- Lorenzo narrando:
Famiglia.
Essa é a palavra que saiu da boca da Anna, assim, despretensiosamente, e que me acertou como um soco no estômago. Capaz de fazer todo o sangue do meu corpo circular tão rápido que meu coração diminuiu dentro do peito.
A culpa não é dela, Anna não faz a menor ideia do que essa palavra significa para mim. Ninguém na mesa sabe, exceto Mattia.
Eu já estava nervoso com as perguntas e questionamento da minha futura sogra a minutos atrás na cozinha, enquanto eu colocava a Lasagna no forno e ela pegava as bebidas. Diane despejou uma enxurrada de perguntas sobre mim e em mim, me senti em um interrogatório, daqueles que estou acostumado a fazer com os suspeitos na delegacia. Onde os caras suam de pavor e suas mãos tremem de agonia.
Eu respondi a todos os seus questionamentos... desde como eu e a sua filha nos conhecemos a se eu pretendo me casar com ela. A garanti que vamos fazer isso o quanto antes. Não porque precisamos nos casar por causa do bebê, mas porque eu não posso imaginar minha vida sem a Emma. A necessidade que eu tenho dela é quase palpável. Emma consegue fazer com que eu deixe o meu melhor transparecer, coisa que há muitos anos não acontecia.
O toque suave e carinhoso da Emma na minha mão por cima da mesa me despertou do transe que a Anna provocou ao mencionar aquela maldita palavra. Me afastei dela porque senti repulsa, principalmente por eu não ter contado a ela essa parte sombria do meu passado.
Primeiro porque eu sinto vergonha e raiva de mim por ter me deslumbrado tanto com a famiglia a ponto de participar de toda aquela merda e segundo porque desconfio que a reação da Emma não vai ser uma das melhores e eu não posso arriscar perdê-la de novo. Não agora que vamos ter um filho.
Ouço as vozes animadas cruzarem a mesa durante o almoço e os talheres tilintando na louça, mas não consigo focar em nada e nem ninguém. Meu olhar está fixo em algum ponto da mesa enquanto a voz da Anna ainda ecoa na minha mente. Consigo perceber o nome do Andrew sendo citado e do meu filho, Luca.
Os olhos da Emma estão sobre mim, eu sei. Sinto o seu questionamento e sua mágoa queimarem a minha pele, por isso, não tenho coragem de dirigir o meu olhar para ela.
Como posso explicar a ela que a perseguição de Francesco não tem nada a ver com o último dia do ano passado? Como Emma poderia entender que se colocou em perigo assim que pôs suas mãos em mim? A partir do momento que Francesco percebeu o quanto Emma tinha significado para mim, ela virou o seu alvo e ele faz isso apenas para me atingir. Me punir. Assim como a cosa nostra fez com os meus pais. Eles não sossegarão até eu voltar e eu nunca voltarei, eles terão que me matar antes que isso aconteça.
Mas agora eu não estou mais sozinho. Eu tenho Emma... e Luca. O pensamento de que eles possam fazer mal a Laura grávida ou ao meu filho, que quando nascer será um ser completamente frágil e indefeso embrulha o meu estômago.
Quando as pessoas começam a se levantar da mesa, reparo que Reese e Emma recolhem a louça usada enquanto conversam animadas.
Eu me levanto em silêncio e começo a ajudá-las.
Nós levamos tudo para a pia e quando elas começam a organizar a louça para lavar, eu peço que parem, pois amanhã é segunda e Nicoleta estará em casa. Não quero que Emma tenha trabalho e Nicoleta já está acostumada a lidar com a bagunça da casa.
Reese deixa a cozinha dizendo que ia buscar a travessa maior e é nesse momento que Emma se aproxima de mim, com olhos questionadores e uma feição aborrecida.
- O que está acontecendo? – ela me questiona com a testa vincada e a voz dela me indica que está magoada.
- Nada, Emma. – respondo tentando parecer indiferente.
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Nos teus braços - Livro 2.
Roman d'amourEmma não consegue retomar sua vida normal quando deixa a Sicília e volta pra Nova York. Tudo que ela queria era se dedicar a sua revista e ao seu trabalho, mas além de conviver com o medo diário, pois a máfia ainda a persegue, ela tem que lidar com...