Vingança Divina

Capítulo 66

MAKENNA
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Se despedir de alguém que morreu é como receber golpes da dor, da tristeza, da aflição, da desolação.

Quando Chadd e eu recebemos pela primeira vez de Maude os pergaminhos onde estava catalogado a quantidade dos nossos soldados meu coração se partiu com a diferença nos números de antes e depois da batalha. Perdemos muitas pessoas corajosas. Pessoas que lutaram por um futuro melhor e não estarão aqui para presenciar a mudança. Na segunda batalha perdemos poucas, mas perdemos, tivemos que queimar seus corpos, nos despedir, chorar por suas idas. E esse era só o número da nossa parte do exército, muitos pergaminhos foram preenchidos com os nomes dos soldados perdidos de todas as tropas. Muitas homenagens foram feitas.

E hoje terá mais uma. Uma ainda mais especial. Uma homenagem para Lyrita.

Lyrita se sacrificou para nos proteger, para nos dar mais tempo, para que não perdêssemos soldados dias após dias, para que nos preparássemos para a batalha decisiva. Ela fez isso sem hesitar. E ela merece uma boa homenagem, uma linda homenagem.

Por isso me ofereci para ajudar Hanai nos preparativos.

Na verdade, Hanai não esperava que fizéssemos uma homenagem grande. Como não temos um corpo para fazer uma cerimônia, ela achou que as pessoas iriam fazer suas homenagens individualmente — iriam criar um altar e chorar sozinhos pela perda de sua querida deusa, pois é isso que se espera de alguém que idolatra tanto um ser divino. Algumas pessoas já estavam até fazendo isso. Criaram um altar na torre onde ela partiu e tem sempre alguém ajoelhado ali, chorando e orando por horas.

Depois desse dia, tenho certeza que Lyrita terá ainda mais seguidores e pessoas que irão orar para ela. Um deus sempre tem uma história triste e de valentia que faz as pessoas o adorarem. E Lyrita acaba de ser escolhida para ser a grande idolatrada.

Só que ela merecia mais do que um altar em frente a uma torre.

Lyrita amava a vida e toda a beleza do mundo e merecia uma homenagem grandiosa, colorida e bela.

Foi isso que eu disse para Hanai e, depois de derramar algumas lágrimas, ela aceitou fazer e planejar a homenagem.

Pensamos em chamar Cattleya para fazer parte do planejamento mas, como ela está dentro do corpo do meu meio-irmão e Leon precisava passar um tempo com sua esposa, achamos melhor fazermos tudo sozinhas e deixar Cattleya escolher se irá falar algumas palavras ou não durante a homenagem.

Ontem, depois da homenagem das pessoas que se foram nesta segunda batalha, Hanai e eu conversamos um pouco sobre o que fazer para Lyrita e percebemos que algo grandioso e perfeito pode ser algo simples e lindo. Se todas as pessoas presentes adoravam Lyrita, já é algo perfeito. Então as criaturas cuidaram da maior parte dos preparativos. Só precisamos arrumar uma carroça para as criaturas colocarem o que iríamos precisar, falar com os soldados instrumentistas e músicos, arrumar várias velas e lamparinas e falar com os soldados de Zikhelyr.

E tínhamos que encontrar o lugar certo para a homenagem.

Não podíamos sair dos terrenos do castelo por causa da proteção de Lyrita e não podíamos fazer a homenagem nos campos, porque a batalha iria acabar destruindo tudo. Então combinamos de fazer no jardim do castelo. Encontramos um lugar grande onde não tinha flores, apenas a terra — o que precisávamos. Coincidentemente, o lugar ficava entre duas estátuas, de duas mulheres guerreiras que fizeram história em Hemort. O lugar perfeito.

Hanai e eu estamos aqui há uma hora junto com os instrumentistas, os soldados que estão nos ajudando e os soldados de Zikhelyr, colocando todos e tudo em seus lugares. E, quando o pôr do sol estava quase se aproximando, tudo já estava pronto e as pessoas começaram a se aproximar do lugar combinado.