13. Dividindo um cigarro.

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Eu não posso te tirar da cabeça
Você esteve em todos os lugares que eu vou
Eu não posso te tirar da cabeça
Estou tão envolvido em você
—  The Eve

Astrid

Estou desmoronando em meio a pensamentos profundos que me levam a considerar e a refletir várias coisas, como aqueles momentos que se tem depois de algum acontecimento que nos faz amadurecer. Minha cabeça está um turbilhão.

Há três meses atrás eu pousei pela primeira vez em Boston e muita coisa aconteceu desde então. Com certeza não sou a mesma Astrid que chegou e consigo absorver toda essa mudança. Por exemplo, jamais pensei que pudesse ficar bêbada em um bar cheio ou então abaixar a guarda para as pessoas ao meu redor. É algo único para mim, realmente significante, deixar que essas mudanças ocorram.

Preocupar-me com um grupo de amigos também se tornou algo fora do comum para mim, algo que eu não tinha experiência antes. Não é como se eu não tivesse amigo algum em Birmingham, mas também não tinha nenhum que se importasse o bastante ou vice versa a longo prazo.

— Ei, você está limpando essa mesa há oito minutos.

Assusto-me antes de me virar para trás. Os olhos verdes de Henry Chapiro, meu chefe e sobrinho do dono, me atingem em cheio. Ele é muito bonito, realmente, e se o que Luther disse é verdade... Então talvez ele me note de alguma forma.

Por Deus, o Luther.

— Não sabia que você estava contando. — jogo o pano para cima do ombro, dando-lhe total atenção.

Seus olhos arregalam. Noto o quão Henry é alto e como seus ombros são largos. Ele não é muito musculoso, mas com certeza já se dedicou a um esporte alguma vez em sua vida.

— Foi apenas um chute.

— Ah...

Silêncio.

— Bem, eu queria conversar com você sobre aquela noite no bar. Eu realmente sinto muito se pareci invasivo alguma hora, eu deveria ter notado que você estava bêbada e...

— Você foi ao Dallas?

A pergunta parece confundi-lo um pouco. Pisco algumas vezes, tentando me recordar se Luther incluiu essa informação quando descreveu a noite para mim. Certamente ele não fez, porque se tivesse mencionado... Eu me lembraria.

— Sim, você não se lembra?

— O dia seguinte foi um borrão, na verdade. — tento explicar, apesar dele não parecer muito contente de eu não me lembrar da sua presença naquela noite. — Fazem duas semanas também, não pensei muito no assunto.

Suas sobrancelhas se erguem, mas ele parece um pouco mais conformado agora, olhando para mim.

— Eu não pude conversar muito com você, até acho que não falariamos muito, você estava diferente.

Apenas balanço a cabeça, porque eu estive em um estado diferente do comum. Mesmo assim, é algo agradável... Pude me divertir, uma ideia distante demais para a minha cabeça.

— Então, agora que me desculpei, queria me redimir.

Henry tem um sorriso nervoso no rosto. No mesmo instante, o sininho toca, anunciando a chegada de um pai e uma filha. Volto a olhar para Henry, apertando os olhos.

— Se redimir...?

— Sim, ouvi dizer que abriu um restaurante novo no final da rua do Campus. Não cheguei a ir, mas é italiano e eu não sei você, mas adoro comida italiana.

Rise and PrideOnde histórias criam vida. Descubra agora