fourteen

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AURORA
hours later.

Olho para a janela assim que o Philippe estaciona o carro, e me surpreendo ao ver a Maria e Ainê saírem da casa, ambas muito bem arrumadas.

— Ah, eu esqueci de te falar. — Philippe chama a minha atenção. — Eu chamei a Ainê para ir também.

— Sem problemas. — Dou um sorriso sem muita empolgação e saio do carro, sendo recebida pelo abraço da Maria. — Ei, minha linda!

— Oi, tia Aulola. — Pego a pequena no colo e ela dá um beijo na minha bochecha. — Não sabia que você ia com a gente.

— Seu pai deve ter esquecido de falar. — Falo e a coloco no chão, recebendo um olhar feio da Ainê, me fazendo encara-lá confusa.

— Vamos? — Coutinho pergunta e eu faço que sim, mas antes que eu conseguisse entrar no banco do passageiro, Ainê fala:

— Vai com a Maria atrás, Aurora. — Me seguro para não revirar os olhos e apenas assinto, entrando no banco traseiro com a Maria.

[...]

Entediante e desconfortável. São as palavras que mais definem esse almoço.

Após eu ficar quase 30 minutos escutando a Ainê relembrando momentos de quando eles namoravam, eu decidi vir brincar no parquinho com a Maria.

— Mais alto, tia! — Maria pede e eu empurro o balanço com um pouco mais de força, e ela dá um gritinho, me fazendo rir.

Olho de soslaio para a mesa onde os dois estão, e vejo o Philippe gargalhar e depois abraçar ela, fazendo meu coração apertar.

— TIA! — Maria grita, me tirando de transe e eu olho para ela, que já estava fora do balanço e me encara com os braços cruzados. — Você tá com cimes?

Cimes?

— Sim, aquela coisa de quando você gosta de alguém e quando você vê ela com outra, o seu coração fica dodói.

— Ciúmes? — Ela solta um "Isso", me fazendo rir fraco. — E porque você acha isso?

— Você ficou olhando o papai e a mamãe e seu olho ficou tiste. — Nego com a cabeça e me ajoelho na frente dela.

— A titia só lembrou de coisas e por coincidência, tava olhando pros dois. — Ela afirma com a cabeça e sai correndo em direção a uma casinha de bonecas.

Ciúmes? Nunca.

Sigo a Maria até a casinha de bonecas e começo a brincar com ela, até escutar a voz do Philippe.

— A comida chegou! — A Maria me olha com os olhos brilhando e solta as bonequinhas e corre em direção a mesa, me fazendo rir.

Guardo as peças do brinquedo que tínhamos espalhados e caminho até a mesa, me sentando ao lado da Maria.

— O dia que eu descobri que estava grávida, você disse que me amava tantas vezes que eu fiquei com birra dessa palavra. — Ainê fala e eu disfarço uma careta.

— Mas, era a mais pura verdade. — Ele diz e eu coço a garganta, me virando para a Maria.

— O que você quer comer? — Pergunto pegando um prato e servindo tudo que a mesma pedia, enquanto os dois conversam animados e nem parecem notar a minha presença, o que me deixa incomodada.

Tiro o meu celular do bolso e abro na câmera, direcionando a mesma para a Maria, que faz o sinal de paz e sorri.

— Aurora, precisamos conversar sobre essa quantidade de fotos que você está postando da minha filha. — Ainê chama a minha atenção e eu a encaro, sem entender.

Desde a primeira foto que eu postei da Maria, fiz questão de perguntar o Philippe se havia algum problema e o mesmo falou que não.

— Não quero a imagem da minha filha circulando por aí, ainda mais quando eu sei quais são as suas intenções com as fotos dela. — Meu queixo cai com a sua fala e eu olho para o Philippe, que permanecia calado ao lado dela. — Essas fotos devem te render um bom dinheiro, não?!

— Ainê... — Philippe começa, mas eu o interrompo.

— Você tá insinuando que eu estou vendendo fotos da Maria? — Ela faz que sim e eu dou uma risada. — E o que te faz pensar isso?

— Você tem uma profissão de merda, que não deve ganhar mais de mil euros por mês e deve tirar um lucro a mais com as fotos da minha filha. — Fala. — Psicóloga? Fala sério!

— A minha profissão e quanto eu ganho de salário não é a da sua conta, e caso você queria saber, eu pedi autorização do Philippe para... quer saber? Vai tomar no meio do seu cu.

Pego a minha bolsa e dou um beijo na cabeça da Maria, saindo do restaurante em seguida.

•••

AURORA; philippe coutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora