LORCAN
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Está difícil.
Só estou preso a três dias e já estou cansado demais.
Achei que iria aguentar, que eu não tinha medo, que eu era forte e podia enfrentar qualquer coisa. Mas viver nesse lugar é um pesadelo terrível.
Esse lugar não tem luz do sol, é frio e cheira a morte e medo. Os criados que andam por aqui ou tremem de medo ou não sentem nenhuma emoção, totalmente controlados. Eles não me notam, ou não querem notar. Sou invisível.
Não aguento mais viver assim.
Acorrentado. Sozinho. Sendo torturado. Vendo as pessoas sendo torturadas na minha frente. Seguindo essa coisa abominável para todos os cantos, sem um pingo de força no corpo, como um cachorrinho.
Ela não dorme, ela não precisa disso, então me faz passar a noite acordado com ela. Quando come, esquece que eu estou faminto e preciso de comida para sobreviver. O cretino do Alik a lembra que preciso comer algo, mas ela me olha, gargalha e diz que eu aguento mais um pouco se sou tão forte para me sacrificar pelos outros. Então estou sem comer desde que ela me prendeu.
Só consegui tomar alguns goles de água quando ela não aguentou meu fedor de urina e ordenou que alguém me dê-se um banho. Ela também esqueceu que preciso usar o banheiro, ou não se importou com isso até o fedor surgir. Foi uma humilhação ter um criado me dando um banho, porque além das cordas em meus pulsos, eu não tinha força nenhuma. Pior, era um criado sem emoção algum, no controle da cretina. Nem tentei falar com ele, sabia que era inútil.
Não tem modo de escapar.
Estou preso aqui até ela me matar.
Por enquanto, virei o animal de estimação dela. Um animal maltratado.
Ela deixa que eu veja tudo, que veja que não tem como eu fugir daqui e porque, quando ela quiser, ela irá me matar mesmo. Não tem como eu contar para ninguém o que vejo aqui.
As cordas que me prendem deixam meus poderes desligados e acabam com minha forças — sem comida, então, estou ainda mais fraco. Uma pessoa sem seu poder é...um vazio imenso. Mas, mesmo se eu tivesse minhas forças, não tem como sair desse lugar a menos que ela abra um portal.
Estamos em uma montanha, em um castelo a quilômetros e quilômetros de distância do chão. Descobrir isso quando um soldado do desgraçado do Terlock a irritou e ela o jogou do penhasco que tem fora do castelo, depois de ter cortado os braços dele com uma espada que ela faz surgir do nada. Com as nuvens cobrindo tudo, não deu para ver o que exatamente tinha abaixo, mas ela afastou algumas das nuvens para que eu pudesse ver o rapaz caindo até ele virar um pequeno pontinho. Com a distância, não o vi se espatifando no chão.
Imagino que ele tenha ficado minutos caindo e caindo.
Outras duas montanhas se interligam com a montanha do castelo e, quando ela me levou até lá, pude ver ruínas de alguma outra construção e estátuas de dois ursos enormes, que protegiam alguma entrada agora inexistente. Pude ver também os corvos dela se alimentando de outras pessoas que ela torturou até a morte.
Seus subordinados, os desgraçados do Alik e Terlock, trazem todos os dias criados para manter tudo no castelo em ordem. Pois ela não suporta eles, então os mata. Mas precisa dos mortais. Percebi que ela não gosta de usar seus poderes em ações fúteis, ainda mais porque ela está reunindo seus poderes para ficar forte, então precisa dos mortais como criados.
Comecei a chamar esse lugar de As Montanhas da Morte.
Engraçado que era assim que as pessoas de fora chamavam meu reino, mas eu estou conhecendo as verdadeiras montanhas da morte.
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Vingança Divina
FantasyVol. 3 da trilogia "Ascensão dos Reinos" As barreiras caíram. O mal invadiu o mundo. Eles continuam atrás de uma forma de sobreviver, se unem para lutar e se ajudar, enquanto a Primeira Mulher começa sua vingança. Ela está disposta a...