10. Estudos incômodos.

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"Fique frio, para que está gritando?
Relaxe, já passamos por tudo isso antes
E se você apenas deixasse rolar, você iria ver
Que eu gosto de você do jeito que você é
Quando estamos no seu carro
E você fala comigo cara a cara, mas você se tornou."
— Complicated

Astrid

Meu coração está batendo rápido demais. Costumo viver na adrenalina pura, ou seja, estar elétrica é algo comum para mim. No caso, não quero ser presa por matar o irmão da garota que eu moro. Não sei se Maya poderia me perdoar por isso.

Uso o cabo da frigideira para cutucar o garoto estirado no sofá. Por um segundo, eu paro. Paro para olhá-lo e absorver. Pela primeira vez, o observo direito. Luther tem umas pintinhas no pescoço, o que me faz pensar que ele também têm algumas no tronco. O cabelo é escuro, mas na luz, fica mais claro que o normal, puxado para um castanho. O rosto dele é maduro demais, o maxilar duro e sempre muito marcado quando ele está irritado.

O que, pelas minhas experiências, é muito frequente.

Luther mexe o nariz e seus olhos, abaixo das pálpebras, se mexem. Sua respiração fica mais intensa e aos poucos ele acorda.

Quando me olha, pois estou com a cara no ponto central do seu ângulo de visão, Luther começa a sorrir.

E ele tem covinhas.

Minha garganta emite um som, a fim de se acostumar com a sensação.

— Luther?

Para se acostumar, ele pisca algumas vezes. Então, seu sorriso desaparece e um gemido de dor sai dos seus lábios. Ele cai na realidade.

Minha cara queima. Não medi a força quando o acertei na cabeça.

— Ei, consegue ver quantos dedos têm aqui?

— Quatro.

— Sabe seu nome completo?

— Luther Anderson Hughes.

— Sabe o nome do presidente?

— Infelizmente, sim. — sorrio. — Mas acredito que em breve a resposta para isso seria o Biden.

Ótimo.

Luther se senta no sofá. Ele massageia a região da cabeça que eu acertei.

— Está gelado porque eu envolvi um saco de ervilhas congeladas em um monte de panos. — solto uma risada nervosa, mas ainda muito preocupada. — Você está se sentindo bem?

— Por que você me acertou com a porra da frigideira?

Bufo.

— Eu estava sozinha e as meninas disseram que não voltariam cedo. Além disso, sou atenta e sei que elas usam um monte de chaveiro para abrir a porta.

Ele me olha como se eu fosse algum tipo de alienígena da pior espécie.

— Sabe se elas estão entrando ou não, pelo barulho das chaves?

Quando ele pergunta em voz alta, entendo que soa patético demais.

Luther olha para a entrada da casa e junta as sobrancelhas.

— Cara, como você me arrastou de lá até aqui? Lembro que caí no chão.

Dou de ombros.

— Sou bastante forte para a minha massa muscular e a altura. Já carreguei coisas muito pesadas na vida, arrastar você até aqui não foi exatamente difícil.

Rise and PrideOnde histórias criam vida. Descubra agora