09. Lealdade dos Hughes.

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"Se um dia eu me apaixonar, será por você
É você, é sempre você
Conheci muitas pessoas, mas ninguém é como você
Então, por favor, não quebre meu coração
Não me faça despedaçar
Eu sei como isso começa, confie em mim, eu já me machuquei antes"
Its you

Luther

Não sei porque a sigo, exatamente. Mesmo assim, sou um cara instintivo o suficiente para seguir a primeira coisa que vem à minha cabeça.

Astrid parte como uma bala. Quase não consigo acompanhá-la, até que ela se vira completamente e os nossos corpos quase colidem. Minha respiração é a única coisa que eu faço agora, porque estou estático, mas Astrid? Está furiosa. Eu também estou, mas não sei como demonstrar isso.

— Quer dar a porra da última palavra, Luther? — A veia da sua testa está saltando. — Vá em frente, inferno. Eu preciso ir trabalhar.

Então, ela ergue a sobrancelha e no mesmo segundo, não sei o que dizer. O que é bem diferente de não ter o que dizer porque, atualmente, parece que preciso falar muito. Meu maxilar endurece, mas nada sai da minha boca.

O silêncio a guia até o carro que está usando. Seus olhos se encontram com os meus uma última vez antes de sumir das minhas vistas.

Porra.

Considero voltar ao treino porque não posso me dar o luxo de perder algumas horas de exercícios e jogos. Contudo, não estarei no jogo da estreia de Tompton e o time precisa descobrir como vão se sair sem mim. Seja a nova formação, meu substituto e as novas estratégias. Além disso, minha volta traria perguntas desconfortáveis à tona, junto com a raiva que estou tentando afastar.

Astrid mexeu com a coisa mais importante para mim e o que corre nas minhas veias é puro ódio. O mais hilário da situação é que não posso me permitir ficar surpreso e decepcionado. Eu fiz isso acontecer. Penso por um segundo se os caras estão certos e Astrid deu o melhor que podia dar no ringue.

Então o sorriso dela para Caden aparece na minha mente e eu quero explodir de novo.

Sem aulas, caminho para o único lugar que posso e quero agora.

Ando bastante para atravessar o Campus antes de chegar ao estúdio grande e gracioso de balé e dança clássica. O cheiro do lugar é literalmente de bebê. Mesmo o cheiro de suor das dançarinas — que sangram seus dedos na ponta dos pés por horas — não é terrível.

Me acostumei a ver Maya se esforçar para ter tudo o que ela sempre quis. Para ela, o céu era o limite e o inferno era o contrário. Era tudo sobre ganhar ou perder e ela não admitia a segunda opção. Adoro vê-la dominar um palco e exalar poder com o seu jeito magnífico de se apresentar, mas temo que seu esforço exagerado e dedicação podem levá-la pra baixo. Maya nunca soube como lidar com decepções das maneiras corretas e eu não sei se posso aguentar vê-la se desestabilizar da pior maneira possível. Cada episódio se passa na minha cabeça por um segundo e estremeço até a espinha.

Algumas garotas estão no chão, outras indo ao vestiário, uma ou outra ensaiando mais alguns minutos e conversando. Maya é aquela que executa a terceira opção.

Não preciso chamá-la uma vez que seus olhos chegam a mim pelo reflexo do espelho. Seus grande olhos verdes, herdados da família da minha mãe, olham para mim com a mesma mistura confortável de sempre.

Superioridade. Orgulho. Felicidade mínima. Estresse. Amor.

Coisas que definem muito o jeito que Maya me aborda e vê as pessoas.

Ela tem realmente olhos lindos, olhos estes que me encantaram quando vi pela primeira vez, mas que também me lembram do meu irmão mais velho que são idênticos.

Rise and PrideOnde histórias criam vida. Descubra agora