Capítulo V

229 31 51
                                    

A semana custou a passar. Estive por várias vezes tentando falar com Tyler, mas por alguma razão ele não me atendia, ou respondia minhas mensagens. Cheguei a pensar que ele tinha desistido do projeto, quando na quinta-feira pela manhã, ele me ligou, se desculpando pelo sumiço repentino. Não perguntei o motivo, mas ainda assim ele explicou que estava ocupado demais ajudando a mãe. Disse também que no sábado, seria a comemoração do seu aniversário de 18 anos, me convidando pra aparecer se eu quisesse, e com certeza eu iria.

*SÁBADO DE MANHÃ*

Me levantei mais cedo do que de costume. Não tinha saído na noite anterior, sendo cobrado por alguns amigos. Não dei muita importância, logo me aprontando e saindo. Precisava comprar algo de presente, não apareceria de mãos vazias na casa dos Joseph de jeito nenhum. Pensei em ligar e pedir ajuda ao Tyler. Mas seria ridículo, afinal era justamente ele quem ganharia o presente. Decidi por comprar então um monstrinho de pelúcia um pouco grande demais, mas ainda assim muito fofo. Voltei pra casa antes do almoço, comi um lanche qualquer e saí, dirigindo até a casa de Tyler. Toquei a campainha algumas vezes, e sua mãe atendeu.

– Joshua. Bonito urso, querido. Entre, Tyler está no quarto, vou chamá-lo.

– Não, senhora. Eu poderia ir até o quarto dele? Queria fazer uma surpresa. – levantei o urso, sinalizando.

– Oh... Entendi. Bem, apenas bata na porta. Ele odeia que entrem sem bater.

Ela sorriu e voltou pra cozinha, de onde eu pude sentir um cheiro maravilhoso. Subi até o quarto e bati duas vezes.

– Mãe! Já te disse que estou sem fome! –ele gritou de dentro do quarto, me fazendo rir.

– Sinto muito, Joseph. Sou apenas eu. Quem me dera ter a beleza da sua mãe...

– Espera... Josh? O que você tá fazendo aqui agora? – ele abriu a porta, olhando diretamente em meus olhos – Te disse que seria à noite, não disse?

– Sim... Mas pensei que seria interessante fazer uma surpresa. Inclusive te trouxe um presente.

Entreguei o tal monstrinho de pelúcia, o vendo sorrir.

– Eu adorei! Não precisava, na verdade. Mas eu totalmente amei o presente. Obrigado, Josh...

Apenas sorri de volta, fechando a porta e me sentando em sua cama. Ele tinha espalhado varias folhas com muitas coisas escritas. Não me atrevi a pegar, afinal poderiam ser coisas pessoais. Ficamos por um bom tempo conversando sobre muitas coisas, ouvindo músicas e rindo de piadas bobas demais.

Em dado momento, ouvíamos uma banda pouco conhecida, e ele falava empolgado sobre como as músicas o ajudavam a realizar qualquer tarefa, por mais chata que fosse. Me peguei o encarando fixamente, enquanto ele falava.

– Está entediado, não é? Desculpa, eu me deixei levar, tô falando aqui por horas...

– Não, na verdade eu estou gostando muito de te ouvir. Mas eu preciso ir agora.

– Não vai ficar pro jantar e o bolo? Daqui a pouco chega o pessoal, e aí a gente já pode comer.

– Eu vou pra casa trocar de roupa, Tyler. Volto em menos de uma hora, fechado?

– Se você não voltar, eu vou chutar seu traseiro, Joshua. Sem mais surpresas, hein.

Sorri, saindo do quarto. Não me despedi de sua mãe, afinal voltaria logo. Segui de volta à minha casa, tomei um banho rápido e então comprei alguns salgadinhos no caminho de volta pra casa dele. Ao chegar, notei que haviam poucos carros na rua. Estacionei e bati na porta, ouvindo Tyler correr e abrir, sorrindo. O cumprimentei e então entrei, levando os salgados pra cozinha, onde sua mãe tinha organizado algumas comidas na mesa.

-------------------------|| - / / ------------------------

Algumas horas haviam passado, e ninguém ainda tinha chegado. Tyler parecia preocupado, enquanto que sua mãe estava tentando o acalmar.

– Se acalme, Ty. Talvez o trânsito tenha pego o pessoal de surpresa.

–  Mãe, sabemos que o trânsito aqui é quase nulo. Ninguém vem. Eu sabia que não era uma boa ideia essa coisa de aniversário. Eu sabia... – ele resmungou, segurando alguns copos na mão.

–  Tyler. Eu tô aqui,cara. Daqui a pouco o pessoal chega... Fica tranquilo.

Sorri e mexi em seu cabelo. A Sra. Joseph me olhou com uma expressão de preocupação. O tempo passou rápido e quando me dei conta, já eram 23 horas. Ninguém viria. Ninguém ao menos telefonou se explicando. Tyler olhava a janela da sala, na esperança de que alguém aparecesse de última hora. Talvez pareça bobo, afinal ele já não era nenhuma criança. Mas sua mãe havia preparado tudo. Ele estava esperando que as pessoas aparecessem e lhe desse os parabéns. Tyler só queria que se importassem em ao menos ligar dizendo que não vinham. Mas ninguém fez nada.

O olhei, me sentindo triste. Suspirei, o puxando pela mão.

– Tyler, já que esses babacas não vieram, vamos comer! Ainda falta uma hora pro seu dia acabar. O que me diz?

Ele olhou pra sua mãe, que dormia sentada no sofá. Me encarou, um pouco sério, e então sorriu.

–  Você é impossível, Joshua!

Nos encaramos, sorrindo e então pegamos algumas comidas e alguns pedaços de bolo. Subimos pro quarto dele, colocamos uma música agitada e então começamos a pular feito dois malucos. Demos muitas risadas e ficamos bastante cansados. Olhei no relógio e faltavam cinco minutos pra meia noite.

– Agora, Joseph... - o puxei até a janela-  Você faz um pedido, e guarda segredo. Vai em frente.

Ele se aproximou da janela, olhando pro céu. A lua brilhando no alto, acompanhada das estrelas. Tyler fechou os olhos e então, depois de alguns segundos, respirou fundo e se afastou novamente, abraçando a pelúcia que eu dei.

–  O que acontece quando a gente pede algo impossível, Josh?

–  Bem... Acho que se acreditar, não tem nada que seja realmente impossível. Você acredita em seu pedido?

–  Acho que sim... - Ele apertou o urso um pouco mais- Você tem que ir agora?

O encarei por alguns instantes, desviando o olhar.

–  Posso ficar, se quiser. Claro, se não for incômodo.

Tyler se levantou, puxando um cobertor de seu armário e colocando na cama.

–  Vamos dividir o colchão, Joshua.

Arrumamos o quarto, organizando a cozinha em seguida. Subimos pro quarto e ele então me emprestou uma bermuda e uma camiseta, que ficaram apertadas, mas ainda assim confortáveis. Me deitei do lado esquerdo da cama, e ele do lado direito, um de costas pro outro.

– Boa noite, Josh. E obrigado... Por tudo.

– Boa noite, Tyler. Não precisa agradecer.

Permaneci acordado por um tempo, até que ouvi sua respiração pesada, indicando que havia dormido. Fiz um carinho em sua cabeça e voltei a me deitar de costas, adormecendo um tempo depois.

-------------------------||- / / -------------------------

Desculpem por quaisquer erros que eu cometi. Às vezes acaba passando na revisão.

Stay Alive, Frens
Amo vocês!

STAYOnde histórias criam vida. Descubra agora