Capítulo 50

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LEON
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Por algumas horas, tudo parecia normal. Minha vida parecia normal.

Estando ao lado de Caswell, eu não tinha nenhum pensamento ruim, ao contrário, se eu parasse para pensar, até parecia que estávamos vivendo felizes em Mount Shingcal.

Até conseguia imaginar uma história diferente.

Eu a conheci, passei um tempo em sua casa e comecei a me apaixonar, trouxe ela e Jonny para a aldeia em uma viagem, ela se declarou para mim, demos nosso primeiro beijo, tivemos um namoro breve, descobrimos a gravidez e casamos. Uma vida normal.

Dava até para imaginar que estamos construindo um lar na aldeia, esperando os meses passarem para que nossa família aumente.

Por algumas horas, eu acreditei nessa fantasia.

Me deitei em um campo com Caswell durante a tarde e passamos horas conversando, contando as aventuras que vivemos nas últimas semanas, olhando para o rosto um do outro e com as mãos unidas.

Quase tive um infarto ao imaginar dois deuses na aldeia, com um plano de controlar a todos e matar quem não caísse em seus poderes, e fiquei me perguntando porque meu poder me mostrou que devo fazer algo para derrotar Meklel, mas não me mostrou o perigo que Mount Shingcal estava correndo. Meus amigos deram conta, estão em segurança agora, mas ainda assim...meu poder é muito complicado. Consigo controlá-lo a ponto de saber o próximo movimento que meu inimigo vai fazer em uma luta, mas não consigo prever todos os perigos que meus amigos estão correndo, meu poder escolhe me mostrar ou não. Iria precisar de séculos para entendê-lo, para chegar aos pés de Thander, o meu ancestral super poderoso.

Caswell me fez várias perguntas sobre como era viver com um ser antigo e poderoso dentro de mim, como era a energia de ter dois poderes tão fortes dentro de mim, como era sentir as essências das criaturas que me tornam mais forte e como era a sensação de entender a língua delas, mesmo que eu não tenha aprendido.

Ela ficou surpresa de saber que agora eu sinto tudo com mais intensidade, que graças a essência da primeira criatura, eu consigo sentir o lago que tem do outro lado da aldeia mesmo estando longe, consigo sentir o vento movendo a água como se estivesse me movendo e consigo sentir sua profundidade. Graças a segunda, sou imune ao fogo e sinto como se pudesse controlá-lo, mas não posso. Sinto como se eu fosse como o fogo, imbatível, poderoso, feroz. E, com a terceira, sinto as rajadas de vento passando por mim, sinto toda terra abaixo de mim, sinto onde ela precisa de cura e onde as plantas estão tentando florescer, e sinto as cavernas que tem bem lá no fundo. Além de que sinto a presença dos animais e das pessoas, próximas ou não, e, se eu quiser, consigo ouvi-los de longe.

Era muita coisa para assimilar, eu sou um Leon mudado mas, para Caswell, eu ainda sou seu Leon, seu marido, o homem que ela ama com todo seu coração. Ela não me olha diferente, ela só me olha com amor. Eu sou um homem sortudo por tê-la.

As horas que passamos juntos foram preciosas, foram um presente.

Depois que voltamos do encontro com nossos amigos, para avisá-los sobre Meklel, eu a vi lutando contra o sono para poder passar cada segundo comigo, mas ela perdeu a luta. Eu a abracei mais apertado e dormi também, sabendo que eu precisava descansar para o dia seguinte. Mesmo que eu tenha dormido por poucas horas, foi minha melhor noite de sono depois de muito tempo, porque eu estava ao lado da minha esposa.

Acostumado, acabei acordando junto com o sol. Passei alguns minutos observando minha linda esposa dormir antes de me levantar e ir atender o pedido que Cattleya me fez ontem. Fui até a caverna onde meus amigos encontraram as pedras que adormece o poder de uma pessoa. Eles não me mostraram a localização, mas não precisavam, eu conseguia senti-las. Cattleya e eu iríamos precisar delas para a luta contra Meklel.

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