"A vida era um salgueiro e ele se curvou ao seu vento
Cabeça no travesseiro, consigo sentir você entrando
Como se você fosse uma criatura mítica
Como se você fosse um troféu ou um anel de campeão
E tinha um prêmio que eu trapacearia para ganhar"
— Willow (Taylor Swift)Luther Hughes
O sol quente de meio-dia aquece o topo da minha cabeça, protegida pelo boné da cor azul escuro. Boston pode ter estações muito definidas, mas tende a ter um clima instável na metade de novembro, quando os dias podem ser quentes o suficiente para derreter a neve da noite anterior.
O meu telefone vibra dentro do bolso, interrompendo a música da playlist de corrida. Aproveito o momento para sentar na praça e tirar o celular de dentro do shorts.
Não é quem eu queria que fosse. E no entanto, qualquer pessoa seria melhor a essa altura.
— Oi, mãe.
— Se tem um telefone, Luther, eu espero que você o atenda. — a voz firme de Safira Hughes passa pelos meus ouvidos como uma nota musical. — Tenho ligado para você.
— Sou um homem ocupado.
— Pouco me interessa. — suspiro. — Como tem estado?
— Bem, no geral.
— Como assim, "no geral"?
Minha mãe odeia frases que podem ser usadas para duplo sentido, ainda que ela o faça bastante. Gosta que sejamos muito claros, para não gerar uma segunda interpretação.
— Minhas notas permanecem boas e eu continuo sendo bom pra caralho no hóquei. — resumo, os olhos presos no cenário familiar que eu vejo no parquinho. Desvio o olhar. — Isso é estar bem, no geral.
— Ah, ótimo, fico orgulhosa disso. — dá uma pausa. Quero ir nos seus jogos, Luther, não se esqueça de me avisar quando os mais importantes chegarem. Ir e vir da Espanha não é tão fácil quanto parece.
O tom dela é específico. Minha mãe é uma mulher esperta e jamais diz algo sem aquela intenção muito bem poosicionada. Normalmente é carregado de críticas, mas me acostumei com o jeito dela.
— Não me culpe por não buscar contato, dona Safira. A senhora mora há horas e horas de distância e sempre está ocupada, sem contar que mascara sua ausência com dinheiro e mais dinheiro. Não sou muito de convidar pessoas para me ver jogar, então eu...
— Não me enquadro em "pessoas", Luther, eu sou a sua mãe. — fato esse que eu me esqueço às vezes. — Seu estilo de vida caro não é mantido com uma jornada de trabalho de só cinco horas. Sem contar que o filho da puta do seu pai não contribui com nada, senão para com a esposa atual e a vagabunda da filha.
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Rise and Pride
Romance"Passos de formiga" nunca foi uma expressão cabível para Astrid Hayes. Com poucas escolhas na vida, traçava seu próprio caminho e não permitia que ninguém se tornasse um obstáculo. Com uma língua afiada, habilidades manuais e uma fúria incontrolável...