Chegou o dia, o dia em que Felipe será julgado. Alguns dias atrás acumularam provas suficientes e apreenderam-o, fazendo o possível para que o julgamento acontecesse rapidamente.
Eu não consigo explicar o que estou sentindo, é um misto de alívio e medo. Estou sentada no grande puff que tem no centro do closet, olhando para um ponto fixo no chão apenas de sutiã com minha camisa na mão.
— Amor? — Ouço a voz de Babi, saio do meu transe e a olho, ela está apenas de toalha por ter acabado de sair do banho. — Você não precisa ir se não estiver se sentindo bem com isso, posso ficar aqui com você.
— Tá tudo bem, eu só... É um pouco difícil. Eu deveria estar feliz, não é?
— É um assunto delicado. — Senta-se ao meu lado e segura meu rosto delicadamente. — Relaxe, não precisa se forçar a sentir algo que não está sendo espontâneo.
Aceno que tudo bem e ela deposita um beijo em meus lábios. Em poucos minutos estamos prontas, ambas vestidas um pouco mais formalmente. Vamos ao carro de Babi e o caminho é silencioso, não estou muito afim de conversas e ela entende isso. Chegamos e encontramos Gabriel, entramos na sala do tribunal e sentamos esperando dar o momento.
O juiz chega e todos levantam, logo ele concede a permissão e todos sentam-se novamente. Há apenas o advogado da Loud, o advogado de defesa, nós três, alguns guardas e reconheço a mãe de Felipe no banco mais distante de mim. O juiz fala algumas coisas que não presto atenção e logo Felipe entra no local acompanhado de dois guardas.
Seus olhos cravam nos meus, não consigo desviar, meu coração erra uma batida e minha garganta fecha. Ele ainda consegue ter efeito sobre mim, lágrimas ameaçam cair dos meus olhos mas não as permito. Sinto a mão de Bárbara alcançar a minha e um pouco da tensão vai embora. O réu senta-se numa cadeira ficando de costas para nós.
O juiz dá início à sessão, os advogados fazem o seu trabalho e logo depois uma mulher de cabelos negros é chamada e senta-se numa cadeira mais abaixo do juiz, uma testemunha. O advogado encarregado da acusação começa a fazer uma série de perguntas à jovem mulher, a mesma responde detalhadamente. Fico apreensiva com sua história, sinto como se eu estivesse vivendo tudo o que ela viveu, sinto como se estivesse de volta àquele dia. Preciso respirar.
Saio da sala sem falar nada e chego ao corredor. Encosto-me na parede e um peso cai sobre mim, as palavras daquela garota pesaram, lágrimas saem dos meus olhos sem que eu as permita. Percebo alguém chegar ao meu lado e ficar em silêncio, o perfume de Bárbara se faz presente mas não tenho vontade de olhá-la. Após segundos, sinto seus braços me rodearem passando um sentimento de segurança, com isso desabo.
— Quer falar sobre isso? — Pergunta depois de alguns minutos, afasta-se minimamente.
— Não, tô bem... Não sei, foi um pouco pesado.
— Ainda quer voltar pra lá?
— Quero ver ele se fodendo.
Ela dá um sorrisinho, segura minha mão e voltamos à audiência. Após alguns minutos de grande tensão, declaram-o culpado. Sinto como se todo o mundo estivesse saindo das minhas costas, como se agora eu pudesse respirar de verdade, agora eu posso realmente viver livre dessa carga. Hoje a minha noite de sono será mais leve. Meu amigo e namorada me abraçam comemorando tamanho alívio.
Os mesmos guardas de antes voltam e preparam-se para levar o criminoso para o seu novo lugar. Acompanho todos os movimentos e antes de eles irem, Felipe me olha, pode ser coisa da minha cabeça mas ele parecia estar pedindo perdão, vi seus olhos brilharem. Espero que pense nas consequências antes de fazer qualquer coisa, não sinto compaixão por ele.
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Summer Love - Babitan
Fanfiction[concluída] A vida é doida e o mundo é pequeno. Um fantasma do meu passado retorna ao meu presente, se foi ao acaso ou não, eu não sei. Mas continuo o amando mesmo sem perceber. ⚠️Conteúdo +18