01. Sotaque inglês.

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"Eu quero arranhar sua superfície. Eu quero sentir sua ranhura. Eu quero ser sua agulha, eu quero te deixar bem. Você quer brincar com fogo.  Furar e cutucar como tatuagem.  Você quer jogar minha garota nova?  Eu quero jogar com você"
New Girl

Astrid Hayes.

A minha mala não se move.

Eu não sei o que acontece. Sinto que sou ótima em atrair problemas. Esse lance é mais fácil do que nevar na Inglaterra e chover em Seattle. Juro que sou ótima escapando deles, mas as soluções não aparecem tão fácil assim.

Olho diretamente para o celular em minhas mãos, pensando que eu poderia ligar pra uma das garotas. Todavia, eu não tinha ideia de onde estava e, pra ser sincera, não queria que a minha impressão fosse tão ruim assim. Quero dizer, nós nos conhecemos pessoalmente fazem o que... doze dias? E a primeira coisa que souberam foi:

Oi! Meu nome é Astrid Hayes e uma das minhas duas malas não foi despachada, então eu não faço a menor ideia de onde está. Mas, uau, a casa é muito bonita.

Para a minha surpresa, isso rendeu mais risos do que alguma preocupação ou talvez um aviso de expulsão prévio.

A única solução que eu vejo, nesse momento, é carregá-la sob os meus ombros. Minha avó teria o feito em um piscar de olhos, como se fosse fácil demais. A ideia não é tão ruim, uma vez que já enfrentei coisas piores e a cidade grande definitivamente não iria me assustar.

Eu acho.

Eu não tenho muitas coisas, o que facilita muito o processo.

Coloco a mala sob o ombro.

Não vejo direito para onde estou indo, mas quando me dou conta, estou na rua da república que eu me inscrevi. Não era nada como viver em uma irmandade cheia de garotas, as quais eu teria que chamar de irmãs, mas eu estaria filiada às Tetas e moraria com outras duas meninas que fariam o mesmo: filiar e não ter completo contato.

Acontece que quando abro a porta, vários olhos curiosos me avaliam.

E a mala cai no chão. As roupas caem junto, espalhando-se pela entrada.

— Droga!

Tenho certeza que meu rosto queima. Milhares de palavrões passam pela minha cabeça agora.

Inclino-me para juntá-las. Quando vejo pés atrás de mim, escondo o que são algumas calcinhas debaixo de um moletom gigante.

— Precisa de ajuda aí?

A voz é masculina. Estamos tendo visitas, por acaso?

— Mm, não, eu estou bem.

— O sotaque dela é forte. — ouço uma voz ainda mais grossa, diretamente do sofá. — De onde você é, bonitinha?

Coloco a última peça na mala novamente e me viro. Finalmente, meu olhos tomam conta de quem havia me oferecido ajuda. O cara é alto, bem mais alto que eu. Os cabelos são castanhos, olhos escuros e altura consideravelmente enorme, assim dizer.

— Tem certeza que não precisa de ajuda? — repete, dessa vez, ao ver que estou encarando-o firme. Parece risonho ao sugerir isso. — Acho que o zíper quebrou na queda.

— É, bem, a mala estava muito antiga mesmo. — balanço a cabeça para o senhor músculos na minha frente. Desvio o olhar dele, antes que eu soe como uma completa idiota para o que parece ser uma visita bem grande.

Lembro-me da pergunta do garoto no sofá e o respondo:

— Sou inglesa. — acrescento, depressa. — Interior de Birmingham, precisamente.

Rise and PrideOnde histórias criam vida. Descubra agora