LEON
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O silêncio reina por três minutos por todo o castelo. Todos estão chocados demais com o pequeno e breve terremoto e a luz que subiu para o céu e só agora está sumindo.
E Cattleya está paralisada depois de matar um ser cruel e odioso, que começou com todo o sofrimento dela. Ela não se arrepende, ela fez o que tinha que fazer, mas ela está tensa, pensando nas últimas palavras de Meklel. Eu também começo a pensar nelas, porque se antes estávamos ferrados, estamos ainda mais agora.
— E agora? O que nós iremos fazer? — Lyrita faz a pergunta que fica piscando em minha mente.
O que iremos fazer agora que a Primeira Mulher está vindo atrás de nós? Essa é a nossa morte iminente. E não podemos deixar que ela mate todas as pessoas que estão em Hemort, não podemos deixar que ela faça uma carnificina. A vinda dela até aqui iria acabar acontecendo, mas se podemos atrasar um pouco...precisamos ir embora, assim ela irá nos seguir e ficar bem longe de Hemort. É isso. Precisamos ir.
— Nós? — Cattleya sai de seu entorpecimento para olhar com confusão para sua irmã. — Você precisa voltar a se esconder, Lyrita. Ela está te procurando em todos os cantos. Não quer você viva. Você que, com a música, consegue fazer tudo o que ela faz. Ela te amava, mas depois do que os nossos irmãos fizeram...do que eu fiz...ela não quer mais nenhuma criação dela viva.
Lyrita solta um suspiro e cerra os dentes, a fúria brilhando em seus olhos, misturada com o sofrimento.
— Acha que eu não sei disso? Ela destruiu duas Vilas inteiras por onde passei, me procurando. Centenas de pessoas morreram. — lágrimas aparecem em seus olhos. Achei que um ser antigo não chorava, mas duas lágrimas estão deslizando lentamente pelo rosto de Lyrita. — Não posso mais deixar as pessoas morrerem por minha causa. Preciso enfrentar meu destino. Eu irei ficar aqui. Vou lutar ao lado dessas pessoas na batalha que se aproxima. Se eu morrer no fim, tudo bem, pelo menos eu lutei e protegi as pessoas, não fugi. Chega de fugir.
Cattleya olha para o chão, onde duas flores estão nascendo — uma rosa e outra roxa —, no lugar em que as lágrimas de sua irmã caíram, então ela olha para Lyrita por alguns segundos. Ela compreende a decisão de sua amiga, mas não é o destino que queria para ela, não para ela, que sempre a ajudou. Cattleya solta um suspiro e a abraça apertado. Elas não falam nada, não precisam, porque elas entendem uma à outra.
Mas eu falo, porque não concordo com nada disso.
— Não terá nenhuma batalha aqui. — falo com firmeza e com um certo desespero. — Precisamos ir embora e levar a Primeira Mulher para bem longe. Ela não pode nos encontrar aqui, não podemos deixar essas pessoas morrerem por causa do desgraçado de Meklel…
Leon. Cattleya me interrompe, falando meu nome suavemente, é a primeira vez que não gosto desse seu tom doce. Você não entende como funciona a cabeça da nossa mãe. Mesmo que a gente vá embora, ela irá vir até aqui e destruirá tudo. Arcturus não irá convencer ela que eu estou viva, mas ela vai ver as memórias dele sobre esse momento e pensará que você é só um mortal com um poder grandioso, um mortal que ela precisa eliminar. Ela não pensará em sentir minha presença, então não irá nos seguir, ela irá vir até onde Arcturus e Meklel estiveram pela última vez. Ela virá até aqui para te procurar. Procurar o mortal que matou Meklel, o ser que ela mais odeia.
Meu desespero só aumenta com a explicação dela. Não era nada disso que eu estava imaginando quando vim até aqui para salvar todos de Meklel. Isso não devia acontecer. As sombras não deveriam chegar tão rápido aqui por causa de um deus filho da puta. Eu devia cumprir minha missão e ir atrás da Primeira Mulher, não ela vir atrás de mim. Não era para as sombras virem até Hemort.
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Vingança Divina
FantasyVol. 3 da trilogia "Ascensão dos Reinos" As barreiras caíram. O mal invadiu o mundo. Eles continuam atrás de uma forma de sobreviver, se unem para lutar e se ajudar, enquanto a Primeira Mulher começa sua vingança. Ela está disposta a...