Capítulo 48

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Fui acordada por um calor infernal. Parece que meu corpo está em chamas.

Abro os meus olhos com receio, pois eu me lembro vagamente do que aconteceu antes que eu apagasse.

Francesco me sequestrou depois da consulta com o Dr. Andrea, justamente no dia em que o meu médico disse que meu filho poderia nascer a qualquer momento.

Me sento na cama e acaricio o meu ventre. Luca está agitado, provavelmente porque eu estou com muita fome.

Ajeito o meu cabelo passando a mão por eles e os jogando para trás.

- Está tudo bem, angelo. O papai está vindo nos buscar. – sussurro inclinando o meu rosto na direção da minha barriga. Luca parece me entender, ele faz uma estripulia que chega a machucar as minhas costelas. Sorrio feito uma boba para o meu filho, mesmo ele não podendo me ver.

Tiro o lençol de cima das minhas pernas e me forço a sair da cama.

Reparo que eu estou com uma camisola longa e branca de seda, com detalhes em uma renda delicada e bem trabalhada. Me constranjo só em pensar que Francesco possa ter tocado no meu corpo enquanto eu estava inconsciente.

Caminho até uma grande vidraça que tem no quarto, ela tem portas e mais portas que se sobrepõe quando abre e a sua moldura e em um tom escuro demais contrasta com a cortina branca. A porta dá para uma sacada e quando me aproximo mais a paisagem do lado de fora quase me faz engasgar. Estamos em uma encosta, eu diria em cima de um penhasco, é alto, muito alto e na frente da sacada do quarto só a imensidão do oceano.

Cruzo os braços na frente do peito e suspiro, preocupada. Não estamos na vila como da última vez, tenho quase certeza disso. A vila não fica tão alto assim. Francesco não estava brincando quando disse que me tiraria da Sicília. Será que ainda estamos na Itália?

Ele me sedou ao entrar no helicóptero, agora eu vejo que foi de propósito. Francesco não queria que eu visse para onde estávamos indo. Se pelo menos eu me lembrasse de quanto tempo a viagem durou, eu teria uma noção se ainda estamos na Itália ou não.

Acaricio minha barriga de 9 meses quando percebo uma cólica persistente e incômoda. Não é dolorosa, mas me preocupa.

- Luca, por favor, se comporta. – sussurro para ele ao abaixar meu rosto. – Temos que esperar o papai, filho.

Não quero me desesperar ou perder a esperança de que Lorenzo me achará muito em breve, mas a iminência do parto me faz pensar em coisas terríveis se ele ou a polícia não me acharem até lá. Não sei do que Francesco será capaz de fazer assim que Luca nascer. A única certeza que tenho é que ele irá tirar meu filho de mim. O que me apavora é o que ele fará comigo depois do parto, tenho certeza de que ele me matará assim que Luca nascer para ficar com o meu bambino sem impedimento nenhum. Outra certeza que tenho é que a morte do Lorenzo também está nos seus planos.

Balanço minha cabeça tentando espantar esses pensamentos fúnebres e giro o meu corpo. Quando olho para dentro do quarto, eu finalmente reparo no cômodo onde Francesco me acomodou. Tão clinicamente branco que parece um ambiente estéril.

Paredes brancas, piso branco, cortinas brancas, tapete branco... tudo é branco.

O ambiente é tão claro e arejado que parece refletir a claridade do sol que entra pela janela.

O quarto tem uma cama enorme bem no centro, com uma mesinha de cabeceira de cada lado dela. Duas luminárias rústicas adornam a lateral da cama, penduradas na parede. Do lado da cama tem um sofá de couro branco e acima dele um conjunto de quadro com figuras geométricas, todos eles em tons off White.

Nos teus braços - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora