Capítulo III

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*Josh*

Saí da sala da senhorita Moralles e decidi que talvez fosse realmente bom participar desse projeto. Eu ia acabar reprovando outra vez, e meu pai me mataria com certeza. Volto para a sala de aula, me sento e pego meu caderno na mochila. Os professores simplesmente haviam desistido de me perguntar o motivo dos atrasos. Eu sempre chegava depois do horário, e agora eu só entrava e começava a estudar. Sem perguntas, ótimo.

Aula de matemática, e eu só entendia a matéria na teoria. Na prática eu simplesmente não sabia o que fazer. Cocei a cabeça e olhei no relógio. Ainda faltava meia hora para o final da aula. Peguei uma folha em branco, rabiscando um desenho. Um olho. Eu sempre desenhava isso, mas nunca entendi o motivo.

O cansaço da noite anterior estava me fazendo piscar por mais tempo do que o normal. Não dormir era uma das coisas mais comuns na minha vida. Eu tinha sono durante o dia, e não podia simplesmente dormir. Mas durante a noite todo o sono que eu sentia desaparecia. Minha mente estava uma verdadeira bagunça. Eu só queria que tudo voltasse a ser como antes. Quando minha família ainda parecia unida. Quando a gente era uma família.

O sinal tocou, e então fui para o meu carro. Antes que pudesse entrar, vejo alguém se aproximando. Era Deborah, Debby como a chamavam. Eu estava ignorando ela há alguns dias, não por maldade ou por algo que ela tenha feito. Na verdade eu me sentia tóxico o suficiente pra querer que ela se afastasse. Não queria acabar a magoando ou sendo rude. Não era justo com ela.

  -  Oi, Josh... Porque tá fugindo de mim? - ela se aproximou mais, colocando a mão no meu ombro.

 
-  Oi, Debby... Eu ando meio ocupado ultimamente, não tenho tido tanto tempo pra conversar, por isso eu tenho andado meio distante.

 
-  Tudo bem... Se precisar de alguma coisa me avisa. Eu gosto de você, Josh... Quero que fique bem. Se cuida, e me liga qualquer hora...

Concordei e ela foi embora. Não gosto de pensar muito em como ela se sentia. Me faz sentir culpado. Mesmo que eu nunca tivesse dado esperança de algo entre a gente. Saímos umas duas ou três vezes, mas nunca tinha rolado nada. Não que eu me lembrasse, pelo menos. As vezes acabava exagerando na bebida e não me lembrava muito do que tinha acontecido.

Sigo para minha casa. Eu ainda tinha que ligar pro garoto, só pra confirmar se ele tinha aceitado participar comigo do projeto. Pela ficha dele, com certeza era um daqueles esquisitões que são cheios de manias e hábitos estranhos. Mas era bom com os estudos. E era só o que eu precisava. Procuro o telefone dele. Tinha anotado em algum lugar, e guardado no bolso. Encontro e disco o número. O telefone chamou três vezes e então ele atendeu.


- Alô? Quem é? Mãe? - ele perguntou.

  - Infelizmente não. Sou eu, Josh. Você me ignorou hoje na sala da Moralles. Só tô ligando pra confirmar se você aceitou participar comigo no tal projeto.

Ele ficou em silêncio por um tempo e então disse:

  - Oi, Joshua. Eu... - ele pausou, suspirou e então continuou - Sim, eu vou participar contigo no projeto. Talvez seja legal e... Bem, pode te ajudar a não reprovar.

Sorri e então respondi

- Obrigado por topar, cara. Se cuida, tchau...

Desliguei e então fui pra cama. Precisava dormir. Me joguei de qualquer jeito, e então adormeci.

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*Tyler*

Cheguei em casa, peguei alguma coisa pra comer e fui pro meu quarto. Tinha acabado de falar com Joshua. Ele pareceu ser uma pessoa legal. Mas não devo simplesmente me deixar levar pelas aparências. Ele com certeza era um problema. Dos grandes. Não faria amizade, afinal nós nos veríamos apenas pra estudar. Eu só tinha que focar e não pôr tudo a perder apenas pra ser gentil.

Peguei meu celular, coloquei uma música pra tocar e fui arrumar meu armário. As roupas estavam uma bagunça, fazia tempo que eu não organizava tudo ali dentro. Levei um bom tempo até conseguir arrumar tudo, e então vi minha mãe chegando do trabalho. Seria ótimo, se fosse a hora de ela chegar. Por alguma razão, ela tinha chegado mais cedo.

Fui até ela. Minha mãe me disse que tinha passado mal no trabalho, e então resolveu voltar pra casa. Era isso, ou ir pro hospital, e ela odeia hospitais. Me disse que já estava se sentindo melhor, por isso veio dirigindo ao invés de pedir um táxi, além do fato de não termos dinheiro pra isso.

Entramos, e eu me ofereci para fazer o jantar. Minha mãe recusou, então voltei pro quarto. Me lembrei da ligação do Josh mais cedo e sorri. O que diabos estaria acontecendo comigo?


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Cap. Curtinho...
Stay alive, Frens.

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