Lauren - Point of View
Desci as escadas deixando Camila em meu quarto, cheguei na sala e não tinha ninguém, fui em direção a cozinha e todos estavam ali, minha mãe estava terminando de arrumar a mesa, meu pai estava sentado falando alguma coisa com a minha irmã.
— Mãe - ela me olhou enquanto pegava talheres no armário - já posso descer com a Camila pra jantar?
— Claro meu amor - deu um sorriso - eu já ia chamar vocês, estava só terminando de arrumar a mesa.
Assenti e voltei subindo as escadas, parei de frente à porta do meu quarto, pensei em toda a tarde que tivemos, nos filmes que assistimos, nas músicas que cantamos, espero que ela tenha se distraído do ocorrido de ontem, aquele babaca, só de lembrar nas palavras dele e no que ele planejava fazer com ela, balanço minha cabeça tentando espantar as lembranças, respiro fundo e abro a porta, olho diretamente pra cama mas ela não está lá, olho pra janela e a vejo de costas olhando pra baixo, estava na ponta dos pés.
— Pensando em fugir? - falei me aproximando e vejo ela se virar com a mão no peito e os olhos arregalados - desculpa o susto...
— Meu Deus do céu - falou ofegante - eu quase que caia lá embaixo agora - ela disse olhando novamente pra baixo na janela - não ia escapar nem a minha alma Lauren - comecei a rir do desespero dela - e eu não estava pensando em fugir...
— Sua boca diz uma coisa, mas seu olhar me diz outra - falei rindo e ela mordeu ambos os lábios formando uma linha fina com eles, o que me fez rir mais ainda - vamos descer, o jantar já está pronto, e depois eu vou te deixar em casa.
— Claro - ela passou por mim e eu acompanhei com o olhar - senhora leio seus olhos...
Comecei a rir e ouvi ela rindo também, logo fui atrás dela e descemos a escada indo em direção a cozinha, indiquei a cadeira que ela iria sentar e ela sentou, sentei ao seu lado, minha irmã estava na minha frente, meu pai ao lado de Camila na ponta da mesa e minha mãe estava à frente dela.
— Fique a vontade Camila - meu pai falou indicando os alimentos na mesa - não faça cerimônia, a Laur já falou que você come bem... - ele falou piscando pra ela e Camila me olhou com um olhar mortal e eu rapidamente mudei minha visão para o prato a minha frente.
— Mãe, tem verdura - minha irmã falou - a senhora sabe que eu não gosto - fez biquinho.
— Não gosta mas vai comer - minha mãe falou e olhou minha irmã afastando as verduras para o canto do prato, minha mãe com a colher dela puxou tudo de volta e misturou na comida o que me fez rir - se não comer as verduras não vai comer sobremesa...
Foi a palavra mágica pra minha irmã comer as verduras, mesmo fazendo careta ao mastigar, o que um doce não faz, todos nós servimos e comemos em silêncio, alguns minutos depois estávamos esperando a minha mãe trazer a sobremesa, Camila estava ao meu lado ainda tomando o suco que ela deixou pra tomar depois do jantar.
— Então, Camila né? - meu pai perguntou e ela confirmou com a cabeça - a quanto tempo você namora minha filha? - vi Camila arregalar os olhos ainda com o copo na boca - digo, vocês passaram a tarde toda no quarto, creio que sei o que se faz em um quarto sozinha com a namorada... - na mesma hora vi Camila cuspir todo o suco que estava em sua boca no rosto do meu pai.
— MEU DEUS - ela falou nervosa - me desculpa senhor Michael - ela pegou o guardanapo e começou a passar no rosto do meu pai em desespero, meu pai estava com os olhos arregalados, minha irmã e minha mãe estavam rindo descontroladamente, eu estava com as duas mãos na boca - eu...eu, foi sem querer, o senhor falou e eu, o que, meu Deus, eu sou um desastre...
— Calma - meu pai falou sorrindo e pegando o guardanapo da mão de Camila - quem nunca cuspiu na cara do sogro que atire a primeira pedra - então vi Camila fazer a mesma coisa que ela fez quando jantei na casa dela, ela baixou a cabeça e encostou a testa na mesa e ficou resmungando sozinha.
— Pai - falei o encarando - da pra o senhor parar com essas coisas?
— O que foi que eu fiz? - ele falou inocente e minha mãe negou com a cabeça, minha irmã só fazia rir e comer a sobremesa que minha mãe deu primeiro a ela.
— Mike - minha mãe falou e meu pai olhou em sua direção - elas não namoram... - ele arregalou os olhos - pelo menos não ainda.
— Mãe, não está ajudando - falei arregalando os olhos e sorrindo amarelo - Camila, a sobremesa - falei tocando em seu ombro e minha mãe estendeu o prato com a sobremesa na direção dela quando ela ergueu a cabeça.
— Me desculpa criança - meu pai falou passando a mão na cabeça dela - mas sobre o quarto - ela parou com a colher de sobremesa no meio do caminho e eu fuzilei o meu pai com os olhos - o que? - ele me olhou e ergueu as mãos em rendição - eu ia falar que vocês estavam assistindo filme, antes dela cuspir suco em mim, vocês tem a mente tão suja - ele falou negando com a cabeça.
— Sonso - minha mãe resmungou e olhei pra Camila e ela estava mais vermelha que o vinho que meu pai estava tomando - vamos terminar logo de comer que eu quero lavar logo essa louça pra poder dormir.
Comemos a sobremesa em silêncio, estou começando a achar que jantar não é uma boa coisa para fazermos, quando jantei na casa dela ouve todo aquele alvoroço, agora na minha casa foi pior ainda, será isso um sinal? Terminamos de comer e eu avisei a minha mãe que estava indo deixar Camila em casa, todos se despediram dela e fomos até minha moto, entreguei o capacete a ela, subimos e fomos caladas até sua casa, na verdade ela não tinha falado mais desde o jantar, minutos depois estacionei em frente a sua casa e fui deixá-la até a porta.
— Lauren - ouvi ela me chamar em um tom baixo - me desculpa por hoje, eu cuspi no seu pai, eu pensei que ele fosse falar outra coisa e eu fiquei em choque - ela mexia as mãos e eu observava ela falar - afinal não foi só eu que pensei besteira não é? Ou foi só eu? Meu Deus, seus pais vão pensar que eu sou uma pervertida, eu sabia que eu ia passar vexame, bem que eu cogitei pular a jane... - ela parou de falar quando me viu erguer as sobrancelhas e sorriu amarelo - ops.
— Eu sabia que você estava querendo fugir mocinha - falei semicerrando os olhos e ela ajeitou o óculos com vergonha - olha, quanto ao jantar, não se preocupe - segurei seu pulso e sorri - ninguém vai pensar besteira de você não, meu pai só é brincalhão mesmo - pisquei em sua direção e ela arregalou os olhos.
— Bom, de qualquer forma - ela estava nervosa o que a deixava mais fofa ainda - muito obrigada por tudo hoje, filme, jantar, Danone - ela deu um sorriso enorme - e por vir me deixar em casa, devo entrar que já está tarde, antes que a dona Sinu acione a polícia.
Ela se aproximou rápido de mim e me deu um beijo na bochecha, eu iria retribuir mas ela entrou quase correndo dentro de casa e tropeçando no tapete da entrada, ouvi ela resmungar "ain meu dedinho, que droga" comecei a rir e fui em direção a minha moto, o dia hoje não poderia ter sido mais perfeito.
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Enitensída
RomanceEnitensída (adj.) - Termo utilizado para designar pessoas que não precisam de muito tempo pra se apaixonar, nem tem medo de sentir demais. Camila está no segundo ano do ensino médio, ela se considera uma pessoa que se apaixona fácil, embora até ago...