Capítulo 24

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LORCAN
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Acordo muito confuso.

Em um momento eu estava aproveitando o vento no rosto, a sensação de liberdade, a alegria de estar voltando para casa. Em outro momento eu estava começando a sentir dormência em meu corpo, sentindo muita dor dos ferimentos jorrando sangue, e cansado demais para conseguir manter os olhos abertos.

Acho que desmaiei nas costas de Nig depois de um tempo, não me lembro.

Abro os olhos devagar, tendo que piscar várias vezes até que minha visão clareie. Quando acordo por completo, me encontro em um lugar fechado e escuro. É então que o desespero aparece.

Onde está Nig?

O que estou fazendo aqui?

Que lugar é esse?

Cadê o vento e a liberdade?

Meu desespero me lembra aquele lugar horrível e escuro naquela montanha...as correntes me prendendo...aquela criatura me atacando e atacando...meu corpo todo quebrado...

Meu corpo reage rápido ao pular e minha cabeça sente o golpe desse impulso. Ao levantar de seja lá onde estou, minha cabeça bate em algo duro. Volto a deitar, sentindo minha cabeça latejar de dor.

Respiro fundo e tento ignorar o escuro e a dor.

Estando mais calmo, consigo usar minha audição melhor. Não ouço nada, nenhuma respiração, nenhum rato correndo por aí. Não tem ninguém aqui comigo. Não sinto o cheiro de paredes úmidas pelo tempo como senti naquele lugar escuro — fico mais calmo ao constatar isso. Não tem nenhuma criatura por perto para me atacar.

Tento acender uma chama em minha mão, mas nada sai. Meu poder ainda está fraco. Preciso de alguns minutos antes de conseguir acessá-lo.

Uso minhas mãos para tocar nas partes doloridas do meu corpo. Tem algo grudento no meu braço esquerdo, o que me faz lembrar que foi onde fui atacado por Alik. Toco o lado direito da minha barriga, de onde saiu bastante sangue, e encontro a mesma meleca grudenta. Dói um pouco ainda, mas não estou me importando com isso agora.

Tenho algo mais urgente para pensar.

Onde estou? Quem me trouxe para cá? Quem cuidou dos meus ferimentos? Estou de volta na montanha? Se isso tiver acontecido...não, não posso ter voltado. Se Nig e eu tivéssemos sido atacados, acho que eu teria despertado e visto alguns flashes do que estava acontecendo. Acho que ele me trouxe até aqui. Mas para onde, exatamente?

Será que estou em Hemort? Tenho certeza que Nig sabia que eu queria ir para casa. Mas não sinto que estou em casa. Não tem o cheiro de lar. Nig me trouxe…

Meus pensamentos são interrompidos assim que ouço um barulho de passos. Tem alguém subindo uma escada e se aproximando de onde estou. Instintivamente, meu poder começa a se reunir, mesmo estando fraco.

Não vou deixar ninguém me prender novamente. Preciso voltar para casa.

Ouço uma maçaneta girando e, no mesmo segundo, uma porta é aberta, trazendo luz para o cômodo.

— Será que ele acordou? Estou curioso para saber quem é ele.

Vendo agora onde estou deitado, me levanto com rapidez, agora sem bater a cabeça. Não olho direito para as duas pessoas que estão entrando no cômodo, ataco-as logo.

Não sei, tal..

Uso minhas pernas e dou uma rasteira na pessoa da frente, fazendo-a cair com um gritinho, e seguro brutalmente o braço da segunda para trazê-la para perto de mim. Rodeio seu pescoço com meu braço e a enforco.

Vingança DivinaOnde histórias criam vida. Descubra agora