STAY

Capítulo XXX

Sexta-feira, 16 de Abril de 2005

Zack estava na cozinha com a mãe olhando pela janela, enquanto esperavam que seu pai voltasse para casa. Os relâmpagos anunciavam que uma tempestade se aproximava, em todos os sentidos aplicáveis naquela situação.

Tyler dormia depois de longas horas chorando. Seu irmão conseguiu o acalmar, e logo depois adormeceu. Era o ideal. Ele era novo demais para entender o que estava prestes a acontecer.

- Filho, você não precisa ir. Seu pai pode se virar sozinho. Ele já provou que não precisa de nenhum de nós, Zack. Eu não posso deixar que você faça isso.

- Todas as noites é a mesma coisa. Ele chega, te humilha, te agride... E no final tudo fica bem. Acredite, mãe. Isso não é por ele. É por vocês. Eu vou, pra garantir que ele não vai mais incomodar vocês dois. Confia em mim, eu sei o que tô fazendo.

- Eu não vou permitir, filho. De jeito nenhum. E como fica seu irmão? Ele não vai entender nada! Fica com a gente, por favor...

Zack estava decidido. As malas já estavam prontas, e cada segundo de espera parecia uma eternidade. De repente, a porta de entrada se abriu. O pai dos meninos entrou, já jogando os sapatos em qualquer canto, enquanto afrouxava a gravata. O cheiro forte de álcool se espalhava pela casa. Ele se sentou numa cadeira, ignorando totalmente as malas no chão.

- Você é mesmo uma grande idiota... Nem sequer fez o jantar. Que merda de esposa é você?

A mãe dos garotos continuou olhando a janela, sem coragem para encará-lo.

- Nós vamos embora, pai. - a voz de Zack ameaçava falhar, mas ele precisa se manter firme. - Já chega de problemas por aqui.

- Que ótimo, eu acho bom que vocês sumam daqui logo. Essa mulher me dá nojo.

Ele sorriu de um jeito cruel, sabendo que aquilo afetava diretamente o psicológico de sua "esposa".

- Não, pai. Somos nós dois. Eu e você. Acabou, vamos embora.

Zack o puxou pela mão, coisa que talvez tivesse sido melhor não fazer. Seu pai desferiu um soco em sua direção, o fazendo se bater com a parede e cair por cima das malas. O homem que antes sorria com ares de deboche, agora era apenas ódio. Ele foi em direção à mãe de Tyler, mas antes que pudesse agredi-la, Zack o puxou novamente.

– É melhor a gente sair agora, pai. Os vizinhos podem chamar a polícia! Você tá gritando feito um louco... Mas acabou...

Zack segurava o choro com todas as forças, tentando fazer seu pai sair. Sua mãe fez menção de intervir, mas ele apenas sinalizou para que ela subisse. Depois de muito insistir, seu pai desistiu, o fazendo carregar as malas, saindo para o que seriam os piores anos de sua vida. O homem apenas deixava uma promessa, de que voltaria e os faria pagar por aquilo.

No quarto de Tyler, sua mãe chorava baixinho, vendo da janela o filho mais velho indo embora. A culpa pesaria por longos anos, aumentando mais e mais, dia após dia. Tyler olhava por uma pequena fresta do cobertor, que ele puxou todo para cima de si quando a gritaria começou.

Sua mãe se aproximou dele, segurando sua mão. Respirou fundo e forçou dolorosamente um sorriso.

– Somos nós dois, filho. E nada mais vai te machucar de novo, enquanto eu estiver aqui.

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Uma promessa que ela tinha cumprido. O protegeu de tudo, até o último dia de sua vida. Tyler não tinha ideia do que tinha acontecido na época. Eram memórias assustadoras, borrões em sua mente bagunçada, que não faziam sentido nenhum. Mas agora ele sabia. E seu irmão estava ali, cansado, mas ainda ali.

Ele secou uma pequena lágrima, se levantando rapidamente. Se aproximou de Zack e o puxou para um abraço forte, daqueles que restauram qualquer rachadura, por mais antiga que fosse. Um abraço aguardado com urgência, e que finalmente se fazia real.

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Desculpem a demora, capítulo curtinho. Eu formatei meu celular e acabei ficando uns dias meio sacudido. Mas tamo aí, e não vamo parar não! Amo vocês
Stay Alive💥💛