Prólogo

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Há séculos atrás, ela tinha uma vida feliz.

Para descrever tudo o que sentia, para descrever suas emoções e sentimentos, ela criou palavras. Pode então se expressar, entender que era amada e feliz ao lado daquela que a criou. Mãe, mamãe, era disso que a chamava quando descobriu que podia criar coisas como sua criadora.

Cattleya. Sua mãe a chamava assim. Sua pequena luz.

Ao lado das amigas criaturas, as duas viveram juntas, felizes e sozinhas por muito tempo, até que Cattleya teve a ideia de criar outros como si. Pessoas, companhia, irmãos, filhos. Foi difícil convencer sua mãe a aceitar mas quando criaram o primeiro ser, nomeada Lyrita que era ligada com os sons do mundo, sua mãe se encantou com a nova companhia - assim como Cattleya se encantou com a irmã -, e aceitou criar mais "filhos".

O tempo foi passando e viraram uma grande família.

Os filhos e irmãos cresceram com muito amor. Sua mãe sendo bastante respeitada por tê-los criados - ninguém fazia nada sem a sua permissão.

Até que criaram os mortais, e todos seus irmãos resolveram viver em diferentes partes do mundo, separados da família. Eles criaram reinos para governar, para sentir o gosto do poder supremo, e se auto denominaram "deuses." E foram idolatrados pelos mortais.

Vivendo apenas com sua mãe novamente, um dia Cattleya sonhou com um sentimento forte e poderoso. Ele podia ser luz, como o que sentia por sua mãe, mas também podia ser escuridão. Ela entendeu que era o amor, o amor que sentia por sua mãe e família, mas esse do seu sonho era diferente.

Dias depois conheceu Thander, um ser recém criado por sua mãe. Não era uma criança como os outros deuses tinham sido, ele tinha a aparência de um homem adulto. Foi criado para ajudar a criar e cuidar do Bosque Haeshym, um lugar que seria a nova casa dela, da sua mãe e das criaturas, para viverem longe dos mortais que a cada dia se multiplicavam, o que era muito ruim com suas idolatrias.

Thander viria a se tornar o grande amor de Cattleya, a paixão de sua vida, o amor verdadeiro e imenso.

Foi amando Thander e entendendo as várias facetas do amor que Cattleya sem querer criou Meklel, alguém que ensinaria os seus "irmãos" e os mortais alguns sentimentos bons, mas muito outros ruins como a ambição, luxúria, egoísmo e inveja.

E no futuro iria começar o caos.

Cattleya teve seus séculos felizes ao lado de seu amor, de sua mãe e de suas amigas criaturas no Bosque de Haeshym. Até que engravidou, algo que só mortais conseguiam fazer. Teve uma linda e amada filha. Mira.

Mira nasceu com poderes de criar feitiços. Se tornou poderosa e querida entre os mortais. Ela tinha a capacidade de engravidar como sua mãe e teve vários filhos com um mortal, o grande amor da sua vida. Seus filhos foram os primeiros feiticeiros.

Isso causou raiva em alguns dos deuses, que tentavam engravidar entre si para ter filhos poderosos mas nunca descobriram como, muito menos conseguiam engravidar um mortal. Eles pediram a sua mãe para dá esse poder a eles, mas ela não o fez. Segundo o que sua mãe lhe dizia, a ambição deles de ter filhos poderosos podia ser muito perigoso. Era preocupante. Ela tentava falar com eles, tentava fazê-los compreender, mas eles não a escutavam mais.

Depois de vários pedidos negados, qualquer sentimento de carinho que os deuses sentiam por Cattleya e sua mãe desapareceram.

Veio anos difíceis então.

Os deuses começaram a caçar as criaturas, criar mentiras para os mortais sentirem medo delas e sua mãe ter a obrigação de matá-las. O que ela nunca fez, não importasse quantas mentiras fosse criadas. Os deuses então tentaram fazer experimentos nas criaturas para ver se conseguiam pegar seus poderes para si. A cada falha, a raiva aumentava, assim como a ambição.

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