Epílogo²

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MAKENNA
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Assim que piso dentro do castelo, sou atropelada por diversas crianças animadas e barulhentas.

Ela chegou!

— Ela chegou!

— Ela chegou!

Meus ouvidos doem e minha cabeça gira com tantos gritos de uma vez, fico até sem ar, pois as crianças estão me agarrando, puxando minha camisa e meus braços, e me cutucando. Estão sendo crianças. Preciso me esforçar muito para não derrubar todos os papéis e pastas que estou carregando, trabalho que trouxe da embaixada para casa.

Algumas famílias se mudaram de Aradaik para Mylathow e tenho que ajudá-las a se acomodar e arrumar um emprego. Espero que com minha ajuda elas voltem a confiar em Aradaik e um dia resolvam voltar para lá, mesmo que seja para uma visita. Que elas consigam superar as memórias da guerra. Mesmo que o trabalho na embaixada seja difícil e complicado, e ainda estou aprendendo com meus companheiros de trabalho — que na verdade trabalham para mim, mas não gosto de pensar assim —, estou adorando essa nova etapa da minha vida.

Mylathow é meu lar agora e eu amo muito esse lugar.

E amo essas crianças barulhentas que moram na parte leste do castelo, minha casa, mesmo que algumas sejam uns pestinhas.

Calma! Quem chegou?

Consigo falar mais alto que os gritos das crianças, e minha voz autoritária faz elas se acalmarem um pouco e pararem de me cutucar tanto. Por causa disso, consigo ver melhor as crianças que estão me rodeando e conseguiram vir para essa parte do castelo com sua esperteza — já que as tias ficam de olho para que elas não venham para essa parte sem a permissão da família real. São cinco no total. Os garotos Dion, Vance e Kane com dez anos e as garotas Oli e Vera com onze e nove anos.

Fico muito feliz de ver a animação deles, é contagiante. E fico ainda mais feliz de ver a Vera junto com esse grupo. A menininha falava bem pouco quando chegou até aqui e não queria brincar com ninguém, só ficava no seu canto, e nas últimas semanas continuava meio tristonha, mas aqui está ela, com outras crianças e com um sorriso no canto dos lábios. Ela finalmente está se abrindo. O trabalho com um curandeiro da mente, e todo o carinho que recebe, está dando efeito. Nela e nas outras crianças que perderam tanto na guerra.

— A pintora!

— A artista!

Todos me respondem ao mesmo tempo com suas vozes altas, e a animação deles aumenta mais um pouco.

— Ah, a pintora.

Por causa da manhã cheia, esqueci por um tempo que alguns pintores iriam vir para o castelo hoje. Por isso deixei toda minha tarde livre. Keeran os contratou quando ouvimos as crianças reclamando que faltava um pouco mais de cor nos quartos — e olha que são bem coloridos e aconchegantes. Mas são crianças, e às vezes nunca estão satisfeitas, então sugerimos que elas fizessem alguma arte nas paredes. Claro que elas adoraram a ideia, quem não gosta de desenhar? Contratamos então alguns pintores para vir hoje e auxiliar as crianças nas pinturas, para que as paredes fiquem bonitas e a cara delas, mas mostramos algumas artes de uma única pintora — para dar idéia de desenhos para elas — e algumas crianças estão apaixonadas por ela e loucas para conhecê-la. Tipo esses cincos que estão na minha frente.

— Onde ela está? — pergunto para essas fofuras ansiosas. — Já conheceram ela?

— Não!

Dion e Vance me respondem junto com uma expressão meio brava. Tenho certeza que eles tentaram chegar perto da pintora e as tias não deixaram.

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