Bônus

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A neve caía lentamente e não haviam muitas pessoas na rua. Todos estavam reunidos com suas famílias, comemorando a véspera de Natal. Tyler estava na cozinha observando enquanto Josh cozinhava. Vez ou outra, um fazia uma piada aleatória e ambos caíam na risada. Estavam enfim, felizes. Exatamente como haviam sonhado um dia. Depois de tanto tempo distantes um do outro, finalmente puderam estar juntos.

As crianças preferiram passar o feriado com a mãe, então eram apenas Tyler e Josh dessa vez. Não que eles não gostassem disso. Mas desde que chegaram, os gêmeos mudaram o ar daquela casa de forma absurda. Agora, sempre que não estavam, era como se faltasse algo. Sem mencionar que todos os dias havia pelo menos uma hora em que os quarto brincavam juntos na sala. Aqueles momentos faziam Tyler sentir que tinha uma família.

Josh fora mais cedo até a casa da avó de Max, ajudar em algumas coisas. Tyler preferiu não ir, pois vez ou outra se sentia culpado pela morte do rapaz. De qualquer forma, fez questão de mandar presentes à todos por lá.

O jantar estava pronto, e a mesa posta. A ceia era pequena, mas estava maravilhosa. Tyler puxou Josh pela mão, o levando até a sala, mais especificamente na janela onde sempre costumava estar. Ele soltou a mão de Josh e se apoiou na janela, sorrindo assim que fora abraçado pelo namorado. Sim, estavam vivendo juntos, mas ainda não tinham se casado. Joshua apoiou a cabeça no ombro dele, vendo o céu nublado.

— O que você vê, Josh? Digo, quando olha pra lá, o que vê?

Josh fez uma cara séria, pensando.

— Eu vejo muitas nuvens. Uma nevasca, acho... Tô errado?

Tyler gargalhou baixinho, encostando a cabeça em Josh.

— Não! Você tá certo... Mas além, muito mais acima, você sabe que estão lá. As estrelas estão lá. Você não pode vê-las agora, mas sabe que estão. Exatamente como...

— Como as pessoas que se foram. Como sua mãe, e Max, e a senhora Barns da rua de trás...

Tyler se virou, encarando o homem à sua frente. Teve um pequeno vislumbre da época em que eram jovens, onde Josh tinha os cabelos coloridos e aquele boné virado. E agora ele era um homem. Mas o coração se manteve o mesmo. No final, algumas coisas nunca vão mudar.

— Isso... Todos eles. Vamos nos encontrar um dia, você sabe. Não sei o que vem depois da morte, e não acho que seja a hora de descobrir. Mas de alguma forma eu sei que vamos nos ver de novo.

— Sente saudades, não é?

— Mais do que eu poderia mencionar. Sabe quando você tem muito à dizer, mas simplesmente não consegue?

— Como quando eu tento me declarar pra você? Sei exatamente...

Josh deu uma mordida carinhosa no pescoço de Tyler, arrancando do mesmo uma gargalhada.

— É diferente, bobão... Mas você sabe do que eu estou falando. E quanto à se declarar pra mim, você pode tentar mais vezes, eu não me importo nem um pouquinho. Acho bem válido...

Josh o interrompeu com um beijo intenso e apaixonado. A sensação de estar flutuando, como se o tempo tivesse parado, e só houvesse os dois no mundo era nítida. O beijo se seguiu até que ambos perderam o fôlego. Tyler o olhava enquanto mantinha um sorriso bobo no rosto. Na cozinha, o forno apitou, indicando que o assado estava pronto.

— Eu já volto, Ty... Me espera?

Tyler assentiu, vendo o amado saindo da sala. Se virou novamente para fora, vendo as casas enfeitadas, bonecos de neve nos gramados, que também eram só neve agora. E então fitou o céu. Fechou os olhos por um instante, sorrindo. Tyler teve a sensação de poder enfrentar qualquer coisa, pois finalmente estava se sentindo completo. E tudo o que ele podia fazer era agradecer e confiar. Ficariam bem, ele tinha certeza. Afinal, alguém olhava por eles.

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