Capítulo 13

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LEON
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Primeiro dia.

Passamos a primeira noite no Bosque sem nenhum problema.

Achamos uma boa clareira para descansar e nos alimentar. Por duas boas horas, Jonny e eu treinamos com o punhal que eu dei para ele — ele ficou bom nisso rápido —, e Caswell ficou sentada, lendo o diário de Eloá que Eudora lhe deu, estudando os feitiços. Minha atenção sempre se voltava para a minha esposa e eu observava as expressões que ela fazia enquanto lia. Surpresa, curiosidade, animação, perplexidade. Ela lia o diário com bastante concentração e murmurava as palavras dos feitiços para treiná-las.

Usamos bem as horas que tínhamos para treinar para o que estava por vir.

Fiquei com o primeiro turno da vigilância enquanto Caswell e Jonny dormiam, claro, e observando com extrema atenção a floresta ao nosso redor.

Também foi um bom momento para pensar.

Lembro mais uma vez que Cattleya disse que pode ter uma chance de salvar minha irmã, se tudo dê certo. Acredito que, se Allyria estivesse no meu lugar, ela iria tentar de tudo para conseguir me salvar. E eu quero fazer o mesmo por ela. E vou fazer.

Ainda estou com um certo medo de aceitar Cattleya dentro de mim, com dúvida do que ela irá fazer enquanto estiver com o controle do meu corpo e com medo de morrer e não ter a chance de me despedir da minha irmã, com medo de não conseguir ver se eu e Cattleya realmente conseguimos salvar minha irmã.

Mesmo com esse medo, eu acredito que vou ter a força e a coragem para aceitar Cattleya. Estarei pronto quando a encontrar.

Fiquei me convencendo disso durante toda minha vigia, até que Caswell acordou e me obrigou a ir dormir enquanto ela ficava no meu lugar. Se eu não estivesse tão cansado, eu teria protestado. Ela está grávida, precisa descansar bastante. Mas, como ela mesma disse, eu também preciso descansar se quero ter forças para a nossa caminhada no dia seguinte.

Então dormi e acordei bem disposto para mais um dia assim que o sol estava brilhando no céu.


Segundo dia.

O sol ficou forte demais durante as horas que se seguiam. Por sorte, Eudora nos deu uma loção para passar no corpo, para que o sol não queimasse nossa pele. Foi útil, mas não ajudou com o suor e o cansaço extremo.

Andávamos cada vez mais devagar, com calor demais para continuar firme, fortes e velozes. Perdi as contas de quantas vezes paramos nas sombras de algumas árvores para descansar. Ficamos com pena de usar os cavalos ao nosso favor, quando eles também deviam estar cansados e fervendo de calor.

Bebemos a água de todos os cantis e tivemos que procurar um lago ou riacho para os encher e matar nossa sede e dos cavalos. Demoramos bastante para achar algo — os cavalos estavam quase deitando no chão de cansaço, assim como nós três —, o sol já estava sumindo no horizonte quando encontramos um riacho.

Jonny usou suas últimas forças para correr e pular dentro da água, para se refrescar. Caswell se sentou na beirada e tomou longos goles de água, e logo em seguida começou a tirar as botas de seus pés quentes e doloridos. Eu primeiro soltei nossos suprimentos das costas dos cavalos e os levei para o riacho para beberem água, só depois molhei a boca seca e me permiti sentar no chão para descansar.

Nunca senti tanto calor e cansaço. Parecia que iriamos desmaiar antes de achar água. Por sorte, ou milagre, conseguimos achar esse riacho.

Ninguém discutiu quando Caswell sugeriu que era melhor a gente passar a noite ali, na beira da água. Estávamos todos cansados para nos levantar, caminhar e procurar outro lugar.

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