DUNKIRK

Capítulo 29

HARRY

Depois que almocei, fiz oque nos ordenaram. Nosso pelotão ficou reunido no pátio do observatório.

"Devem estar se perguntando porquê reuni apenas vocês aqui. Bom, como todos sabem, estamos nos escondendo aqui em Dover por enquanto. Estamos a um passo de chegarmos em casa. Mas para isso, precisamos acabar com os nazistas que estão em New Romney." O general diz e todos nós nos entreolhamos.

"Não quero arriscar mais soldados, então prefiro que apenas os melhores vão, caso precisem de reforços eu mando outros pelotões." Ele diz como se nossas vidas não fossem nada. Não consigo deixar de pensa nela.

"E quando partiremos senhor?" Edward pergunta. "Vamos precisar ficar mais um tempo aqui. Daqui uma semana e dois dias." Ele diz. Concordamos com a cabeça. "Até lá, quero vocês treinando o máximo que conseguirem. E não contem para literalmente ninguém. No momento não devemos confiar em mais ninguém!" Ele diz rígido.

"Sim senhor." Dizemos em uníssono. "Estão dispensados." Ele diz. Batemos contingência e saímos.

Decido ir até o quarto dela. Não sei se vou voltar de New Romney vivo, então apenas quero passar mais um tempo com ela. Nosso treinamento logo logo vai começar e eu não vou poder vê-la.

Chego na pensão e logo vou até sua porta. Dou batidas leves. Talvez ela esteja dormindo. Dou mais algumas batidas. Nada. Decido olhar o refeitório.

Desço até o mesmo e vejo que se encontra vazio.

Começo a ficar inquieto. Por que não posso simplesmente achar que ela está passeando pela cidade? A primeira coisa que vem na minha cabeça é a imagem dela na cama com outro homem. Ela não voltaria com essa idéia. Voltaria?

Respiro fundo e saio da pensão. As nuvens no céu começam a ficar pesadas e escuras. O vento forte começa a bater em meu rosto. Escuto de longe vários trovões. Vou olhando superficialmente em cada bar que encontro. A maioria está fechado por ser horário de almoço.

Decido ir até a praça central, talvez encontre ela lá. Dou passos rápidos e compridos. Sinto uma coisa ruim em meu peito. Por que estou assim?

Passo por um beco e o que vejo é devastador.

A tal Melissa e ela estão sentadas no chão. Melissa acaricia seus cabelos claros enquanto ela chora. A droga destruiu completamente toda a essência dessa mulher.

Ando rápido até a garota e me agacho ficando a sua frente. Seguro seus ombros e faço ela olhar pra mim. No segundo em que nossos olhos se encontram, eu sinto uma pontada de dor no meu peito.

Seus olhos estão escuros, suas pupilas completamente dilatadas e tudo isso entre lágrimas de dor. "O que aconteceu?" Sussurro segurando seu rosto com as mãos. "Tire ela daqui." Melissa diz ao meu lado. "O que você fez com ela!?" Pergunto. "Apenas fiz o que ela me pediu durante a vida toda." Melissa diz sem forças.

Um raio forte passa pelo céu e como se fosse uma deixa, a chuva forte começa a cair.

Olho para Melissa. Percebo que seu corpo começa a tremer. Seus olhos começam a se fechar bem lentamente. Ela está tendo uma overdose. "Preciso te levar para a enfermagem!" Falo alto para Melissa me ouvir. "Não! Apenas tire ela daqui." Ela manda.

Olho para a garota, não consigo levar as duas. A chuva só piora tudo. Vejo Melissa se aproximando dela e então ela diz algo que ficou marcado em minha mente para sempre..

"Perdão por só ter te contado toda a verdade agora Merlia." Melissa diz bem fraco e então fecha seus olhos.

Seu corpo cai sem força e sem vida no chão. Meus pensamentos se chocam uns com os outros.

Seguro a.. garota em meus braços e então corro com ela em direção a pensão. Se algum general ou homem de poder ver ela nesse estado, acabou pra ela.

A chuva bate em nossos corpos nos molhando com força. Seu corpo pequeno e frágil apenas treme em meus braços. Chego na pensão o mais rápido que consigo e vou em direção aos quartos

Abro a porta do meu quarto do jeito que consigo e entro com ela em meus braços. Deito ela na cama com cuidado. Seu nome roda em meus pensamentos várias e várias vezes.

"Merlia." Falo baixo e acaricio seu rosto. Ela apenas olha pra mim com uma expressão morta. Me sento ao seu lado. Não sei oque a Melissa disse para deixar ela desse jeito. Ela continua parada. Apenas lágrimas pesadas saem dos seus olhos. Seco cada uma delas. Ver ela nessa situação, está acabando comigo.

Me aproximo de seu rosto. "Lia." Falo bem baixo. Percebo que minha voz sai trêmula. Nossos olhos estão vidrados uns nos outros. Acaricio um lado de seu rosto com o polegar. "Preciso de você." Falo oque acabei de perceber. Encosto meus lábios na pele fria de sua testa, depositando um leve beijo ali.

A única coisa que ouvimos é o seu choro e a chuva caindo no lado de fora.

"Harry." Ela fala bem baixo. Ouvir sua voz nunca foi tão tranquilizador pra mim. A abraço com força e ela faz o mesmo.

Fico sentado na cama ao seu lado a abraçando. Vou ficar assim o tempo que ela precisar. Vou sempre estar aqui, para protegê-la. Eu prometo para mim mesmo.

Tem um olho na minha lágrima