Capítulo 32

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LEON
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Eu esperava encontrar Lorcan antes que ele fosse atacado por aquele gigante, como apareceu na minha visão, mas não aconteceu como o planejado.

Brody é uma criatura rápida e devia ser capaz de seguir qualquer cheiro, mas isso também não aconteceu. Ele não conseguia encontrar Lorcan. Ficamos voando e voando por um dia inteiro sem achar um caminho para seguir.

— Por que isso está acontecendo? — perguntei para Cattleya, bastante frustrado, em um dado momento.

Eu sentia que ela não sabia porque isso estava acontecendo, mas ela era Cattleya e com certeza tinha um palpite. Então fiz a pergunta várias e várias vezes durante o dia até ela me responder.

— Ao ter criado vocês, posso ter feito algo que os deixou imune ao faro das criaturas. Mas não tenho certeza. Pode ser outra coisa. — ela usa um tom bastante culposo. — Em minha defesa, não sabia que teríamos que procurar Lorcan com tanto desespero. 

— Brincadeiras do destino.

Inacreditável. Quando mais precisamos de ajuda do faro impecável de uma das criaturas, não conseguimos usar. É muito frustrante.

Continuamos procurando, enquanto eu lembrava de cada detalhe da visão para ver se tinha algo que pudesse nos ajudar. Mas estava tudo escuro, então não tinha nenhum ponto de referência, apenas árvores. E árvores tem em todo canto. Sendo assim, tentei lembrar dos rostos das pessoas que estavam com ele. A maioria estava caída no chão, mortas, então não consigo lembrar dos rostos deles, isso seria muito macabro. A única mulher que estava lutando brilhava demais para eu conseguir lembrar com detalhes de seu rosto. Por fim, tinha a mulher abraçada com um dos mortos, chorando desesperada. Dessa eu lembrava bem do rosto, mas levei um tempão para lembrar se eu a conhecia de algum lugar, porque eu tinha essa sensação de que ela era familiar.

Pensei em tudo. Livros. Pinturas. Retratos. Uma breve conversa.

Só aconteceu de eu lembrar quando tivemos que pousar para Brody se alimentar.

Acho que meu poder começou a me ajudar com minhas memórias esquecidas porque, quando eu lembrei de onde conhecia a mulher, fiquei bastante surpreso. Uma lembrança tão pequena e insignificante. Eu tinha visto rapidamente um retrato dela nas mãos de um dos conselheiros de Lorcan e, no canto, estava escrito o nome dela. Princesa Dayana de Zikhelyr. Lembro que o conselheiro estava bastante impressionado com a beleza dela e não parava de falar dela para mim por uns bons dois minutos — porque claro que fugir dele e seu papo chato.

Quais eram as chances de eu lembrar de algo tão banal? Nenhuma se você não tiver um poder tão incrível como o meu, que te ajuda com memórias esquecidas.

Um sorriso de vitória surgiu em meus lábios enquanto Cattleya orientava Brody a ir para Zikhelyr.

Claro que Lorcan não estava na capital do reino. Se ele conseguiu fugir, ele com certeza está a caminho de Hemort, então seguimos em direção às fronteiras de Zikhelyr. Ele também iria evitar as estradas, então Brody ficou bem atento a qualquer cheiro estranho nas florestas.

Não fiquei nenhum pouco surpreso ao saber que Brody estava sentindo o cheiro de um deus um pouco antes de chegarmos na fronteira de Zikhelyr. É claro que aquele gigante que Lorcan estava lutando em minha visão era um deus. Contudo, meu coração não deixou de se acelerar de medo. Se chegamos tarde demais...se aquelas mortes já aconteceram e Lorcan está perto de morrer...terei o perdido novamente, e a chance de salvar minha irmã.

— Relaxa, Brody ainda está sentindo o cheiro de pessoas vivas. — Cattleya tenta me tranquilizar com sua voz calma e confiante. — Vamos chegar até ele antes que algo ruim aconteça.

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