06. Juizes do orgulho.

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"Você tem o diabo em seus olhos. Você chegou e me pegou de surpresa, fale o que você quiser, eu não vou voltar. Se você quer pegar a estrada, então vamos lá. Apenas vamos embora, ver o mundo e o mostrar pros outros o que realmente significa viver uma vida de ouro."
— Devil Eyes

Astrid Hayes

É uma coisa louca estar no meu lugar no momento. Quando queremos algo tão forte, sentindo tão intensamente, não sabemos como reagir ao finalmente conseguir. Dizem que a excitação vai embora, porque o desejo de ter o que você não pode se apaga no momento em que consegue.

Não é essa a experiência que estou sentindo.

Uma pista de gelo de Hóquei é mais do que incrível. Ao meu redor, bancadas me engolem assim como as conversas paralelas e as bandeiras para o seu respectivo time, ainda que seja só um amistoso universitário.

Estou absorvendo tanta, mas tanta coisa ao mesmo tempo. É uma adrenalina louca demais para ser verdade.

Em cima dos patins, vou até o treinador Cavil, de Tompton, assim como o treinador Jason Williams, da Harvard. Sinto-me pequena ao lado dos dois, porque os meus 1,57 não são nada perto dos 1,85 dos dois e da maioria dos jogadores de Hóquei. Mesmo assim, eu fui a pessoa que passou na prova com a melhor nota para apitar esse jogo. Lembro o quão surpresa fiquei quando vi a sala com vinte pessoas e, de todas, eu era uma das duas mulheres. Jessie, a outra, chegou a comentar que apitar o jogo para esses ambos times rivais significaria uma boa popularidade e ficar conhecido entre os jogadores.

Imagino que isso funcionaria melhor para os caras. Eu não dou a mínima para nenhum deles, com exceção de Luther Hughes que, depois de hoje, sentirá o gosto do próprio remédio.

— Garota, volte para a arquibancada, você vai acabar se machucando aqui. — Cavil olha para os meus pés. — Por que está usando patins?

Dou-lhe o meu melhor sorriso.

— Passei na prova para apitar o jogo de hoje, serei a juíza. — ergo a mão para ele, enquanto sinto o olhar de confusão de Williams sobre mim. — Astrid Hayes, muito prazer.

Ele a aperta, depois de uns segundos. Aperto a mão do outro treinador.

— Pensei que enviariam alguém profissional.

— Eu também, mas vi o anúncio esses dias na frente da universidade. Parece que é costume fazer alguma prova entre os estudantes interessados de ambas as universidades, assim eles não precisam se preocupar em pagar ninguém.

Sei pelas suas expressões que eles notaram meu sotaque inglês do interior, mas nenhum me questiona se sei bem onde estou me metendo. A verdade é que eu não sei exatamente, mas conheço de hóquei o suficiente para fazer a justiça necessária no jogo. É óbvio que serei imparcial até o fim , mas algo me diz que Luther e os amigos dele não gostarão nada de me ver em cima dos patins. Caden com certeza ficará chocado, mas não completamente surpreso.

— Bem, boa sorte, Astrid. — balanço com a cabeça imediatamente e Cavil solta uma risada. — Consegue respirar? Você parece nervosa.

— Sim, claro.

Cada um dos treinadores vai pra um lado do ginásio, onde seus jogadores sairão do seu próprio vestiário.

Quando começa o hino nacional, faço o sinal da cruz sob o meu peito e puxo o ar.

O locutor está dizendo alguma coisa quando eu o ouço chamar os juízes da partida. Estou com as faixas em cada lado do braço, além do uniforme e a proteção no campo. Solto o ar pela boca quando patino na pista de gelo, ao lado de outros dois linesmens, estes que ficarão um em cada lado da pista na parte exterior para observar as faltas e me aconselhar.

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