03. Um só inimigo.

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Luther Hughes.

Welcome to the wild, no heroes and villains
Welcome to the war, we've only begun, so
Pick up your weapon and face it
There's blood on the crown, go and take it
You get one shot to make it out alive, so
— Rise.


O conforto do meu carro é o lugar que eu posso chamar de melhor amigo, na maior parte das vezes. Quando Miller e eu estávamos bêbados, certa vez, contei a ele que amava mais o meu carro do que qualquer coisa. E o filho da puta chorou por dez minutos antes de eu dizer que estava brincando. Zombo dele até hoje.

Pelo parabrisas, dou uma última olhada na cafeteria. Astrid não está mais na área das mesas. Ela provavelmente se enfiou na área dos funcionários já que eu a atrasei, uma vez que são quase sete e meia. Henry, por sua vez, está limpando o balcão, mas ainda parece irritado com a minha vinda aqui.

E quanto mais eu puder irritá-lo... melhor.

Ligo o motor do carro, dirigindo pelas ruas molhadas de gelo derretido da noite passada. Morar em Boston têm seus pontos negativos, como esse, por exemplo. As estradas ficavam escorregadias demais, portanto, perigosas demais.

Isso me causa memórias ruins.

Quando eu tinha dezesseis anos eu, minha mãe, Maya e meu irmão mais velho, Luke, estávamos decididos a ir visitar a nossa avó na cidade vizinha. Mamãe disse que era melhor nós esperarmos mais um dia, mas eu queria mesmo passar a véspera com ela e meus irmãos não ficaram para trás. Foi aí que disse que poderia dirigir, já que a estrada era reta até o inferno, como Luke dizia. Ela estava bem atenta o caminho inteiro, mas decidiu dormir quando estávamos perto de chegar.

Aconteceu o inevitável.

O carro ficou destruído depois. Paramos todos no hospital, mas Luke não resistiu. Na época ele tinha dezoito anos e teria sido um médico incrível. Ao contrário do que eu pensei que merecia, ninguém me culpou. Bem que eu queria que tivessem, porque aí minha mãe não culparia a si mesma. Perder seu primogênito foi doloroso pra ela, quase a matou. Tudo mudou entre nós todos e ela mal parece a mesma. É conhecida como uma mulher fria e de negócios e se sequer se lembra o meu ou o aniversário de Maya, ela já está fazendo mais que o esperado. Nos enche de presentes e de uma vida cara e pronto.

Meus pensamentos são interrompidos quando noto que estou em frente a universidade. Suspiro, tentando esquecer de todos esses episódios. Eu não iria me afundar essa temporada, havia muito em jogo, literalmente.

Sigo em direção ao vestiário. Quando me aproximo, ouço as risadas estridentes dos meus amigos e rapidamente me animo. Não tinha como ficar de mau humor perto dos caras.

— Luther, vem aqui. — Miller grita. Apenas com uma calça de moletom, ele me abraça de lado e me puxa até a roda.

— Vai se foder, Miller. Se Luther souber disso, vai me encher até o fim do ano.

Meu sorriso é maldoso.

Gale está com a feição dura, mas Dylan ri para um caralho. Ele está vermelho de um jeito que eu nunca vi antes.

— Gale decidiu visitar a mãe esse fim de semana. — Miller começa. — Mas quis fazer uma surpresa pra ela. Ele comprou algumas coisas para cozinhar e colocarem as coisas em dia. Quando chegou, ele viu que o casaco dela estava na entrada e subiu.

Rise and PrideOnde histórias criam vida. Descubra agora