Capítulo 12

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Elisabete

Eu queria me bater por ter passado tempo demais pensando no beijo que dei no meu chefe ontem à noite. Depois que botei a cabeça no travesseiro, tudo passou novamente pela minha mente, alguns suspiros e sorrisos bobos abandonaram a minha boca.

Nunca imaginei que o melhor beijo que já dei na vida seria com alguém que me fazia tanta raiva, mas tenho que confessar que nos últimos dias, Henrique estava sendo menos irritante.

A forma como ele me defendeu ontem foi surpreendente, e isso lhe deu alguns pontos positivos. Não que eu apoie a violência, porém, Miguel procurou sarna para se coçar quando praticamente me chamou de vadia.

Eu não fazia ideia de como ele descobriu sobre mim e o delicia do meu chefe, e hoje eu tentaria descobrir.

Assim que levantei, fiz um café bem forte e comi algumas torradas. Mariana abriu um sorriso que ia de orelha a orelha quando passou por mim na cozinha e sentou-se à mesa.

— Como foi sua noite? — Perguntou parecendo desconfiar de algo. — Você chegou tarde.

— Dormi bem, obrigada. — Falei servindo o café.

— Não estou falando de quando chegou em casa, sua sem noção, quero saber como foi com o chefe gostosão?

Olhei para minha irmã com olhos arregalados após ouvir as suas palavras ousadas.

— Mais respeito, Mariana, sou uma mulher responsável, além disso, você sabe que essa história é uma farsa.

Tentei ser convincente, mas só de lembrar do beijo minha mente ficava atordoada com as sensações.

— Aquele beijo me pareceu bem real, irmãzinha. — Disse ela tirando sarro da minha cara.

Fiquei pasma com a notícia que ela também sabia do beijo.

— Como você...

— Eu estava na internet pesquisando algumas coisas quando uma amiga me mandou um link de um site de fofoca e quando entrei, irmã, quase morri. — Falou ela pegando o pão. Eu só podia ouvir e ficar ainda mais chocada. — Primeiro, vocês estavam lindos juntos. Aquele homem, meu deus, que tudo. Depois apareceu outra foto de vocês dois se pegando no meio do noivado. — Corri para pegar o meu celular e verificar a veracidade dos fatos que ela estava me contando. — Sério, penso que foi muito convincente.

— Deixa de ser doida, eu só fiz aquilo para ajudá-lo. — Disse vasculhando todos os sites de fofoca da cidade. — Além do mais, nem foi tão bom. Era para provocar a ex dele.

— É, eu vi, tinha uma foto onde ela estava com cara de bunda.

Quando enfim achei, amaldiçoei Henrique por ele ser tão conhecido e por ter me colocado nessa situação. A matéria dizia que eu era a nova namorada dele, e que roubei o coração de gelo do mais gato empresário do momento.

— Que falta de sorte. — Reclamei derrotada.

— Mulher, você está reclamando de barriga cheia. — Disse minha irmã batendo na minha cabeça. — O homem é lindo, gostoso e rico, o que mais você quer?

— Tenho que lembra-la de que Henrique Vilella é meu chefe, arrogante e idiota, e ainda por cima, tudo isso é uma mentira? – Questionei levantando-me da cadeira, bem furiosa. — Isso pode me arruinar.

— Olha, todos agora sabem que vocês estão juntos, se eu fosse você aproveitava e se jogava nos braços musculosos e naquele tanquinho delícia.

Olhei para a cara de Mariana que exibia um sorriso safado, querendo estrangula-la. Como minha irmã pode sugerir uma coisa dessas?

— Vou me arrumar para trabalhar, porque MEU CHEFE odeia atrasos. — Falei saindo chateada.

Eu era aquele tipo de pessoa que pensava no problema até dar dor de cabeça. Imaginei tudo. As pessoas no escritório, Henrique, os conhecidos. Todos iriam falar e fofocar sobre isso.

Aposto que a essa hora o meu chefe estava bufando de raiva por causa dessa mentira que ele mesmo inventou.

Saí de casa tentando respirar fundo para encarar a todos. Quando passei pela portaria, eu ainda estava distraída, mas uma buzina soou não muito longe mim.

Olhei para o carro conversível parado na rua e me assustei em ver Henrique com seus óculos escuros, que o deixava irresistível, à minha espera.

— Não temos o dia todo, senhorita Medeiros. — Ele disse, mas não como de costume, ele soou gentil.

— Você veio aqui porque está chateado com o que fiz? — Perguntei cautelosa.

— Por favor, entre, Elisabete. — Pediu novamente muito calmo.

Entrei no veículo ainda achando estranho a sua aparição tão cedo e a sua educação a essa hora da manhã. Olhei para ele como se o homem fosse um espécime muito raro e estranho.

— Pare de me olhar desse jeito. — Falou ele com um sorriso no rosto.

— Você está estanho. — Falei assustada.

— Você é que está estranha. — Disse ainda mais sorridente.

— Ok, Henrique, diga-me, por que veio me buscar? Por que não está furioso pelo que estão dizendo na internet? — Perguntei quase alterada demais.

— Não posso ficar irritado com você, não se lembra do que pediu, querida?

Querida!

Bati de leve no seu ombro e ele reclamou, me olhando estranho.

— Fale logo. — Exigi.

— Não estou chateado, sua louca, eu não tenho problemas com os rumores que rolam na internet, se eles não me prejudicam. — Falou de uma só vez.

— Ah é claro, porque foda-se se isso me afetar. — Falei irritada.

— Foi você que me beijou, esqueceu?

— Eu estava fazendo...

— Uma boa ação, é, eu ouvi da primeira vez. — Falou irritado.

Não sei o porquê, mas gosto quando estamos brigando. Era como se as energias gastas me aliviasse.

— Desculpa, é que isso me pegou de surpresa, e sou bem paranoica quanto ao que as outras pessoas vão falar. — Confessei, me sentido derrotada.

— Você não tem que se preocupar com o que as pessoas irão falar ou não. — Disse voltando a ficar calmo. — Sempre haverá fofoca e boatos, a questão é como você lidará com isso.

— E como você faz, ignora?

— Não, às vezes uso ao meu favor. — Falou ao estacionar em frente ao prédio alto e lindo.

Senti meu coração na garganta e comecei a suar frio.

— Penso que não tenho o mesmo sangue-frio. — Falei baixo.

— Não se preocupe, estarei ao seu lado. — Disse pegando na minha mão e a beijando, como fez ontem.


A MENTIRA DO CEO: Contrato com o chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora