Capítulo 10

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HENRIK
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— Henrik, Roman, que bom ver vocês!

A Sra. Myrthe nos cumprimenta com um sorriso assim que abre a porta da sua casa. Ela abraça calorosamente a mim e a Roman e nos convida para entrar, pedindo que a gente fique a vontade.

— Igualmente, senhora. — digo assim que estamos na sala. — Como você está?

O sorriso dela diminuí um pouco.

— Bem.

Antes, essa casa sempre teve um cheiro gostoso de comida apimentada, de alegria, agora é uma casa que tem um ar triste.

A Sra. Myrthe acolheu a mãe de Hadun e Hulda quando ela chegou grávida na aldeia, e criou os gêmeos quando a mãe deles faleceu. Os dois são considerados filhos pela mulher. Foram amados por ela, receberam carinho e uma boa educação. Por isso foi uma surpresa enorme e dolorosa quando Hulda tentou envenenar Lorcan, mas acabou envenenando Eudora, e fugiu, sem falar com ninguém.

Todos ficaram devastados, mas Hadun foi quem sofreu mais. Ele perdeu uma parte importante dele. Hulda e ele eram como unha e carne.

— E quem é essa jovem bonita? — a Sra. Myrthe sorrir para Marigny. — Nunca te vi por aqui.

Os sorrisos dela não são mais como antes, não são mais sinceros e alegres, mas ela continua sorrindo mesmo assim, sendo gentil e educada.

— Sou Marigny. — Marigny aperta a mão da anfitriã, com um largo sorriso aberto nos lábios. — É uma honra, senhora.

— Ah, você é a jovem que tanto falam pela aldeia. — um pouco de surpresa está presente no rosto da Sra. Myrthe. — A honra é minha. Sou a Myrthe.

Ela ergue o olhar para mim e Roman, um pouco confusa por ter Marigny em sua casa, mas é claro que ela não demonstra sua confusão em palavras. Ela é gentil ao perguntar:

— Vocês querem beber alguma coisa? Comer? Ou precisam de alguma ajuda?

— Não queremos nada, obrigado, senhora Myrthe. — Roman responde por nós, com a voz suave. — Nós viemos até aqui para…

— Para tirar o Hadun do quarto! — Marigny o interrompe bruscamente, com um tom animado. Quero muito dizer para ela não falar desse jeito, mas fico quieto, sei que ela não vai escutar. — Eu vim conversar com ele.

A Sra. Myrthe nem se abala. Não fica surpresa e nem esperançosa, apenas solta um suspiro de tristeza.

— É melhor não. — ela lança um olhar para mim e Roman e dirige suas próximas palavras para nós dois. — Sabem que ele não vai abrir a porta. E hoje...— ela olha para o teto, como se visse Hadun pela madeira. — Hoje ele está muito mal.

Balanço a cabeça, compreendendo. Se ela está falando que Hadun está pior que ontem, eu acredito. Ela é a única que ver ele. Ela é a única que ele deixa entrar no quarto, ela e Eudora. É por isso que a Sra. Myrthe se mantém forte — ela perdeu uma filha, mas está lutando para não perder outro. Então é muito indelicado da nossa parte insistir nesse assunto.

— Tudo bem, nós vamos…

— Por favor. — Marigny me interrompe. Ela se aproxima ainda mais da Sra. Myrthe e pega as mãos dela. — Me deixe falar com ele. Não custa nada. Ele não pode ficar trancado e sozinho por tanto tempo. Deixa eu tentar, por favor.

Ela está mesmo determinada a falar com Hadun. Só não sei de onde veio essa vontade, sem ela nem o conhece. Não acho que é apenas por ela precisar dele para ir para Phyzank. Ela pode muito bem chamar outra pessoa. Talvez alguém tenha contado a situação dele para ela e por isso ela quer tanto ajudar? Tem grandes chances de ser isso.

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