"Passos de formiga" nunca foi uma expressão cabível para Astrid Hayes. Com poucas escolhas na vida, traçava seu próprio caminho e não permitia que ninguém se tornasse um obstáculo. Com uma língua afiada, habilidades manuais e uma fúria incontrolável...
aviso: esse capítulo pode conter gatilhos. sinta-se livre para pular. aviso número 2: esse capítulo também foi escrito com o intuito de causar sensação de sufoco e agonia, a partir do segundo POV.
"Então um dia, ele a encontrou chorando Encolhida no chão sujo O príncipe dela finalmente veio para salvá-la E o resto você consegue imaginar Mas era um truque e o relógio bateu meia-noite Bem, certifique-se de construir a sua casa de tijolo em entediante tijolo Ou o lobo vai soprá-la abaixo" — Brick by boring brick.
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ASTRID
— Está aqui. — inclino-me para frente. O taxista não se dá ao trabalho de me olhar de volta. — Fique com o troco.
O dia hoje voltou a ser frio o bastante para que eu ande agasalhada. Para ser sincera, ainda que eu não seja lá uma mulher sociável, não sou muito fã do frio. Com o clima instável e caótico da Inglaterra, passei a apreciar as poucas horas de sol quente sob a minha cabeça. Em Boston, os dias ensolarados e as noites quentes são mais frequentes, especialmente porque aqui, no verão, o calor é bem forte. Infelizmente, cheguei na América quando estávamos prestes a entrar no inverno, mas estou ansiosa por um pouco de suor. Quero visitar as praias e, quem sabe, trazer a minha avó para cá. Eu traria o meu avô também, mas conheço Elizabeth o suficiente para saber que ela odiaria a ideia.
Sou cuidadosa ao fechar a porta do carro. A alça da minha bolsa aperta o meu ombro direito com o peso dos livros, porém, sou rápida em abrir a porta da minha casa. Ao retirar a chave da fechadura, o telefone dentro do meu bolso vibra. Meio desajeitada, deixo as coisas em cima do balcão.
— Bom dia, dona Eliza.
"Já disse para me chamar de Liz quantas vezes, garota?"
— Não consigo tratar a minha avó como uma colega de trabalho.
"Mas deveria. Sou muito uma avó jovem e moderna, tirando a coluna torta."
Apoio a caixa fechada de waffles caramelizados em cima da mesa. A sala está organizada, o que para Sydney e Maya é bastante difícil. Também está muito quieta, então não sei se elas estão por perto. Sento-me no banquinho, mordiscando as unhas enquanto imagino o que a minha avó está fazendo atrás do telefone. Provavelmente tricotando algum cachecol novo para o marido que finge detestar.
— A senhora vai fazer uma chamada de vídeo comigo? Quero cozinhar no Dia de Ação de Graças. Logicamente, apenas a parte que dá para ser vegetariana. O restante que encomende um peru ou algo do tipo, eles se viram.
"É claro, quero ensinar a esses americanos de cidade grande o que é cozinhar como um Hayes. Sem contar que, se fizer direitinho, poderá fisgar aquele milionário. O seu avô se apaixonou pelo meu risoto de camarão e nunca mais parou de correr atrás de mim."
