STAY

Capítulo VIII

Tyler

Acordo atrasado para a escola, me arrumando depressa. Mal penteio o cabelo, desço e mastigo rapidamente um pedaço de bolo, saindo de casa em seguida. Sigo pelo caminho a pé, andando em passos largos tentando não me atrasar mais. A culpa do meu atraso se dava graças a Josh. Ficamos conversando por mensagem durante quase a noite toda. Só fui dormir logo que minha mãe acordou, pegando no sono ouvindo ela se preparando pro trabalho. As últimas duas semanas tinham sido ótimas. Fui super bem nas provas do colégio, nosso projeto seguia perfeitamente, e meu lance com o garoto do boné estava cada vez mais interessante. De certa forma, eu tinha medo que isso fosse longe demais, e eu acabasse me dando mal no fim.

Entro no colégio, indo direito para a biblioteca. Tínhamos combinado de nos encontrar ali para podermos decidir mais alguns detalhes do projeto. Ainda faltavam alguns meses para a entrega, mas eu preferia que deixássemos tudo pronto. Imprevistos acontecem, principalmente quando se é alguém como eu. O azar tinha se instalado em mim como um parasita, e eu simplesmente não me livrava disso de forma alguma.

Procuro por ele, até que o vejo num canto, sentado digitando algo no celular. Ouço o meu celular e ele olha em minha direção, sorrindo.

– Achei que não viria, Ty. Porque o atraso?

– Desculpa, mamãe.- sorri, me sentando ao seu lado- Um certo alguém me fez ficar até tarde acordado, e eu acabei perdendo a hora.

Josh olhou em volta, conferindo se não havia ninguém à vista, me beijando em seguida

– Josh! As câmeras, poxa... Conversamos sobre isso!

– D-Desculpa... Eu não resisti. - ele coçou a cabeça, se afastando um pouco.

– Certo... Eu trouxe algumas anotações pra você dar uma olhada. Você pode ler quando tiver um tempo, e me diz o que achou.
Josh me olhou, com um sorriso que eu não consegui identificar a razão. A maior parte do tempo eu não o entendia. As vezes ele parecia bravo, mas agia de forma contrária do nada. E vice versa. Isso me deixava louco, mas parte de mim adorava toda essa coisa.

– Gosto do jeito que você se esforça pra me explicar as coisas. É fofo.

– Não é não! Eu não vou dizer mais nada, então. - o encarei, forçando uma expressão séria, que logo se desfez.

– Gosto disso também. Você tenta segurar o sorriso, mas por alguma razão não consegue. É o efeito-Dun, né?

Ele riu alto e eu dei uma cotovelada nele, devagar.

– Convencido...

Ficamos por mais alguns minutos ali, falando sobre coisas aleatórias até ouvir o sinal, nos indicando que as aulas enfim começariam.

*Mais tarde...*

Voltei pra casa no ônibus escolar. Ao chegar, notei algumas ligações perdidas no meu celular. Imaginei que não fosse importante, afinal, não ligaram mais do que duas vezes. Subo pro meu quarto, jogando a mochila na cama. As aulas de física tinham me deixado uma pilha de nervos. Cálculos que ocupavam uma folha toda do caderno, alunos gritando e meu pensamento disperso me fizeram quase surtar. Fico na cama por algum tempo, até que o meu celular toca novamente. O mesmo número de antes.

– Alô?

– Tyler? - uma mulher falava tranquilamente do outro lado.

– S-Sim? Quem é? O que aconteceu?

– Bem... Poderia comparecer ao hospital?

– Hospital? Espera... O que tá acontecendo? - me levanto, indo pro andar de baixo.

– É sobre sua mãe. Precisamos que assine uns papéis e...

Apenas confirmo que estou indo, desligando em seguida. Minha mente é inundada por pensamentos. O que diabos tinha acontecido com minha mãe? Até então ela parecia bem! Alguns incômodos às vezes, era tudo o que ela reclamava. Mas isso vinha acontecendo a anos... Foi aí que eu pensei. Anos... É tempo demais.

Segui a pé para o hospital, afinal não tinha dinheiro pra pagar um táxi ou mesmo tomar um ônibus. Ao chegar, paro em frente, com as mãos trêmulas. Entro, indo até a recepção.

– Sou Tyler Joseph, me ligaram daqui tem um tempinho. Sabe me dizer o que aconteceu?

A moça dirigiu um olhar de pena a mim.

– Você precisa assinar alguns papéis.

Pego algumas folhas, lendo meio por cima. Internação. Eu sabia o que eram as folhas. Só não entendia o motivo. A recepcionista chamou um dos médicos, e ele rapidamente veio até mim.

– Você é o Tyler, certo?

Ele me cumprimentou com um aperto de mão.

– Cadê minha mãe? O que ela tem, doutor?

– Bom... Eu não vou mentir. O estado dela é grave. O câncer avançou muito rápido e...

– Câncer? Do que você tá falando? Deve haver algum engano. Minha mãe não tem câncer!

Ele me olhou, com uma expressão confusa. Percebi no exato momento, que minha mãe não tinha me contado absolutamente nada sobre isso. Ele me explicou o que era. Minha mãe tinha câncer no pulmão e no estômago. Ela nunca havia mencionado nada. "Não se preocupa, eu estou bem, filho". Era o que ela sempre dizia. E eu sempre bombardeando minha mãe com meus problemas. Me sentia destruído. Eu não queria perder a única pessoa que eu tinha.

EU NÃO PODIA PERDER MINHA MÃE.

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Bom, eu tô me sentindo cruel por escrever esse capítulo, mas eu gostaria de dizer em minha defesa, que eu me xinguei mentalmente muitas vezes por isso. Enfim... Amo vocês que ainda acompanham, apesar das atualizações quase que anuais, hahahaha... Beijos, Stay Alive, se cuidem! 💛✺ Ψ ☬ ғ̶ᴘ̶ᴇ̶ ⊬