Capítulo 7

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LEON
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No instante em que abro os olhos, só encontro escuridão.

Por um momento, penso que fiquei cego de alguma forma. Tinha que ser o Leon azarado que perde tudo. Mas, fora uns passos suaves, não ouço mais nada. E, se estou em um quarto vazio, eu devia estar ouvindo os barulhos que as pessoas da aldeia fazem enquanto cumprem suas tarefas.

Mas estou na aldeia...? Que merda, não sei que porra está acontecendo.

Ainda bem que não demoro a descobrir.

Não estou cego, afirmo com alívio quando uma luz começa a se aproximar de mim.

A cada segundo, a luz vai ficando maior, mas não ilumina nada ao redor, tudo continua escuro. Não tem nada para se ver aqui. Só começo a entender o que está acontecendo quando noto que a fonte de luz é a raposa. Aquela raposa misteriosa.

Ela está caminhando em minha direção.

Aqui, ela é ainda maior e irradia força e poder. Tem mais de um rabo, todos enormes e brancos, o que me faz lembrar de um leque. Assim que está perto de mim, ela abre a boca e, confesso, sinto um pouco de medo do que ela vai fazer com esses dentes enormes.

Tamanha é minha surpresa quando ela começa a rir. Uma risada suave, nada feroz.

Um leque? Sério?

Fico ainda mais surpreso ao ouvir sua voz. Uma voz feminina. Ela não mexe a boca ao falar, mas suas palavras ecoam por todo esse lugar escuro.

Que porra está acontecendo?

— Consigo escutar seus pensamentos, então cuidado com o que diz. — ela avisa, se sentando sobre suas patas traseiras a alguns passos de mim.

Então essa raposa não representa meu poder, concluo por causa desse momento, ela é algo ainda maior do que eu imaginava.

— Como consegue ler meus pensamentos? — pergunto com curiosidade. Estranhamente, qualquer medo dessa raposa sumiu. — E porque estou aqui?

— Eu fiz você, então temos uma ligação. — a raposa me responde, como se essa resposta fosse suficiente para acabar com minhas dúvidas.

Fico extremamente confuso e extremamente chocado. Ela acabou de dizer que me criou? Mas, se eu vi as lembranças certas, eu nasci porque…

— Você é a cretina da Primeira Mulher? — sinto meu rosto ficar quente com tamanho ódio que estou sentindo.

Se for a Primeira Mulher, ah, eu...bem, não sei o que vou fazer. Mas com certeza não vou sumir daqui sem xinga-la de todos as palavras feias que conheço e sem tentar dá um soco nela.

— Não.

Um arrepio me percorre ao escutar a resposta da raposa. O ódio some quando percebo a dureza e um pingo de tristeza no tom dela.

Acredito imediatamente nela, ela não é a cretina. Mas, então, quem é ela? E porque ela me deixa tão calmo e me faz confiar nela?

— Faz tanto tempo que não falo com as pessoas que não me expressei bem, peço perdão. — ergo as sobrancelhas com as palavras dela. Nunca imaginei que um ser poderoso sabia pedir desculpas, e nem que faria uma coisa dessas. — Devo começar me apresentando, certo? Eu sou Cattleya, muito prazer.

Ah, agora estou mais do que chocado.

Ela acabou de dizer Cattleya? Sério? Ouvi direito?

Caramba. Cattleya, sinceramente, parece um mito. As histórias, mesmo aquelas não verdadeiras, dizem que ela sumiu no mundo e eu nunca acreditei que ela pudesse voltar a aparecer. Ainda mais para mim. Uau.

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