Capítulo 6

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LEON
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A espera por uma resposta foi uma aflição.

Ainda mais para Caswell.

Ela aceitou que seu destino era ser guardiã do Bosque de Haeshym, então se convenceu que, quando chegasse a hora — o que ela estava esperando que demorasse bastante —, ela iria estar pronta para ir. Pronta para morrer. Mas agora... com uma possível gravidez, ela está tensa, assustada e até com medo.

Roman não pode nos dá uma resposta ontem. Ele esgotou seu poder ao atender o príncipe Cassiel, que precisava ter sua perna reconstruída — algo que vai demorar algumas semanas, ainda mais o processo de voltar a andar —, então acabou indo dormir cedo e não o vi mais ontem. Tentei sugerir a Caswell que fôssemos conversar com Eudora, mas desisti ao perceber sua expressão.

Ela precisava de um tempo para pensar, em silêncio.

Por isso esperamos até hoje de manhã.

Esse tempo também foi bom para mim, para que eu pudesse pensar.

Estava com medo de perder Caswell, perder mais alguém que amo, mas tentei me convencer de algo. O Bosque pode chama-lá daqui há muitos anos, quando ela estiver na meia-idade, ou quando for bem velhinha. Ele não vai chamá-la agora, ainda mais se ela estiver grávida. Ele não é cruel assim.

Mas então lembrei do que estamos enfrentando.

Allyria se foi. Lorcan se foi. E qualquer um de nós pode ser o próximo.

Não é uma época boa para se ter filhos. Qualquer coisa pode acontecer.

Estou assustado. Aterrorizado. Apavorado.

E essa minha dor de cabeça, que não desaparece nunca, não está me ajudando em nada. Desde ontem tentei de tudo, todos os remédios possíveis, para melhorar essa dor, mas não passa.

A dor me fez deixar de pensar nas coisas ruins — pensar muito só fazia a dor piorar. Por isso me foquei na alegria.

Na alegria de, talvez, eu ter um filho.

Sempre pensei que, em algum momento da vida, eu iria formar uma grande família e ser muito feliz. Seria um pai maravilhoso, assim como meu pai foi para mim. E seria um ótimo marido. Amaria minha família com todo meu coração.

Caswell e Jonny são a única família que me resta, e eu os amo. Amo demais. Vou fazer de tudo para continuar vivo para ver a barriga dela crescer, para ver nosso filho nascer, para criá-lo com ela. Mas anseio mais que os três, Caswell, o bebê e Jonny, fiquem em segurança.

Espero que o destino fique do meu lado, pelo menos dessa vez.

— Ah, gente, desculpa. Vocês queriam falar comigo?

Abro meus olhos rápido quando ouço a voz de Roman. Minha rapidez faz pontos pretos surgirem em minha visão e sinto uma pontada forte em minha cabeça. Tenho que piscar os olhos algumas vezes para fazer os pontos sumirem e respirar fundo para aliviar um pouco da dor de cabeça. Que caralho.

— Estou com pressa, Eudora está me chamando. — vejo Roman caminhando pela casa, juntando alguns fracos vazios que estão largados pelos móveis e colocando em sua bolsa. — Se quiserem vir comigo, lá eu falo com vocês.

Pelo jeito que está andando, parece com pressa mesmo. Percebo que seu rosto está um pouco ruborizado. Está assim desde ontem. Sei que Henrik tem algo haver com isso.

Estou pensando seriamente em sair da casa de Roman e ir para uma das casas recém construídas da aldeia. Essa está ficando cheia demais. Seria ótimo se eu e Caswell tivéssemos mais privacidade. Já devíamos ter saído daqui, mas a casa de Roman é acolhedora demais e não passamos muito tempo aqui nos últimos dias.

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