Acordo com a minha cabeça latejando, como se estivesse de ressaca, mas tenho certeza de que não ingeri nenhum tipo de bebida alcoólica. Minha boca está seca e o seu interior é amargo. Me mexo na cama ainda sem abrir os olhos e tateio o colchão atrás do meu marido.
- Lorenzo? – o chamo quando percebo que ele não está na cama. Sem acreditar na possibilidade de ele não ter dormido no nosso quarto essa noite.
- Como está se sentindo? – sua voz firme e rouca soa pelo ambiente e me inclino lentamente, me sentando no colchão.
- Onde você esteve? – pergunto confusa e olho em seus olhos. Lorenzo está sentado na poltrona do quarto vestindo apenas uma calça de tecido fino. Seu semblante é cético, quase endurecido e o quarto cheira a cigarros.
- Eu perguntei como se sente. – ele repete, seus olhos fixados nos meus de uma forma que chega a me constranger.
- Bem... eu... eu não me lembro muito bem. – gaguejo confusa, tentando ligar os pontos da noite passada na minha mente.
- Como isso chegou até aqui? – Lorenzo ergue um pano branco em sua mão direita e só então eu lembro... a fralda destinada a Luca.
Tento conter o pânico que quer se instalar no meu sistema e me levanto da cama. É Lorenzo quem me deve satisfação, não eu.
- Você pode me dizer o que isso significa? – pergunto a ele enfurecida quando tomo o tecido da sua mão. – E o que Francesco quer com o meu filho!?
- Nosso filho. – Lorenzo me corrige.
Me sento na beirada da cama e encaro o pano delicado em minhas mãos. Passo o dedo indicador pelo nome do meu filho e vejo uma lágrima grossa pingar na fralda que eu seguro.
- O que ele quer com o nosso filho, Lorenzo? – ergo meus olhos e encaro o meu marido, mas ele desvia o olhar do meu.
- Eu não sei, Emma. – ele se levanta e começa a caminhar de um lado para o outro. Sua mandíbula está travada e suas mãos castigam os fios do seu cabelo. Lorenzo está transtornado, eu o conheço. – Quem te ligou na praia? – ele finalmente me olha, seu olhar me acusando.
- Alonso Garcia. – falo em um fio de voz. – Eu atendi porque achei que era você. – me defendo quando vejo sua expressão de incredulidade. – Não vi quem era antes de atender. Achei que era você porque estava tentando falar contigo durante o dia todo!
- Eu acabei esquecendo o celular na recepção com a Mia. – ele confessa em um tom de voz mais baixo. Talvez envergonhado.
- Mia, claro. – que pertinente, completo mentalmente.
- Um hóspede acusou o hotel de roubo e eu precisei ir pessoalmente resolver a situação. – ele se defende e eu assinto. Volto a olhar o tecido em minhas mãos e uma descarga de lembranças vem a minha mente. Reparo que a maioria das vezes que Francesco e Alonso se aproximaram de mim, Lorenzo não estava por perto.
- Você já reparou que você nunca está por perto? – pergunto calmamente a ele. Lorenzo para de andar pelo quarto e me encara. – Em NY, na loja de bebês, na loja de noivas, na casa em Messina, hoje na praia... você não estava comigo quando todas essas coisas aconteceram.
Os olhos dele divagam de um lado para o outro. Ele parece estar pensando, talvez juntando os pontos ou puxando na memória. Demora alguns minutos para ele erguer seu olhar e voltar a me encarar.
- Vamos voltar para casa. – ele anuncia e, sem me dar a chance de contestar, vai para o banheiro.
Deixo a fralda sobre a cama e me levanto, indo atrás dele.
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Nos teus braços - Livro 2.
RomanceEmma não consegue retomar sua vida normal quando deixa a Sicília e volta pra Nova York. Tudo que ela queria era se dedicar a sua revista e ao seu trabalho, mas além de conviver com o medo diário, pois a máfia ainda a persegue, ela tem que lidar com...