Vingança Divina

Capítulo 37

LORCAN
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Estou sendo muito bem sucedido em enterrar todos os sentimentos bem lá no fundo e não deixar que eles saiam. Estão bem escondidos.

Eles não vão me distrair.

Não vão me fazer desabar.

Não vão me fazer ter muita esperança.

Porque a esperança hoje em dia...ela escapa entre os nossos dedos e pode virar uma grande decepção.

Muitas vezes um pensamento escapa.

Tem uma chance de salvar Allyria. Tem uma chance de eu vê-la novamente. Há uma chance de nós dois sermos felizes, viver o nosso amor. Viver.

Isso é...maravilhoso.

Isso seria perfeito. Seria perfeito ser feliz, ter uma longa vida ao lado dela, uma vida ao lado da mulher que amo.

Tem uma chance de Leon e Cattleya conseguirem acabar com a Primeira Mulher, uma chance de tudo voltar ao normal, sem ninguém mais tentando nos matar, controlando as mentes das pessoas, destruindo os reinos. Minha família poderá ficar junta novamente, em paz. Muitas famílias poderão fazer isso.

Chance. Chance. Chance.

Não é certeza, e é isso que me quebra.

Não quero ter esperanças para depois dar tudo errado.

Muitas coisas podem acontecer.

Eu posso morrer, então a chance de salvar Allyria já era. Leon pode não conseguir, então a chance de salvar sua irmã e todo o mundo já era. A Primeira Mulher pode conseguir todo o poder que precisa para acabar com o mundo em um único dia, então não vai ter chance nenhuma, todos nós estaremos mortos.

Eu prometi para Allyria que iria viver, que eu iria lutar para continuar vivo, e vou fazer isso. Vou fazer todo o possível para conseguir chegar ao dia que, talvez, iremos conseguir salvá-la.

Não quero ser negativo. Mas também não quero ser muito otimista.

Muitas coisas já aconteceram comigo e aprendi a esperar de tudo. Então nem preciso dizer que estou lutando para não surtar. Preciso focar. Um dia de cada vez. Quando eu não estiver fazendo nada, quando eu não estiver correndo perigo, aí sim poderei surtar. Poderei gritar tudo para fora. Mas não agora, não quando estou entrando em um vulcão atrás de uma criatura que pode nos matar e comer aos pouquinhos a nossa carne e ossos.

E eu preciso respirar porque está...caramba, não queria estar lembrando daquela escuridão de novo. Mas estou lembrando. E minha pele está se arrepiando ao lembrar de tudo,meu coração está se acelerando, meus ouvidos estão zumbindo.

Que porra.

— Sentiu o arrepio? — Leon me pergunta. — A presença poderosa?

Me concentro na voz dele para não surtar. Eu consigo fazer isso. Eu consigo.

Ele está olhando os arredores assim que encontramos e entramos no buraco que nos leva para dentro do vulcão.

Eu senti, mas duvido que tenha sido na mesma intensidade que o dele. O arrepio de Leon era porque ele estava sentindo a presença da criatura — como ele me explicou que sentiu quando Brody estava se aproximando. O meu era de ansiedade e de admiração por essas cavernas escuras e assustadoras.

Admiração e medo, puta que pariu.

Nunca imaginei que um vulcão por dentro era assim, mas, talvez, a criatura que está morando aqui tenha feito elas. Só de estar aqui dentro...é assustador o que está na nossa frente, mas as cavernas são demais. Parece que estou dentro de uma história das fogueiras de Hemort.