04. Conversa furada.

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Astrid

"Isto é como ser uma destruidora de corações. Garotos, eles gostam de um pouco de perigo. O faremos se apaixonar por uma estranha, uma jogadora, cantando eu a-a-a-amo você."
— Heartbreaker

A madeira da escada torna-se a minha pior inimiga. Cara, o esquema estava feito: eu chegaria em casa, tão rapidamente que eu conseguiria me trancar dentro do quarto antes que Maya ou pior, Sydney, me interrompesse. Eu deveria saber a essa altura que nenhum plano que eu faça vai para frente.

— Ah, não. — não preciso me virar para saber quem está logo abaixo, mas o faço mesmo assim. — Você está indo nessa festa, Hayes.

— Jones, pensei que já havíamos passado da era do ensino médio. Eu realmente preciso descansar.

— Garota, você vai me agradecer por isso. — então, ela está do meu lado. Não me convenço fácil com essa ideia. — Ei, escute. Você está no segundo período da faculdade. Aposto que não saía muito na Inglaterra.

Como não respondo nada, ela sorri imenso.

— Nenhum universitário fica dentro da casa quando tem a chance de sair, especialmente em época de aulas. — argumenta. — Então, prepare-se.

Ficamos nos olhando pelo o que eu contei, 30 segundos. Eu, decidindo se empurrá-la do oitavo degrau me faria ser presa e ela, com o seu sorriso de criança, sabendo que já havia ganhado aquela briga.

Quando deixei Birmingham, prometi a mim mesma que a garota do interior morreria. Bem, pelo menos um pouco. Minha rotina era bem diferente do que a da cidade, então eu teria que me acostumar nesse aspecto também. O caso é que eu não estava exatamente incluindo uma vida social. Na verdade, não me vejo como aquelas garotas de livro de romance jovem, onde a mocinha é antissocial e, por um acaso, sua simplicidade — que é exagerada e evidente —, atrai algum cara gostoso por aí. Eu só detesto locais muito cheios e não tenho uma certa experiência positiva no que se diz respeito a festas. Poderia contar em uma mão a quantidade que eu fui.

Sem contar as que envolviam pula-pula e algodão doce em massa. Eu ainda adoro festas assim, para ser sincera.

Decido que, se é para sair, que seja do meu jeito. Tomo um banho devagar, mas não o suficiente para me trancar no banheiro até que Sydney e Maya desistam da minha existência. As roupas que eu coloco definem um estilo que, pelo senso comum — ou pelo senso crítico de moda de Maya — seria um desastre, mas gosto de como fico confortável nelas. Coloco a minha meia calça, depois a saia e, enfim, o moletom preto que eu o passo por dentro da saia, para manter o estilo.

— Vamos, Hayes, não temos o dia todo! — a voz de Maya me desperta. — Tô entrando, ok? E... Nossa!

Viro-me para a porta. Minhas duas colegas de quarto estão, de sua maneira, assustadas. Maya me olha sem querer esconder que parece ofendida comigo vestida assim. Sydney, por outro lado, quer rir, mas segura com os seus lábios apertados.

— Você... Tá brincando, certo?

— O quê? — questiono, exasperada. Esperava algum tipo de reação negativa, mas não essa. — É vintage.

— Vintage do camelô não é vintage, é roupa de vó. — diz, os olhos arregalados. — E as sobrancelhas?

— Gosto delas assim. — meu tom de voz não abre para discussões, mas vejo que Maya está louca para argumentar contra. — Ou vamos agora ou ficarei feliz em tirar a roupa e ir dormir.

Nenhuma delas diz mais nada. Maya está linda de vermelho e a maquiagem carregada que realça seus olhos azuis. Sydney, por outro lado, tem um estilo hip-hop incrível. Ela usa uma calça desportiva preta e um cropped alaranjado, que combina com a touca que cobre suas tranças. Eu sou obcecada pela beleza delas e o jeito que conseguem domar o lugar. Isso facilmente me faz pensar que eu sou a tal Duff de um trio.

Rise and PrideOnde histórias criam vida. Descubra agora