Capítulo 1

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HENRIK
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Likajhi virou um caos depois do ataque das sombras.

Depois que os soldados inimigos foram embora, desistindo de atacar o que restava da capital, tive que ver durante longas horas as pessoas se dividindo em dois grupos — irritados e cansados por causa do ataque.

Todos viram que os soldados inimigos vestiam o vermelho de Hemort, o amarelo de Aradaik, o cinza escuro de Zikhelyr e o azul de Mylathow. Todos com os brasões dos reinos misturado com o preto, a cor da Primeira Mulher, a cor das sombras.

Meu povo atacando uma cidade inocente.

Alik desgraçado. Cretino. Maldito. Filho da puta.

O povo de Likajhi agora acredita que todos os reinos estão contra eles, que queriam acabar com seu o reino, matar todos.

Uma parte das pessoas acredita que, se for realmente isso, a culpa é toda do rei Elior e da rainha Nasyre. A outra parte das pessoas estava do lado de seus governantes e esperaram até eles se pronunciarem. Eles gritavam, pedindo explicações, e só não quebraram nada do castelo porque os soldados impediam. Algumas pessoas são tão apressadas e insensíveis.

Cassiel, o príncipe mais novo, foi gravemente ferido e os governantes estavam mais preocupados em salvar seu filho. Não tinham cabeça para lidar com a pequena revolta. Dorian e Anton, os dois príncipes mais velhos, tiveram que lidar com o povo, os ministros e os conselheiros reais — lidar com a preocupação, o medo, a raiva e o sofrimento de todos que perderam suas casas e algum parente ou amigo. Eu, Amram, Conrad e Kalin os ajudamos a acalmar a todos, colocá-los em algum lugar do castelo para descansar, ao mesmo tempo que tivemos que ficar de olho em Marigny para ela não assustar as pessoas com a história da Primeira Mulher e como ela iria nos matar se entrássemos no caminho dela.

Ouvi um trecho ali e aqui do que ela estava falando.

"Ela corta sua garganta enquanto rir de deleite."

"Ela entra em sua mente e faz sangue sair de todos os buracos do seu corpo."

"Ela conseguiu matar os deuses. Os deuses. Imagina o que ela faz com um mortal!"

"Ela vai queimar em segundos quem tentar lutar com ela."

Tive muitas vezes que ir até ela e a levá-la para longe, contendo a raiva por ela não entender que tinha que parar de falar essas coisas. As pessoas estavam assustadas o suficiente. Quem tinha que contar sobre a Primeira Mulher para eles eram o rei e a rainha. Ainda bem que ela entendeu depois de um tempo e resolveu ficar quieta, só ajudando.

Marigny não sabe lidar com as pessoas. E tudo bem, ela pode aprender, mas isso pode demorar muito tempo..isso pode ser um problema imenso se queremos que ela lidere o povo de Phyzank depois que ela ativar os poderes dos mudos. Se ela quer liderá-los. E não sabemos como ela vai fazer isso — o que é outro problema.

E tento não pensar em Lorcan.

Em como ele se sacrificou para salvar o que restava da cidade. Acreditamos que foi o que ele fez, já que os soldados foram embora assim que ele se entregou para a Primeira Mulher. Estávamos quase chegando na torre com os cavaleiros de Artys quando vimos ele entrar com ela em um portal, sendo levado como um prisioneiro.

Eu e o pessoal não conversamos sobre isso, sobre uma missão de resgate. Não sabemos onde a Primeira Mulher se esconde e, mesmo se soubéssemos, estaríamos nos matando ao ir a seu esconderijo. Ninguém quis dizer em voz alta que não há nada que podemos fazer por Lorcan, apenas o que ele nos pediu. Para continuar em frente. Então concordamos, de forma silenciosa, a não falar sobre o que aconteceu, só se for necessário.

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