Capítulo 63

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LORCAN
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Quando o sol ilumina o céu, quando seu brilho preenche a terra de luz, não há mais nenhum soldado inimigo no campo destruído e cheio de sangue e fogo.

Os corpos daqueles que não conseguiram fugir agora fazem companhia para os outros mortos. Os aliados não os deixaram voltar para a segurança dos portais. Eles vieram fazer estragos, então aqui e hoje seria o dia da morte da maioria, e foi.

A batalha finalmente acabou, temporariamente.

Sabemos que o inimigo irá voltar em algum momento, com ainda mais poder de fogo. Talvez hoje mesmo, daqui algumas horas, ou amanhã, quando a noite chegar novamente. Porém, por enquanto, temos algumas horas de descanso.

E como precisamos disso, desesperadamente.

Estão todos cansados. Soldados, feiticeiros, arqueiros, cavaleiros, cavalos, Artys e os outros animais que acompanharam a batalha. Eles resistiram por muito tempo, não deixaram o cansaço vencê-los, mas agora que a calmaria está no ar...vários soldados estão se deixando cair deitados no chão, sem nenhum pingo de força para mais nada.

Tudo o que eu quero é me sentar também, mas eu aguento mais um pouco, porque ainda tem muito trabalho para fazer.

Aqueles que também ainda aguentam ou são orgulhosos demais para se sentarem, estão caminhando para o castelo, para o portão que está se abrindo para recebê-los. Alguns se ajudam, se apoiam um no outro, tanto pelo cansaço quanto por causa de algum ferimento que os impede de andar.

Os generais e os soldados que protegem o castelo orienta os cansados durante todo o caminho, porque o pátio não pode ficar amontoado com vários soldados dormindo no chão, vamos precisar de espaço para locomover os feridos, as carroças com armas e... infelizmente, as carroças com os mortos.

Vários soldados que não participaram da batalha direta já estão vindo do castelo para o campo, prontos para fazer a limpeza. E, durante as próximas duas horas, eu faço parte da tarefa de juntar todas as flechas que conseguimos, porque cada uma conta para o nosso estoque — mesmo que elas estejam quebradas, elas podem ser consertadas pelos nossos ferreiros.

Ajudo a encontrar os corpos dos soldados aliados, a colocá-los em mantas e nas carroças. Meu poder de controlar o fogo é útil para apagar os incêndios pelo campo, que ainda queimam os corpos de inimigos e aliados. Minha super força e a dos outros soldados de Hemort é útil para levantar pedras e encontrar corpos mutilados e enterrados bem fundo na terra por poderes terrestres. O fedor é terrível, então temos que cobrir nossos narizes e bocas com panos. Mas a visão e o sentimento de perda é ainda pior.

Os cavaleiros de Artys e os assistentes de curandeiros pegam aqueles que estão feridos demais para se levantarem ou estão inconscientes, quase mortos. O castelo deve está uma bagunça com tantos feridos, os curandeiros devem estar sobrecarregados, mas estou torcendo para que todos estejam conseguindo ser curados.

Bebo toda a água dos cantis que me oferecem, louco para acabar com a garganta seca, e ninguém reclama. Sou um dos poucos que fizeram parte da batalha incansável que ainda está no campo, ajudando.

Fico aliviado quando a notícia que espero finalmente chega até mim. Meus tios, meu primo e seu namorado que comandava os soldados de Hemort do lado norte estão vivos. Feridos e cansados, mas vivos.

Fico aliviado quando minha mãe diz que vai para o castelo ajudar a organizar tudo, porque sei que ela vai sentar e descansar um pouco, e eu não preciso mais ficar super preocupado com ela. Por enquanto.

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