Capítulo 11

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LORCAN
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Por favor, morte, venha me buscar.

Não aguento mais ficar aqui.

Tudo está doendo. Meu corpo. Minha alma.

Não consigo continuar sendo forte.

Não consigo levantar do chão e mostrar alguma dignidade.

A Primeira Mulher agora me mantém preso ao seu trono. Meus pés estão acorrentados, minhas mãos estão acorrentadas, meu pescoço está acorrentado. Correntes que acabam com minha energia e força muito mais do que antes.

De Lorcan, o rei poderoso, virei Lorcan, o fraco.

Naquele dia foi muito bom descobrir que a Primeira Mulher tem medo de saber a verdade sobre Cattleya, foi bom provocá-la, mas isso me trouxe consequências. Fiquei uma noite inteira em um lugar escuro, lutando para sobreviver. Achei que eu iria morrer, e estava pronto para isso, mas meu instinto me mandou lutar. Então lutei contra uma criatura que eu não consiga ver.

Ela me atacava com suas garras grandes e afiadas e me jogava de um lado para o outro com seus dentes. Então parava, ficava longe e me deixava gemendo no chão. Depois de alguns minutos — ou horas, não tinha a noção do tempo —, ela voltava a me atacar. Era uma criatura tão forte que eu só tinha a opção de fugir dela, correr ao redor do lugar onde estávamos, mas ela sempre me alcançava e voltava a me jogar de um lado para o outro. Chegou uma hora que eu estava tão machucado que não conseguia mais correr. E foi nesse momento que ela começou a mordiscar minha pele, arrancar alguns pedaços de mim, lentamente.

Virei sua refeição.

Não consigo fechar os olhos sem lembrar daquela noite terrível. Da imensa dor, do medo, da incapacidade, da súplica que eu fiz para os céus...morte, venha me buscar, por favor.

Foi a noite que quase cheguei perto da morte, se a Primeira Mulher não tivesse me curado.

Quando ela me tirou daquele lugar escuro, todo meu corpo estava destruído. Meus braços e meus pés estavam quebrados, meus órgãos doloridos, várias partes da minha pele aberta, não conseguia respirar direito e eu tinha certeza que meu coração iria parar, mas a cretina me curou.

Só que ela deixou presente algumas das dores, para me fazer sofrer, para eu que pagasse por tê-la provocado.

Ela não está aqui no momento, então estou caído atrás do trono, gemendo e me contorcendo por causa da dor insuportável. Minha bexiga está estourando e não sei por quanto mais tempo consigo segurá-la. Meu estômago está roncando, mas a dor não me deixa pensar em comida. Minha boca está seca, mas minha cabeça explodindo é mais intenso que isso.

Eu tento pensar que eu consigo, que eu aguento, mas não tenho nenhuma esperança para me motivar.

Estou preso aqui. Irei morrer aqui.

Então, por favor, morte, venha me buscar.

— É um prazer enorme presenciar essa cena. — alguém diz com um tom muito satisfeito, se aproximando de mim. — O rei do reino mais feroz do mundo se contorcendo no chão.

Mesmo em meu estado, consigo identificar essa maldita voz. Alik. Me esforço para erguer a cabeça, me esforço para parar com meu tremor, para não dar esse gostinho para ele, mas é difícil.

Erguendo a cabeça só um pouco, consigo ter uma boa visão dele, consigo ver a expressão de satisfação em seu rosto. Filho da puta. Isso me enfurece. E a fúria me ajuda a acabar com um pouco do tremor.

Vingança DivinaOnde histórias criam vida. Descubra agora