
— Da última vez você apagou. — Lembrei-a.
— Vá direto ao assunto, Henrique.
— Porque você está me torturando? — Questionei impaciente.
— Henrique Vilella, você me tirou de dentro de uma casa noturna, onde eu estava com um amigo e me falou coisas confusas. — Disse irritada. — Sabe como é difícil suportar essa sua maluquice?
— Acredito que passo pelo mesmo. — Murmurei.
— Por que falou aquelas coisas? — Elisabete levantou-se e ficou frente a frente comigo. Quando ela estava irritada, seu interrogatório parecia com a de um policial esperando que o culpado confessasse. — Você está me enlouquecendo. Em uma semana você termina tudo e some por dois dias, depois muda totalmente sendo o chefe exemplar e agora está agindo como um namorado enciumado. O que você quer, Henrique?
— Talvez eu esteja com ciúmes. — Confessei.
— Então me diz o que você quer!
— Eu quero você, Elisabete. — Já estava farto de tentar algo que eu sabia ser impossível. Não dava para me manter longe ou esconder meus sentimentos por ela. Minha garganta estava travada com esse sentimento e eu teria que falar ou explodiria. — Quero que tudo seja real. Quero beija-la sem desculpas esfarrapadas, quero ir além disso. Eu não posso mais mentir e isso está me matando.
Ela não disse nada, apenas me olhou com aqueles olhos escuros arregalados que me fez sentir medo assim que calei minha boca.
— Então... por que você não falou naquele dia? — Sussurrou.
— Porque não sirvo para você, Elisabete. — Disse tocando na pele macia do seu rosto. — Eu nunca conheci alguém tão boa e incrível quanto você. Seu sorriso e alegria me encantam e quando estou com você me sinto bem. Porém, como você mesma sabe, sou alguém irritante, arrogante e com certeza vou estragar tudo o que mais amo em você.
— Como pode saber?
— Porque eu já fiz isso antes. — Disse lembrando-me de Anna. — Minha irmã era como você. Éramos muito próximos, mas quando ela anunciou estar namorando um dos meus amigos, eu não reagi muito bem. — Eu não queria de jeito algum relembrar o passado, mas sempre que os meus sentimentos por Elisa vinham à tona, eles traziam junto a culpa pelo acidente da minha irmã. — Ela tinha 19 anos e eu a protegia de tudo. Marcos era bem mais velho que eu, tínhamos nos conhecido na faculdade, porém, não sabia que os dois podiam se apaixonar.
— Vocês brigaram?
— Não só brigamos como também nos afastamos de vez. — Ainda fico envergonhado de lembrar-me das tolices que cometi por ser tão imaturo. — Nossa família sempre teve que escolher quem convidaria, pois eu não queria estar onde eles estavam. Você não sabe o quanto me arrependo de tudo isso. Eu era um idiota, ainda sou, e devido à minha imaturidade perdi minha irmã.
— Você não é culpado pela morte dela, Henrique, sua irmã morreu em um acidente de carro. — Falou tentando me fazer sentir melhor.
— Era para estarmos todos reunidos naquele dia. — essa era a parte que mais me doía. Mas eu já tinha começado a falar e não poderia acabar tudo sem terminar. — Era véspera de ano novo e minha mãe me convidou para passarmos juntos. Eu não queria saber onde Anna e Marcos estavam, só me importava em estar longe deles. Deixei que essa bobagem levasse a minha irmã para uma viagem sem volta, e quando amanheceu recebemos a notícia que o carro onde eles estavam sofrera um acidente. — Tive que me afastar e sair para a varanda. Poderia ter se passado dez anos, mas vinha sentindo essa dor incessante desde então. Era difícil aceitar o fato. Sim, eu fui responsável por isso e deveria continuar sofrendo pela perda dela. — Ninguém sabe dos detalhes fora a minha família e Roberto. Passei todo esse tempo me martirizando por isso e talvez seja justo continuar desse jeito, já que impedi que minha irmã estivesse aqui.
— Não fale isso. — Disse Elisa ficando em minha frente. Seus olhos estavam marejados e isso também era minha culpa. — Você cometeu um erro ao brigar com a sua irmã por esse motivo, mas não foi culpa sua ela ter morrido.
— Ela poderia estar viva se não fosse por mim. — Disse com raiva de mim mesmo.
— Talvez sim, mas não muda o fato de que você não tem culpa pelo acidente. — Insistiu. — Mesmo estando bravo, você não queria que nada de ruim a acontecesse. Henrique, não pode sofrer devido à culpa. Não pode deixar de viver, de ser quem você é por um erro do passado.
— Você não vê? Estou constantemente estragando as coisas. Acredito que isso já esteja comigo. Por isso não quero que você também seja atingida por essa coisa que eu tenho.
Ela impediu que eu me afastasse, agarrando-me e beijando a minha boca.
Eu acabara de falar coisas que nunca pensei em dizer para mais ninguém, e agora toda a tempestade que se formou dentro de mim foi acalmada por um simples beijo.
Eu não queria esquecer-me das coisas que me faziam ser desse jeito, pois era isso que me protegia de passar pelas mesmas coisas, no entanto, tudo era novo e diferente quando se referia a Elisabete Medeiros.
— Acredito que não tenha mais volta, Henrique. — Disse assim que nossos rostos se afastaram. — Eu já sou apaixonada por você.
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A MENTIRA DO CEO: Contrato com o chefe
RomanceSinopse Uma mulher traída. Um chefe arrogante. Uma mentira perigosa. Você já se imaginou em um dia dos infernos? Eu tive um dia assim. Primeiro, me adiantei e cheguei no trabalho duas horas mais cedo, fui demitida e quando cheguei em casa, descobr...