Capítulo 12

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MARIGNY
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Mount Shingcal é o paraíso.

As pessoas são simpáticas, ninguém me olha estranho, ninguém sussurra coisas ruins sobre mim. As casas são lindas e acolhedoras. A comida é gostosa — tem sempre alguém me oferecendo algo para comer, e eu sempre aceito, claro. Tem tantos animais bonitos e interessantes. Animais que eu posso me aproximar. Os aldeões do lugar que eu morava não me deixavam chegar perto de seus animais, muito menos de suas casas. Não entendia o porquê.

Sinto raiva e tristeza sempre que lembro do lugar que morei por tantos anos. Mas agora estou em Mount Shingcal. Não preciso mais pensar naquele lugar, que nunca foi minha casa, só um lugar horrível.

Estou livre.

Estou conhecendo o mundo.

E eu amo essa aldeia.

Estou triste por ter que deixá-la, mas tenho que fazer isso. Tenho que ir para Phyzank.

Não gosto disso. Não gosto disso. Já devíamos estar em Phyzank; uma das minhas amigas vozes diz em minha mente.

Sempre achei engraçado a impaciência dessa voz. A batizei de Tilio, já que nunca nenhuma das minhas amigas me contaram seus nomes. Não me importo com isso, gosto muito delas. Elas me acompanharam a vida toda, me ajudaram quando eu mais precisei, então tenho que retribuir. Tenho que ir para Phyzank como elas pedem. E porque quero muito conhecer esse lugar especial.

Tenho que libertar o reino e os descendentes das pessoas que moravam lá.

Tenho que me tornar rainha.

Estou ansiosa para isso.

Estou ansiosa para ser Rainha Marigny, de Phyzank.

— Tudo bem, já estamos indo. — murmuro, respondendo Tilio. — Já estamos a caminho, senhor impaciente.

Bom, garotinha, ele me responde de volta, vamos logo.

Estou ansiosa para conhecer meu reino, ansiosa para ver onde meus ancestrais moravam. Minhas amigas vozes já me contaram muitas histórias de Phyzank, principalmente da rainha Joalle e do rei Farai, aqueles que se sacrificaram por seu povo. Espero ser digna e possa honrá-los.

Você irá ser, pequenina. Mei diz, acalmando meus pensamentos. Já está honrando todos nós.

Amo Mei. Foi ela que sempre acalmou as vozes em minha mente quando elas ficavam intensas demais e eu não aguentava. Até hoje ela fala com elas para pegar leve comigo. Eu acabava tendo algum surto quando as vozes gritavam em minha mente e eu assustava meu irmão, Soren, o que me deixava muito triste depois. Mei também sempre é a que me conta as melhores histórias. Ela tem os melhores conselhos, sempre me ouve e me ajuda em tudo.

— Com quem está falando?

Pulo de susto quando Lótus aparece de repente. Solto uma risada com minha reação. Eu estava distraída, olhando para o céu, como sempre.

— Com uma amiga. — a respondo.

Lótus dá de ombros e me mostra com um sorriso alguns grampos que está carregando.

— Peguei os grampos. Agora vou fazer seu cabelo.

— Eba!

Balanço a cabeça com entusiasmo e fico parada enquanto ela se posiciona atrás de mim e começa a mexer em meu cabelo.

Gosto de Lótus. Ela tem uma alma iluminada. Está sempre sorrindo animada e gosta muito das pessoas, é sempre gentil e carinhosa. Ela parece um pouco comigo. Quando eu era pequena, tinha o desejo de ter uma amiga como Lótus. Estou feliz por tê-la conhecida e por ela querer ir comigo para Phyzank.

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